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Notícias

18
jul
2007
(MANEJO)
Manejo para defender a floresta
O ex-governador Jorge Viana, presidente do Fórum de Desenvolvimento Sustentável do Acre, Jorge Viana, fez a palestrada de abertura do segundo dia da 1ª Conferência de Manejo Florestal, que está sendo realizada na Usina de Arte João Donato.

Viana e o atual secretário de Planejamento do Estado, Gilberto Siqueira, foram pioneiros na construção da parceria da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (Itto) com a Fundação de Tecnologia do Acre (Funtac) para estudo de viabilidade do manejo florestal no Estado, inicialmente, na Floresta Estadual do Antimary, na década de 1980, quando eram ainda apenas técnicos do Estado atuando na Funtac.

Segundo Viana, o atual diretor-executivo da Itto, Manoel Sobral, que atuou no projeto do Acre nos seus primeiros anos, foi e é um parceiro importante na consolidação das políticas públicas que resultaram na implantação do manejo florestal, comunitário e empresarial como uma das melhores alternativas econômicas de desenvolvimento do Acre nos últimos oito anos.

Viana disse que, com essa conferência, o Estado entra no cenário de grandes eventos internacionais na área do meio ambiente. Ele também destacou a importância de trocar experiências e de discutir alternativas para o desenvolvimento a partir da inclusão social.

"Trazer essa conferência para o Acre foi uma grande batalha que começou no ano passado e que teve no governador Binho Marques e no secretário Gilberto Siqueira (Planejamento) dois grandes incentivadores. O resultado é a coroação de uma parceria de mais de 20 anos com a Itto e que coloca o Acre no lugar de destaque que ele merece na questão do desenvolvimento sustentável", disse Viana.

O ex-governador destacou também o manejo e o desenvolvimento sustentável são hoje duas marcas importantes do governo do Acre e que resultam em um crescimento econômico equilibrado e eficiente.

"O manejo é uma maneira eficiente de defender a floresta, encontrando um uso sustentável e econômico de suas riquezas. É uma forma de usar a floresta com sabedoria, aproveitando o que ela tem de melhor sem destruí-la", disse Viana.

O ex-governador também falou sobre as referências do Acre na construção dessa política que vem sendo seguida pelo governo federal por meio do Ministério do Meio Ambiente por meio da gestão das florestas públicas implantada pela ministra Marina Silva, que prestigiou a abertura da conferência no domingo.

"Nisso, o Acre tem dado passos importantes na consolidação de uma política pública que garanta não só o crescimento econômico, mas o desenvolvimento social e essa conferência mostra um pouco dos resultados desse trabalho e que serve de referência para o país e para o mundo, mostrando que é possível ganhar dinheiro com a floresta, sem destruí-la", disse Viana.

A conferência tem como tema Empreendimentos Florestais Comunitários: temas e oportunidades globais, contando com a participação de representantes de comunidades de 40 países.

Estão presentes lideranças da África, Europa, Indonésia, Malásia, Índia, Américas do Sul e Central, membros ou não do Itto.

Participam da organização do evento, além do governo do Acre e o Itto, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetacre) e vários outros.

Durante toda a semana, estarão sendo discutidas questões do manejo de florestas e empreendimentos florestais comunitários.

O ministro do Meio Ambiente do Congo, Didace Pembe Bokiaga, está em Rio Branco participando do ciclo de debates e palestras. Segundo ele, o Congo está implantando um projeto piloto na área de manejo florestal na região noroeste desse país. O local abrange cerca de dois milhões de hectares.

"Trata-se de um projeto inicial, posteriormente vamos transpor essa ação para as demais regiões do Congo", destacou o ministro.

Binho e Marina abrem 1ª Conferência Internacional

O governador Binho Marques e a ministra Marina Silva abriram no domingo, à noite, na Usina de Arte João Donato, a 1a Conferência Internacional de Manejo Florestal Comunitário, uma realização da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (Itto).

O diretor-executivo da Itto, Manoel Sobral, deu as boas-vindas aos mais de 40 representantes de países onde há produção de madeira tropical, agradecendo ao esforço do governo do Acre em realizar o evento.

A cerimônia teve início com a narrativa da história do Acre pela atriz Carla Martins ao som dos hinos nacional e acreano pelo saxofonista Sandoval França.

O embaixador da Suíça no Brasil, Rudolf Baefuss, reafirmou o compromisso de seu país com o desenvolvimento comunitário mundial.

¨Florestas tropicais são muito importante para o meio ambiente e para as comunidades locais¨, disse.
A ministra Marina Silva lembrou antigas lutas para que eventos como uma conferência daquele porte pudesse fazer parte da agenda dos governos - e garantiu o seguimento do trabalho para ampliar as unidades de conservação no País.

"Conseguimos dobrar de cinco milhões de hectares para dez milhões de hectares as unidades de conservação e ficamos felizes de saber que 60% das florestas públicas estão nas mãos de comunitários¨, disse a ministra, anunciando a previsão de criação de mais trinta milhões de hectares de florestas públicas nos próximos dez anos.

De acordo com a Secretaria de Florestas, o manejo comunitário já representa 16% da produção bruta industrial no Estado. A Itto diz que as empresas envolvidas com essa atividade movimentam US$2,5 bilhões no mundo. No Brasil, 5,5 mil famílias estão envolvidas com o negócio.

Durante a abertura, o governador Binho Marques ressaltou a importância da conferência em todos os seus aspectos. As discussões, segundo ele, serão transformadas em experiências para as comunidades.

¨Este é um momento muito importante para a troca de experência entre os vários países que aqui estão¨, disse.
A Itto tem 59 membros, que representam cerca de 80% das florestas tropicais mundiais e 90% do comércio madeireiro tropical global. Sua sede é no Japão.

O Acre, na avaliação de Manoel Sobral, diretor-executivo do Itto, lidera a política mundial pelo uso inteligente da floresta. Um dos modelos de manejo comunitário que vem dando certo é o da Floresta Estadual do Antimary, que sintetiza a relação governo-empresa-comunidades no processo de exploração sustentável.

Itto: burocracia prejudica progresso

"O melhor controle sobre a madeira ilegal é quando a população ganha com a floresta. De outra forma, o controle será paliativo".

Com essa afirmação o diretor-executivo da Organização Internacional de Madeiras Tropicais (Itto), Manoel Sobral, confirma a tese acreana de que a preservação da Amazônia depende não apenas de políticas conservacionistas mas do uso sustentável sob todos os aspectos (sociais, ambientais, econômicas) das florestas.

A declaração foi feita durante o lançamento mundial de um novo estudo que mostra que os empreendimentos florestais comunitários já representam um negócio "invisível" de US$ 2,5 bilhões, em meio à 1ª Conferência Internacional de Manejo Florestal Comunitário, que está sendo realizado na Usina de Arte João Donato, em Rio Branco - e revela o pensamento que já é amplamente debatido sempre envolvendo a sustentabilidade.

Os empreendimentos comunitários, diz o estudo, são colocados em segundo plano no mercado florestal mundial, apesar da considerável receita. Empregando mais de 110 milhões de pessoas no mundo inteiro, esses empreendimentos florestais comunitários exploram madeira de modo sustentável, bem como coletam bambu, palha, fibras, castanhas, resinas, ervas medicinais, mel, madeira para carvão e outros produtos naturais.

"Ao mesmo tempo, eles estão tendo um impacto importante na conservação dos recursos naturais", diz o relatório divulgado na manhã desta segunda-feira.

Esse segmento, afirma Andy White, coordenador do estudo que resultou no relatório de Rio Branco, tem o potencial para tirar milhões de comunidades locais da pobreza. "Mas apenas se eles receberem os devidos direitos sobre as fontes de recursos florestais e forem ajudados com a remoção da burocracia que impede o progresso em quase todas as regiões tropicais do mundo", sustenta White.

Baerfuss: Floresta em pé vale mais

O embaixador da Suíça no Brasil, Rudolf Baerfuss, demonstrou ontem grande otimismo em relação aos debates sobre a preservação do meio ambiente no mundo, preocupação, segundo ele, prioritária do governo de seu país. Baerfuss participou da abertura do primeiro dia de debates da 1ª Conferência Internacional de Manejo Florestal Comunitário, realizada na Usina de Arte João Donato. Abaixo, principais trechos de uma entrevista do embaixador à assessoria de comunicação do governo do Acre.


Entrevista

Como a Suíça figura no contexto do comércio de madeira tropical e seu envolvimento com o manejo comunitário?
Baerfuss: A Suíça é um importador modesto mas temos muito interesse em projetos como esse. A Suíça é o segundo maior contribuinte da Organização Internacional de Madeiras Tropicais, promotora da conferência internacional de manejo florestal comunitário (Itto) e no Acre contribuímos com o Projeto Antimary (Floresta Estadual do Antimary). Consideramos que a Suiça fez uma grande contribuição porque o Antimary é um projeto importante porque conseguiu organizar as comunidades dentro de uma floresta pública.

E a questão do mercado? Como a Suíça se preocupa com a origem da madeira?
Baerfuss: O consumidor Suíço não compra outra madeira tropical a são ser a certificada. Essa postura torna-o um mercado-teste para outros países da Europa e do mundo. Mas nossa preocupação realmente não é o mercado e sim os problemas ambientais, as mudanças climáticas, a preservação da biodiversidade.Temos de usar a floresta de modo inteligente para reduzir a emissão de CO2 na atmosfera. Hoje, sabemos que 70% dessas emissões são provenientes das queimadas das florestas...

E onde se encaixa o manejo nesse contexto preservacionista?
Baerfuss: Temos de fazer com que a floresta em pé tenha mais valor que a floresta cortada, derrubada. O importante é aplicar o manejo aos produtos madeireiros e não madeireiros. A idéia é manejar tudo, árvores, plantas medicinais, frutas.

Ainda nesse contexto, como o senhor vê o Acre?
Baerfuss: O Acre está fazendo política florestal bem pensada e planejada, e pode ser exemplo para outros Estados e para o País para o que está acontecendo.

Qual a avaliação que o senhor faz desta conferência de âmbito internacional?
Baerfuss: O nível está bastante elevado, há muito apoio político. Gostei da fala da ministra Marina Silva na abertura. Enfim, há muito conhecimento técnico e científico. Aqui, estão reunidas as condições para que esta conferência seja um sucesso.

Fonte: A Tribuna

ITTO Sindimadeira_rs