Dados recentemente divulgados pelo USDA Foreign Agricultural Service dos EUA indicam que as exportações de madeira serrada de carvalho vermelho (red oak) à União Européia (UE) passaram por um incremento, no ano 2007, em volume superior a 77%, com relação ao ano anterior; um crescimento que dobra o de qualquer outra espécie.

Exportações de folhosas estadunidenses à UE, 2007.

Naturalmente, os dados estatísticos só são realmente válidos dentro de um contexto, e a realidade é que as exportações de madeira serrada de carvalho vermelho à Europa somente representaram 4% do volume total de madeira serrada de folhosas enviada à UE no ano passado, ou seja, 26.828 m3 de um volume total de 646.774 m3. Tal valor é maior se considerarmos o 6% do volume total de madeira de carvalho vermelho exportado a todo o mundo. Não obstante, considerando a deterioração da situação econômica na Europa e o impacto negativo que tal deterioração exerce sobre os mercados de folhosas, o que ocorreu com o carvalho vermelho é certamente muito positivo.

E é positivo em dois sentidos. Em primeiro lugar, o carvalho vermelho enfrenta o difícil desafio de levar a cabo o que David Venables, Diretor europeu da American Hardwood Export Council (AHEC), chama de “marketing inverso”. Utiliza este termo para fazer referência ao fato de que o recurso florestal que se promove não pode ser modificado para adaptá-lo ao mercado, já que os recursos de folhosas norte-americanas são um ativo fixo. Portanto, ao invés disso, se deve tentar moldar o mercado a fim de que ele se adapte ao recurso disponível. “Estamos tratando com um material natural e sustentável, sobre o qual não temos um grande controle em termos de produção e design. Não podemos modificar nosso produto de maneira significativa, a não ser, quem sabe, jogando com tintas e listras”, explica Venables.

Em segundo lugar, a proporção das espécies disponíveis nos bosques de folhosas dos EUA não é uniforme, a não ser que o carvalho vermelho represente até um terço da superfície florestal pelo que, qualquer aumento da demanda por essa espécie implicaria um uso mais responsável do recurso. Venables afirma que “…se bem contamos com aproximadamente 22 espécies que oferecer ao mercado, o que supõe uma ampla gama para escolher, esta mistura de espécies não está equilibrada, não apenas quanto às quantidades disponíveis, se não também com relação à demanda do mercado. Um claro exemplo dessa situação é a pressão pela qual está passando a nogueira preta (black walnut) estadunidense que atualmente atende a uma demanda muito forte, supondo tão só aproximadamente um 1% do recurso florestal de folhosas em crescimento”.

Um exame detalhado das estatísticas de exportação nos aproxima mais ao crescimento da demanda experimentado pelo carvalho vermelho na Europa durante o ano de 2007. De fato, no ano passado a demanda de madeira serrada de carvalho vermelho distanciou-se muito de apresentar uma distribuição uniforme nos principais mercados europeus, e inclusive pôde observar-se uma redução da mesma em um ou dois casos. Contudo, essa redução se viu mais que compensada pelo aumento das exportações à Espanha, Itália, Grécia e Portugal, entre muitos outros países. De fato, no ano passado as importações espanholas de madeira serrada de carvalho vermelho aumentaram de 1.111 m3 a 5.998 m3, enquanto que, para as italianas, o aumento foi de 3.165 m3 a 8.782 m3. Na Grécia, o incremento se situou em aproximadamente 80% de 1.830 m3 até 3.289 m3 e, em Portugal, de 219 m3 no ano de 2006 até 1.527 m3 durante o ano passado. Também se observaram incrementos das exportações a Alemanha, Países Baixos, Dinamarca, Chipre e França.

Em termos gerais, as exportações de madeira serrada de carvalho vermelho à União Européia no ano passado se situaram num nível que não se alcançava desde o ano de 2001. Se esse crescimento continuar durante o ano de 2008, poderíamos afirmar que nos encontramos diante do início de uma nova tendência na Europa.

Fonte: Consultboard