Voltar

Notícias

24
dez
2007
(INDÚSTRIA)
Mercado interno deve garantir crescimento em 2008
Para Vicente Donini, da Marisol, há indicativos de que o varejo não deve perder o ânimo em todo o primeiro trimestre de 2008 nas encomendas para a indústria. Ele diz que além do cenário atual, de melhora do consumo, contribui para essa perspectiva as boas vendas no inverno de 2007. A Marisol encerrará 2007 com o menor estoque da sua história, não só pelas encomendas atuais, como pela implantação do sistema de produção enxuta, que prevê redução de estoques. No mesmo período do ano anterior, para efeito de comparação, ele cita que o estoque era o dobro do registrado neste ano.

A catarinense Brandili, que produz roupas infantis voltadas principalmente para as classes de renda B e C, foi beneficiada pela conjuntura econômica brasileira, e também por uma campanha de marketing mais agressiva, acredita o gerente-comercial da empresa, Germano Costa. O executivo está otimista com a demanda prevista para 2008. Em seu plano de negócios, a empresa continuará utilizando mais produção terceirizada junto às facções para garantir as entregas sem a necessidade de investir em ampliação de fábrica. Segundo ele, há boas perspectiva para a próxima coleção, já voltada para a temporada outono/inverno. Neste ano, a Brandili encerra as atividades sem estoque. No ano passado, a situação era diferente: o estoque no fim do ano acumulava aproximadamente 200 mil peças.

A Bibi, de Parobé (RS), especializada em calçados infantis, prevê para o Natal deste ano no varejo vendas pelo menos 10% maiores que as de 2006, com reflexos positivos em 2008. O presidente da empresa, Marlin Kohlrausch, estima produzir 3,5 milhões de pares no ano que vem, ante no máximo 3,3 milhões em 2007, dos quais 1 milhão serão exportados. O faturamento deve crescer na mesma proporção, cerca de 6%, para R$ 120 milhões. O quadro de funcionários permanece estável desde 2006, na faixa de 1,5 mil pessoas.

Também com um quadro estável de 300 funcionários, a gaúcha West Coast, deve fechar 2007 com produção de 1,7 milhões de pares, dos quais 410 mil só nos meses de outubro e novembro. No ano passado o volume total ficou em 1,5 milhões de pares e no período o faturamento deve evoluir de R$ 117 milhões para R$ 137 milhões. Cerca de 30% dos volumes produzidos pela empresa são exportados.

O otimismo dos calçadistas só é ofuscado pelo câmbio, que reduz os volumes exportados e começa a aumentar a concorrência no mercado interno com a entrada de produtos importados da China. Conforme a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), as exportações devem recuar de US$ 2,05 bilhões para US$ 1,95 bilhão entre 2007 e 2008, enquanto as importações totais devem crescer de US$ 223 milhões para US$ 335 milhões. Com isso, a estimativa é que a produção nacional se reduza de 764 milhões de pares neste ano para 733 milhões em 2008. Em 2006 o volume havia sido de 796 milhões de pares.

Janeiro costuma ser mês de liquidação de móveis, mas o diretor administrativo e industrial da paranaense Moval, uma das maiores fabricantes de itens para quarto do país, Ivan Oliveira, prevê que em 2008 será diferente. Segundo ele, os fabricantes foram avisados de que as chapas de madeira terão aumento de cerca de 12% no início do ano. O impacto no produto final está estimado em 7%. Por isso, em vez de descontos, o que se prevê é aumento nos preços.

Mesmo assim, Oliveira espera vender em janeiro pelo menos 6% a mais do que em igual mês de 2007. Ele contou que as entregas para o Natal estão esgotadas e os pedidos para o próximo mês já estão sendo feitos. Na Moval não haverá férias coletivas e a empresa chegou a contratar temporária e trabalhar com horas extras para atender as encomendas. Em 2007 a Moval, que fica em Arapongas, sede de um pólo moveleiro formado por mais de 500 indústrias, irá fabricar 2,4 milhões de móveis para quarto, sendo 80% para o mercado interno e 20% para exportação. O volume é 20% maior que em 2006.

O natural declínio nas vendas em janeiro ajudará a mineira Vilma Alimentos a regular os estoques depois de um dezembro com vendas 12% acima do mesmo período do ano passado. Para atender a demanda acima do esperado, foi preciso acelerar a produção na fábrica de Contagem. A Vilma vai fechar 2007 com um faturamento de R$ 355 milhões, 11% maior que o registrado em 2006.

Na área de eletroeletrônicos, o setor de distribuição de energia elétrica é o único que encerra 2007 em ritmo mais lento, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Ainda assim, o crescimento no ano em relação a 2006 é de 18%. Humberto Barbato, presidente da entidade, observa que, a desaceleração deve-se à redução dos investimentos do governo no programa Luz para Todos. "As empresas de energia também não querem fechar o ano com estoques de produtos", afirma. "As demais áreas devem fechar ano em ritmo normal, repetindo o desempenho dos meses anteriores", completa.

Neste ano, as indústrias do setor atingiram 95% de sua capacidade instalada, 7 pontos percentuais acima do registrado em dezembro de 2006. Entre os setores com maior índice de crescimento estão o de equipamentos industriais (16%), material de instalação (13%) e automação industrial (11%). O setor como um todo cresceu 8% no ano.

Para 2008, a Abinee prevê expansão de 9% na indústria eletroeletrônica, para um faturamento de R$ 123 bilhões. A estimativa leva em consideração uma projeção de expansão da economia de 4% e a continuidade do crescimento da renda e do emprego, com inflação controlada. Conforme a entidade, os maiores índices de crescimento ocorrerão nos setores de automação industrial (14%), material de instalação (13%), informática (12%), equipamentos industriais e utilidades domésticas (10%).

O Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam) não tem previsão fechada para o próximo ano, mas, dada a expansão da atividade industrial no Estado, prevê manutenção no ritmo de crescimento nas áreas de eletroeletrônicos e motocicletas. "Os televisores de LCD e plasma e o set top box (conversor de sinal para televisão analógica) tendem a sofrer uma redução nos preços e, com isso, as vendas deverão aumentar nas diferentes regiões do país no próximo ano." (Colaboraram Marli Lima, de Curitiba, e Ivana Moreira, de Belo Horizonte).

Fonte: Valor Econômico

ITTO Sindimadeira_rs