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Notícias
12
dez
2007
(PAPEL E CELULOSE)
Estudo desvenda relação do solo e eucalipto
A Votorantim Celulose e Papel (VCP) fez um levantamento inédito na Região Sul com pesquisadores do Departamento de Solos da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Cerca de 15 mil hectares das fazendas adquiridas pela empresa foram analisados no mais abrangente e detalhado estudo sobre levantamento e classificação de solos. Até o final do ano pretende-se finalizar o mapeamento de outros 25 mil hectares.
O levantamento de capacidade de uso das terras dos municípios (Arroio Grande, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Herval, Hulha Negra, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Santana da Boa Vista) da Zona Sul é feito por três professores da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem) da UFPel, dois bolsistas, um laboratorista e dois profissionais da área de pesquisa da VCP. Com a análise será possível identificar quais os solos favoráveis para a silvicultura e as áreas que devem ser preservadas.
O levantamento inicia com o estudo do solo em si, a caracterização de acordo com uma escala, depois avança para fatores complementares como clima, umidade e relevo. “A Votorantim já preserva algumas áreas. Umas por determinação da legislação, mas outras devido ao bom senso. Plantar árvores ou qualquer outra cultura, é complicado, envolve uma série de estudos. Não se pode simplesmente jogar a semente no local. Temos que analisar o solo, o relevo, o clima e a vegetação da área”, ressaltou o engenheiro agrônomo Ruy José Costa da Silveira.
A VCP pretende concluir o primeiro ciclo de plantio em 2011. Nesse período espera-se que os 110 mil hectares autorizados para o cultivo do eucalipto estejam mapeados. “A pesquisa dos professores é inédita na região. Nunca foi feito um levantamento semidetalhado em diversas fazendas. Esse estudo poderá determinar as características dos solos encontrados nas cidades em que atua a VCP e orientar o próximo ciclo”, informou o engenheiro florestal da VCP, Juliano Zanella.
52% das terras são para culturas perenes
Foram detectadas várias classes nos solos das 34 fazendas analisadas e destes, 52% não estariam adequados ao cultivo anual, sendo propícios aos cultivos perenes, como silvicultura, pastagens e fruticultura. “Na região não temos a classe 1, que seria a ideal para qualquer cultivo. A maior parte dos solos estudados pode ser enquadrada na classe 3, com 29% dos hectares. São terras cultiváveis com problemas complexos de conservação, sujeitas à erosão”, disse Ruy José Costa da Silveira.
Antes de iniciar a pesquisa de campo são demarcados os pontos de acordo com fotografias aéreas das propriedades. No laboratório as imagens são sobrepostas, sendo possível ver em três dimensões os relevos e os declives, característicos das terras da Metade Sul. “O mais comum na região é o solo raso, com afloramento de rochas e/ou fragmentos de pedras. Antes de vir para o campo fazemos a marcação dos prováveis locais para coleta. Muitas vezes uma afloração não representa o terreno, as diferentes classes podem ser encontradas uma ao lado da outra. Para identificar fazemos a separação das camadas, as descrições morfológicas, a coleta do material dos horizontes e a análise química e física. No resultado apresentamos um histórico daquele solo e a perspectiva de uso”, explicou o doutorando em Agronomia/Solos, Carlos Soares Severo.
Bioma Pampa
Bioma é conceituado como um conjunto de vida, vegetal e animal, formado pelo agrupamento de tipos de vegetação identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Bioma Pampa é um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície, sendo restrito ao Rio Grande do Sul onde ocupa 63% do território estadual. Pinheiro Machado, por exemplo, possui 70% de seu território enquadrado nesta definição.
Alguns especialistas alegam que a origem do bioma pampa em parte deve-se à ação do homem no ambiente, tanto pela prática da pecuária quanto pelas queimadas.
Pelo bem-estar
Com esse estudo de levantamento de solos a VCP poderá reforçar a postura ecológica. Atualmente para cada hectare plantado a empresa de celulose preserva outro e apenas 43% das fazendas adquiridas são plantadas. “Este estudo extrapola o levantamento de pesquisa. Ainda é recente mas a tendência é expandir. A VCP proporcionou levar os alunos da pós-graduação para visitas de campo e treinar profissionais. Outras análises são feitas a partir da classificação do solo, resultando em teses de mestrado, doutorado e artigos. É a base para outros pesquisadores”, disse o engenheiro agrônomo Ruy José Costa da Silveira.
Impacto ambiental em foco
O impacto ambiental da silvicultura é igual a outras culturas e esse levantamento será utilizado para determinar quais áreas podem servir ao plantio de eucalipto, quais devem ser preservadas e outras dirigidas às demais culturas. Enquanto a VCP adquirir propriedades será feito o estudo. “É um processo qualitativo. Além disso, a UFPel não assume um posicionamento quanto ao plantio, são dados técnicos que orientarão as atividades da VCP e são abertos para todos os interessados por serem objeto de estudo de variadas teses”, destacou o engenheiro florestal da VCP, Juliano Zanella.
A exploração do Bioma Pampa com a intervenção de grandes áreas de eucalipto é sempre questionado pelos ambientalistas pela hipótese de transformar esses espaços em desertos. De acordo com Ruy José Costa da Silveira, esse argumento de que o eucalipto seca o solo seria infundado e deveria ser questionado de como ele sobreviveria sem água. “Em áreas com solo com formações rochosas o sistema radicular de uma árvore de grande porte abre caminhos para a água pluvial penetrar. Então as florestas beneficiam essa terra. Um cultivo anual pode retirar mais água num determinado espaço de tempo. É preciso ter uma visão mais abrangente das relações físicas e químicas”, disse. Em uma região semi-árida isso pode acontecer devido ao fato de não existir precipitação suficiente, inclusive isso fará com que a árvore morra.
Ao entrar em uma propriedade pode-se perceber a inclinação do campo. Em muitos locais onde ainda existe a vegetação nativa, não seria viável desmatar e plantar eucalipto devido ao declive. Essas áreas são mantidas. “Nossa região tem essa característica de declives e espaços de drenagens que devem ser respeitados. Mas é preciso lembrar que em alguns pontos o Bioma Pampa existe por causa da intervenção do gado ou do homem. Muitas fazendas após dois anos são arrendadas, pode-se colocar bovinos, ovinos ou outros cultivos entre as fileiras de eucalipto”, destacou Silveira.
Classificação do solo quanto à capacidade
O levantamento de solos utiliza uma escala de oito tipos possíveis de classificação. Essa caracterização leva em consideração a maior ou menor complexidade das práticas de conservação para controlar a erosão e mantê-lo produtivo.
Classe 1 - Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação (não verificado na região);
Classe 2 - Terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos, práticas que visam a recuperação das condições de produtividade das terras e racionalização do uso do solo;
Classe 3 - Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou manutenção de melhoramentos que normalmente atuam diretamente no controle da erosão devido ao aumento promovido no enraizamento e na cobertura do solo;
Classe 4 - Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou manutenção de melhoramentos;
Classe 5 - Terras adaptadas em geral para pastagens e, em alguns casos, para reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação, são cultiváveis apenas em casos muito especiais;
Classe 6 - Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação. São cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo;
Classe 7 - Terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação;
Classe 8 - Terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação, ou para fins de armazenamento de água.
O levantamento de capacidade de uso das terras dos municípios (Arroio Grande, Candiota, Canguçu, Capão do Leão, Herval, Hulha Negra, Jaguarão, Morro Redondo, Pedro Osório, Pelotas, Pinheiro Machado, Piratini, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Santana da Boa Vista) da Zona Sul é feito por três professores da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (Faem) da UFPel, dois bolsistas, um laboratorista e dois profissionais da área de pesquisa da VCP. Com a análise será possível identificar quais os solos favoráveis para a silvicultura e as áreas que devem ser preservadas.
O levantamento inicia com o estudo do solo em si, a caracterização de acordo com uma escala, depois avança para fatores complementares como clima, umidade e relevo. “A Votorantim já preserva algumas áreas. Umas por determinação da legislação, mas outras devido ao bom senso. Plantar árvores ou qualquer outra cultura, é complicado, envolve uma série de estudos. Não se pode simplesmente jogar a semente no local. Temos que analisar o solo, o relevo, o clima e a vegetação da área”, ressaltou o engenheiro agrônomo Ruy José Costa da Silveira.
A VCP pretende concluir o primeiro ciclo de plantio em 2011. Nesse período espera-se que os 110 mil hectares autorizados para o cultivo do eucalipto estejam mapeados. “A pesquisa dos professores é inédita na região. Nunca foi feito um levantamento semidetalhado em diversas fazendas. Esse estudo poderá determinar as características dos solos encontrados nas cidades em que atua a VCP e orientar o próximo ciclo”, informou o engenheiro florestal da VCP, Juliano Zanella.
52% das terras são para culturas perenes
Foram detectadas várias classes nos solos das 34 fazendas analisadas e destes, 52% não estariam adequados ao cultivo anual, sendo propícios aos cultivos perenes, como silvicultura, pastagens e fruticultura. “Na região não temos a classe 1, que seria a ideal para qualquer cultivo. A maior parte dos solos estudados pode ser enquadrada na classe 3, com 29% dos hectares. São terras cultiváveis com problemas complexos de conservação, sujeitas à erosão”, disse Ruy José Costa da Silveira.
Antes de iniciar a pesquisa de campo são demarcados os pontos de acordo com fotografias aéreas das propriedades. No laboratório as imagens são sobrepostas, sendo possível ver em três dimensões os relevos e os declives, característicos das terras da Metade Sul. “O mais comum na região é o solo raso, com afloramento de rochas e/ou fragmentos de pedras. Antes de vir para o campo fazemos a marcação dos prováveis locais para coleta. Muitas vezes uma afloração não representa o terreno, as diferentes classes podem ser encontradas uma ao lado da outra. Para identificar fazemos a separação das camadas, as descrições morfológicas, a coleta do material dos horizontes e a análise química e física. No resultado apresentamos um histórico daquele solo e a perspectiva de uso”, explicou o doutorando em Agronomia/Solos, Carlos Soares Severo.
Bioma Pampa
Bioma é conceituado como um conjunto de vida, vegetal e animal, formado pelo agrupamento de tipos de vegetação identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Bioma Pampa é um conjunto de vegetação de campo em relevo de planície, sendo restrito ao Rio Grande do Sul onde ocupa 63% do território estadual. Pinheiro Machado, por exemplo, possui 70% de seu território enquadrado nesta definição.
Alguns especialistas alegam que a origem do bioma pampa em parte deve-se à ação do homem no ambiente, tanto pela prática da pecuária quanto pelas queimadas.
Pelo bem-estar
Com esse estudo de levantamento de solos a VCP poderá reforçar a postura ecológica. Atualmente para cada hectare plantado a empresa de celulose preserva outro e apenas 43% das fazendas adquiridas são plantadas. “Este estudo extrapola o levantamento de pesquisa. Ainda é recente mas a tendência é expandir. A VCP proporcionou levar os alunos da pós-graduação para visitas de campo e treinar profissionais. Outras análises são feitas a partir da classificação do solo, resultando em teses de mestrado, doutorado e artigos. É a base para outros pesquisadores”, disse o engenheiro agrônomo Ruy José Costa da Silveira.
Impacto ambiental em foco
O impacto ambiental da silvicultura é igual a outras culturas e esse levantamento será utilizado para determinar quais áreas podem servir ao plantio de eucalipto, quais devem ser preservadas e outras dirigidas às demais culturas. Enquanto a VCP adquirir propriedades será feito o estudo. “É um processo qualitativo. Além disso, a UFPel não assume um posicionamento quanto ao plantio, são dados técnicos que orientarão as atividades da VCP e são abertos para todos os interessados por serem objeto de estudo de variadas teses”, destacou o engenheiro florestal da VCP, Juliano Zanella.
A exploração do Bioma Pampa com a intervenção de grandes áreas de eucalipto é sempre questionado pelos ambientalistas pela hipótese de transformar esses espaços em desertos. De acordo com Ruy José Costa da Silveira, esse argumento de que o eucalipto seca o solo seria infundado e deveria ser questionado de como ele sobreviveria sem água. “Em áreas com solo com formações rochosas o sistema radicular de uma árvore de grande porte abre caminhos para a água pluvial penetrar. Então as florestas beneficiam essa terra. Um cultivo anual pode retirar mais água num determinado espaço de tempo. É preciso ter uma visão mais abrangente das relações físicas e químicas”, disse. Em uma região semi-árida isso pode acontecer devido ao fato de não existir precipitação suficiente, inclusive isso fará com que a árvore morra.
Ao entrar em uma propriedade pode-se perceber a inclinação do campo. Em muitos locais onde ainda existe a vegetação nativa, não seria viável desmatar e plantar eucalipto devido ao declive. Essas áreas são mantidas. “Nossa região tem essa característica de declives e espaços de drenagens que devem ser respeitados. Mas é preciso lembrar que em alguns pontos o Bioma Pampa existe por causa da intervenção do gado ou do homem. Muitas fazendas após dois anos são arrendadas, pode-se colocar bovinos, ovinos ou outros cultivos entre as fileiras de eucalipto”, destacou Silveira.
Classificação do solo quanto à capacidade
O levantamento de solos utiliza uma escala de oito tipos possíveis de classificação. Essa caracterização leva em consideração a maior ou menor complexidade das práticas de conservação para controlar a erosão e mantê-lo produtivo.
Classe 1 - Terras cultiváveis, aparentemente sem problemas especiais de conservação (não verificado na região);
Classe 2 - Terras cultiváveis com problemas simples de conservação e/ou de manutenção de melhoramentos, práticas que visam a recuperação das condições de produtividade das terras e racionalização do uso do solo;
Classe 3 - Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou manutenção de melhoramentos que normalmente atuam diretamente no controle da erosão devido ao aumento promovido no enraizamento e na cobertura do solo;
Classe 4 - Terras cultiváveis com problemas complexos de conservação e/ou manutenção de melhoramentos;
Classe 5 - Terras adaptadas em geral para pastagens e, em alguns casos, para reflorestamento, sem necessidade de práticas especiais de conservação, são cultiváveis apenas em casos muito especiais;
Classe 6 - Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, com problemas simples de conservação. São cultiváveis apenas em casos especiais de algumas culturas permanentes protetoras do solo;
Classe 7 - Terras adaptadas em geral somente para pastagens ou reflorestamento, com problemas complexos de conservação;
Classe 8 - Terras impróprias para cultura, pastagem ou reflorestamento, podendo servir apenas como abrigo e proteção da fauna e flora silvestre, como ambiente para recreação, ou para fins de armazenamento de água.
Fonte: Diário Popular
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