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Notícias
05
mar
2008
(DESMATAMENTO)
Sem-terra devastam área de 150 mil hectares no Pará
A omissão do poder público nas decisões que envolvem as invasões de terra em Tailândia (a 218 km de Belém) permitiu que os sem-terra devastassem cerca de 150 mil hectares em 18 acampamentos abertos em áreas de floresta nativa, segundo estimativa do Sindicato dos Trabalhadores Rurais local. Cada hectare corresponde a 10 mil metros quadrados.
Algumas áreas foram tomadas por invasores há 19 anos e até hoje não há uma decisão sobre os pedidos de desapropriação. Sem fiscalização, as glebas foram desmatadas, e a madeira, vendida a intermediários.
Em vários acampamentos, os sem-terra, que não têm acesso aos créditos oficiais concedidos aos assentados, ergueram pequenas carvoarias para aumentar a renda.
"O governo não faz a reforma agrária, e o pessoal não consegue financiamento. A demora fomenta o desmatamento", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tailândia, José Valdir Hoss.
No mais antigo acampamento do município, o Pindorama, 48 famílias dividem uma área de 3.453 hectares, a 24 quilômetros da cidade. Em 19 anos, a floresta que existia no local se transformou em terra arrasada.
Troncos calcinados e tocos de árvores cortadas estão por toda a parte. Há também pequenas plantações de mandioca, milho, arroz e feijão, além de gado. Na ausência do poder público, os sem-terra implantaram no local a sua própria política de reforma agrária.
No "centro" do acampamento, há casas, bares, uma associação e uma escola municipal. Parte da vila tem energia elétrica. A maioria dos trabalhadores que hoje moram no local comprou as glebas de colonos que se tornaram grileiros.
Poucos são os remanescentes da invasão de 1989. Um deles é José Campelo da Silva, 61. Ele tomou a área quando ainda não havia ao menos uma estrada de acesso à região.
Silva cercou cem hectares e, em dez anos, transformou quase tudo em pasto. Só oito hectares são usados para a lavoura. "Na época, não sabia de Ibama nem de lei sobre floresta. Ninguém dizia quanto podia cortar nem que era proibido", disse.
"Quando a gente soube, já estava derrubado, não tinha mais jeito", disse o agricultor. "A lei sempre chega depois do acontecido", afirmou. "E o pior é que agora eu sinto a falta da sombra de árvore, da natureza”.
Desde fevereiro, Tailândia é alvo de uma fiscalização nas madeireiras e carvoarias, suspeitas de envolvimento na extração e venda de madeira ilegal. Ontem, as forças federais que atuam na operação Arco de Fogo destruíram mais 107 fornos de carvão encontrados em sete fazendas do município.
A Folha tentou entrevistar o superintendente do Incra no Pará, José Cristiano Martins Nunes, mas foi informada que ele estava em viagem e não poderia falar na segunda-feira (3). A reportagem tentou contato também com as assessorias da imprensa do órgão em Belém e em Brasília, mas não foi atendida.
Algumas áreas foram tomadas por invasores há 19 anos e até hoje não há uma decisão sobre os pedidos de desapropriação. Sem fiscalização, as glebas foram desmatadas, e a madeira, vendida a intermediários.
Em vários acampamentos, os sem-terra, que não têm acesso aos créditos oficiais concedidos aos assentados, ergueram pequenas carvoarias para aumentar a renda.
"O governo não faz a reforma agrária, e o pessoal não consegue financiamento. A demora fomenta o desmatamento", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tailândia, José Valdir Hoss.
No mais antigo acampamento do município, o Pindorama, 48 famílias dividem uma área de 3.453 hectares, a 24 quilômetros da cidade. Em 19 anos, a floresta que existia no local se transformou em terra arrasada.
Troncos calcinados e tocos de árvores cortadas estão por toda a parte. Há também pequenas plantações de mandioca, milho, arroz e feijão, além de gado. Na ausência do poder público, os sem-terra implantaram no local a sua própria política de reforma agrária.
No "centro" do acampamento, há casas, bares, uma associação e uma escola municipal. Parte da vila tem energia elétrica. A maioria dos trabalhadores que hoje moram no local comprou as glebas de colonos que se tornaram grileiros.
Poucos são os remanescentes da invasão de 1989. Um deles é José Campelo da Silva, 61. Ele tomou a área quando ainda não havia ao menos uma estrada de acesso à região.
Silva cercou cem hectares e, em dez anos, transformou quase tudo em pasto. Só oito hectares são usados para a lavoura. "Na época, não sabia de Ibama nem de lei sobre floresta. Ninguém dizia quanto podia cortar nem que era proibido", disse.
"Quando a gente soube, já estava derrubado, não tinha mais jeito", disse o agricultor. "A lei sempre chega depois do acontecido", afirmou. "E o pior é que agora eu sinto a falta da sombra de árvore, da natureza”.
Desde fevereiro, Tailândia é alvo de uma fiscalização nas madeireiras e carvoarias, suspeitas de envolvimento na extração e venda de madeira ilegal. Ontem, as forças federais que atuam na operação Arco de Fogo destruíram mais 107 fornos de carvão encontrados em sete fazendas do município.
A Folha tentou entrevistar o superintendente do Incra no Pará, José Cristiano Martins Nunes, mas foi informada que ele estava em viagem e não poderia falar na segunda-feira (3). A reportagem tentou contato também com as assessorias da imprensa do órgão em Belém e em Brasília, mas não foi atendida.
Fonte: Folha Online
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