Notícias
Os primeiros indicadores de desempenho de bens de capital em março reforçaram as expectativas de bancos e consultorias de um investimento forte no primeiro trimestre do ano. No conjunto, eles apontam para uma alta no consumo aparente de máquinas e equipamentos de 25% em relação aos primeiros três meses de 2007.
De janeiro a março, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou R$ 5,3 bilhões através da Finame, sua agência de fomento industrial, para financiar máquinas e equipamentos ao setor privado. O número é recorde e representa alta de 38% em relação a igual período do ano passado. Março liderou esses desembolsos, com R$ 2 bilhões, ou 25% a mais que o mesmo mês de 2007. A previsão da Abimaq é de um aumento de 20% da produção de bens de capital no primeiro trimestre, período em que as importações subiram 60%.
O presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, disse que os números do BNDES confirmam o forte aquecimento do setor, cujo nível de utilização da capacidade instalada nas fábricas já atinge 86%, apesar da agressiva concorrência externa. "O que tem mantido as encomendas são os investimentos pesados e de longo prazo", diz ele, com destaque para petróleo e gás, cimento e mineração, siderurgia e papel e celulose. A Abimaq espera uma alta no faturamento do setor, em 2008, entre 10% e 12%. Esse resultado embute uma leve desaceleração por perdas na exportação e pode levar o setor a um déficit comercial de US$ 10 bilhões em 2008 - em 2007 foram US$ 4 bilhões.
As importações de bens de capital vão continuar acelerando, segundo as perspectivas da LCA Consultores, que projeta um crescimento da formação bruta de capital fixo (FBCF) entre 18% a 19% no primeiro trimestre, ante 16% no último trimestre do ano passado. Bráulio Borges, economista-chefe da LCA, avalia que mesmo com uma alta no juro básico e com a crise americana, o investimento vai crescer entre 13% e 13,4% este ano.
Borges destaca os projetos de infra-estrutura em curso, não apenas do governo, mas do setor privado, nos setores de energia, transporte e comunicação. "Este será o melhor ano de investimentos de infra-estrutura no Brasil desde 1975. Por mais que o Banco Central eleve os juros, o investimento em infra-estrutura é pouco suscetível a oscilações de curto prazo", avalia.
Marcos Felipe Casarin, economista do Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ, desenha um quadro menos otimista. Ele espera uma aceleração do investimento no primeiro trimestre (alta de 17% ante o quarto trimestre de 2007) e uma desaceleração gradual a partir do segundo trimestre. Os números do BNDES confirmam sua projeção, diz. Casarin observa que a predominância de verbas do Finame para a compra de caminhões (R$ 2,1 bilhões dos R$ 5,2 bilhões liberados até março) não ajuda a elevar a capacidade instalada. Mesmo assim, considera os números vigorosos.
Sílvio Sales, coordenador de indústria do IBGE, lembra que a produção de bens de capital não cresce de maneira homogênea. Do último trimestre de 2007 para o primeiro bimestre de 2008, a produção de máquinas recuou de 24% para 19,2%, a seu ver uma taxa ainda elevada. Dos seis subsetores, só dois ganharam fôlego nesta base de comparação: máquinas para agricultura e transporte (caminhões, ônibus, ferrovias e aviões).
Fonte: Valor Econômico / Celulose Online
Notícias em destaque





