Notícias
A ameaça de que a inadimplência no mercado de crédito imobiliário norte-americano, principal pivô da atual crise instalada no sistema financeiro internacional, respingue em outros setores da economia já preocupa as empresas exportadoras brasileiras, que ampliam a procura por seguros à exportação.
Os Estados Unidos são o maior destino das vendas externas nacionais.
Altos executivos de empresas especializadas em seguro de crédito à exportação revelaram ao DCI que, em função das incertezas, a procura por maior proteção contra eventuais calotes nas vendas externas aumentou em ritmo superior, inclusive, ao desempenho da própria balança comercial, que engloba o saldo do total exportado e importado pelo País.
Prova disso é que, com apenas oito meses no mercado de seguros de crédito interno e externo no País, a espanhola Crédito y Caución (CyC) admite que analisa 250 propostas de apólices, que poderão render um crescimento de mais de 30% à seguradora para o início de 2009.
Segundo o diretor presidente da seguradora, Jesús Angel Victorio Cano, o foco deste crescimento serão as pequenas empresas. "Chegamos no Brasil com vocação de liderança, estamos abrindo o produto para empresas que não o utilizam por falta de conhecimento. Estamos focando a divulgação do produto para pequenas e médias, além da nossa capacidade de atender às grandes", revela Cano.
Desde julho do ano passado, a CyC fechou 23 apólices de garantia ao exportador. Os contratos representam um capital segurado de cerca de US$ 80 milhões. O faturamento da empresa é de R$ 1,5 milhão em prêmios pagos sobre as apólices.
Marcelo Franco, presidente da Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação - SBCE indica o movimento que ficou caracterizado pela crise. "A procura por seguros de crédito à exportação começa a surgir, normalmente, em mercados pontuais, isolados, onde as empresas procuram proteger suas carteiras. Com a crise instalada, e espraiada no sistema financeiro, no principal mercado consumidor, já surgem sinais de empresas com grau de inadimplência nos EUA, apontando para um risco maior para as exportações", afirma Franco.
Jesús Cano, diretor presidente da CyC, confirma que a procura pelos seguros aumenta em situação de crise. "Grandes empresas exportadoras de mármore do Espírito Santo, Rio de Janeiro, de Pernambuco e São Paulo, por exemplo, que vendem mais para os Estados Unidos estão de olhos mais abertos, porque a situação ali é muito complicada, então elas procuram uma ferramenta que possa protegê-las", complementa Cano.
Como a crise tem origem na falta de pagamento do setor imobiliário, o vice-presidente da Associação Exportadora Brasileira - AEB vê como natural o aumento da opção por seguros sobre as vendas aos EUA. "[Em perspectiva de crise, claramente gerada por um alto índice de inadimplência, a proteção da exportação via seguro de crédito é uma boa oportunidade, também porque é mais barata que a carta de crédito outra modalidade de garantia]", avalia Castro.
Empresas que antes assumiam o risco de exportar para os EUA por conta do amplo mercado agora estão mais atentas, diz Marcelo Franco, da SBCE, líder de mercado no Brasil, com 49% de participação no segmento de seguro exportação.
"O real apreciado e a crise deixaram o exportador mais cauteloso, muitas empresas revisaram seu planejamento de vendas ao exterior. Mas aquelas já comprometidas, com clientes históricos, que até então assumiam parte desse risco, obviamente estão procurando um porto seguro”.
Franco acrescenta que uma demanda maior pelo seguro pode abrir novos precedentes no setor, substituindo outras garantias. "O instrumento de seguro de crédito à exportação é mais barato que a carta de crédito, por exemplo, que é mais tradicional e tem disponibilidade mais ampla. Mas o seguro ainda passa por uma seletividade e avaliação de risco bastante criteriosas", destaca o presidente da SBCE.
As empresas desse segmento também apostam em maior divulgação e expansão consistente de suas operações em 2008, apesar de representarem apenas 3,7% das garantias aplicadas sobre o total de US$ 160 bilhões exportados, de acordo com números do ano passado.
Além da SBCE e da CyC, outras três companhia oferecem o seguro de crédito à exportação. A SBCE cresceu 15% no ano passado, com faturamento de R$ 30 milhões. Para este ano, o objetivo é repetir a dose e saltar para um faturamento de R$ 34,5 milhões. "Acompanhamos a diversificação das exportações brasileiras e temos uma base sólida de clientes de médio e grande porte de vários setores. Nossa meta é renovar as apólices atuais e conquistar novos segurados neste ", projeta Marcelo Franco. A seguradora responde por um volume de apólices de crédito à exportação entre US$ 2,5 bilhões e US$ 3 bilhões.
O executivo está otimista com o processo de mudança no quadro acionário da empresa, composto pela francesa Coface, Banco do Brasil, Bradesco, Unibanco, BNDES e SulAméria Seguros. "A Coface está próxima de fechar negócio e assumir o controle majoritário da SBCE. Será uma união de forças muito favorável, que eu vejo com muita expectativa", analisa o executivo.
Fonte: Diário do Comércio e Indústria
Notícias em destaque





