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Notícias

31
dez
2007
(CARBONO)
Mercado de Carbono: Uma retrospectiva de 2007
Com previsões de alcançar a marca de 70 bilhões de dólares movimentados em 2007, o mercado de carbono ferveu neste ano, em uma amostra do que devem ser os próximos quatro anos, quando estarão valendo os compromissos do Protocolo de Kyoto. Comparado com 2006, o número representa um crescimento de mais de 200% em uma curva íngreme desde 2005. No ano passado, o mercado de carbono movimentou 30 bilhões de dólares, um volume três vezes maior que no ano anterior.

A valorização das negociações de emissões é devida em parte a um volume maior de transações no mercado europeu (EU ETS) e, em parte, devido à expansão do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) e da sua gama de projetos. Os dados integram o relatório anual da Associação Internacional de comércio de emissões (IETA) durante a Conferencia do Clima em Bali.

No ano passado, a EU-ETS movimentou um volume de 1 bilhão de toneladas de carbono. Desse total, 523 milhões de toneladas foram de créditos gerados em projetos de MDL. Participam deste mercado cerca de 12 mil indústrias da União Européia (UE) que tem um uso intenso de energia (geração energética, ferro e aço, vidro, cimento, cerâmica e tijolo) e que, juntas, representam cerca de 40% do total de emissões de CO2 da EU.

Hoje já existem diversas bolsas de carbono no mundo, muitas criadas neste ano como a da China e do Catar e alguns países seguem anunciando a criação em breve, como a Índia. Em fevereiro, o governo chinês e a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciaram a criação da bolsa de carbono chinesa, que irá integrar os Estados Unidos e a Europa como centros para o multibilionário mercado global de créditos de carbono. Inicialmente, a bolsa terá a duração de três anos e custo estimado de 1,7 milhões de dólares, o qual será em parte financiado pela Arcelor Mittal, maior produtora de aço do mundo.

O parlamento indiano também negocia a criação da Multi-Commodities Exchange para realizar a venda de créditos de carbono no país. A permissão para negociar os créditos poderá levar ao estabelecimento de uma plataforma para a compra e venda de reduções de emissões certificadas (CERS).

O Banco Doha, de Catar, anunciou em agosto que planeja abrir a primeira bolsa de créditos de carbono do Golfo Pérsico em 2009. O Banco irá investir 27 milhões de dólares na bolsa eletrônica Qatari e já gastou até agora sete milhões no projeto do Parque de Negócios Energy City, que está sendo construído para atrair empresas internacionais de petróleo e gás para a região.

O anúncio veio logo após a Bolsa do Clima de Chicago (CCX) divulgar que ofereceria para negociação as reduções de emissões certificadas (CERS), que são os créditos de carbono referentes a projetos dentro das regras do Protocolo de Kyoto.

Em junho, foi a Ecosecurities quem assinou um memorando de cooperação com o Dubai Multi-Commodities, um projeto de centro de negócios nos Emirados Árabes, para ajudar a transformar a capital em um centro regional de comércios de emissões de carbono. A consultoria, especializada em mercado de carbono, abriu um escritório em Dubai em abril e tem auxiliado a Qatar Petroleum (QP) no registro de um projeto do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).

No Brasil, a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) é quem trilha no caminho de negociações de créditos de carbono, através de leilões mundiais no mercado à vista. O primeiro foi realizado recentemente, em setembro, quando foram oferecidas 800 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2), gerados no aterro de lixo Bandeirantes, que pertence à Prefeitura de São Paulo.

Mercado Voluntário

O mercado voluntário também recebeu boas notícias neste ano. Empresas que temiam investir em projetos de mitigação de gases do efeito estufa no mercado voluntário de carbono receberam uma garantia a mais da qualidade com a criação do Voluntary Carbon Standard (VCS), lançado oficialmente em novembro.

O VCS é um padrão de referência para projetos voluntários de redução ou remoção de emissões de gases do efeito estufa nos moldes do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. Segundo os criadores, os créditos gerados terão consistência e serão confiáveis, uma vez que os projetos por detrás deles terão padrões mínimos de qualidade.

A expectativa é que o VCS leve a um boom de investimentos em projetos de neutralização que resultarão em reduções reais de emissões de GEE. Analistas de mercado estimam que as transações anuais do mercado voluntário de carbono podem alcançar os quatro bilhões de dólares nos próximos cinco anos e que o VCS – já popular entre os compradores – será um instrumento fundamental para o crescimento.

Para alguns especialistas, o futuro do mercado voluntário vai depender do que ocorrer no período pós 2012. “Se as regras do pós-Kyoto forem decididas logo, provavelmente os volumes do mercado voluntário serão menores”, afirma a diretora de projetos sustentáveis da Caísse de Depot, Claire Boasson. “O mercado voluntário, no entanto, não acabará, pois o de compliance não abrangerá todos os setores da sociedade. Sempre haverá indivíduos e empresas querendo compensar suas emissões voluntariamente, avalia Shelagh Whitley, representante da divisão comercial da Camco.

Notícias de fraudes nos créditos de carbono, divulgadas em novembro pela WWF, levantaram suspeitas sobre a eficiência do mecanismo para a redução de gases do efeito estufa. Segundo a ONG, um de cada cinco créditos para emissão de carbono fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) dará apoio a projetos de energia limpa que podem, na verdade, aumentar a produção de gases do efeito estufa.

O relatório da WWF diz que as CERs estão sendo concedidos para projetos que teriam sido implantados de toda forma e que não contariam com o incentivo adicional resultante da aprovação deles pela ONU. Assim, os projetos carentes da chamada "adicionalidade" contribuem para aumentar a produção dos gases responsáveis pelo aquecimento ao fornecer às empresas justificativas ilegítimas para continuarem a poluir.

Fonte: Carbono Brasil

ITTO Sindimadeira_rs