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Notícias
14
mai
2007
(MATO GROSSO)
Madeireiros de MT disputam área no Pará
Madeireiros de Paragominas responsáveis pela devastação de florestas do leste do Pará estão disputando com rivais de Mato Grosso e Rio Grande do Sul uma extensa área do planalto santareno, região do rio Arapiuns e áreas federais do oeste paraense, onde 500 famílias de pequenos agricultores já foram expulsas nos últimos dois anos por pistoleiros e milícias armadas. As terras, em sua maioria, pertencem à União Federal e ao Estado do Pará, mas os grileiros, sojeiros e madeireiros agem como se fossem os verdadeiros proprietários.
Ousados, eles fecham estradas e constroem guaritas para impedir a entrada de fiscais e estranhos. É a política do vale tudo embrulhada no papel celofane do progresso e desenvolvimento econômico. Para poucos barões do campo, é claro.
A mata, depois de derrubada para extração de madeira, vira campo de soja. Em menos de três anos, 80 mil hectares de florestas deram lugar às plantações de soja, gerando uma produção superior a 4 milhões de sacas e faturamento de R$ 300 milhões. Esse valor equivale a duas vezes o orçamento do município de Santarém. O custo social desse progresso, porém, é indigesto para pequenas comunidades que há décadas sobrevivem da pesca e da roça no interior da floresta amazônica.
Quem resiste às pressões para deixar as terras acaba figurante de uma lista de marcados para morrer, como a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Maria Ivete Bastos. Temendo uma emboscada, ela anda pela região sempre acompanhada por um grupo de agricultores. A sindicalista denunciou por diversas vezes as ameaças que vem recebendo, mas a polícia local não tomou nenhuma providência. Os empresários da soja e madeireiros, por sua vez, consideram Ivete Bastos um entrave ao desenvolvimento econômico da região.
Lotes
“A impunidade é total, a floresta está sendo destruída, posseiros tradicionais são retirados à força, mas somente os movimentos sociais organizados e sindicatos de trabalhadores rurais têm coragem de denunciar o que está ocorrendo no oeste paraense”, afirma Eldenilson Monteiro, o Pipoca, integrante da Cáritas Brasileira, uma entidade com forte presença no meio rural paraense ao lado da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em março, as duas entidades promoverão um seminário em Belém para debater o problema.
Monteiro disse que uma imensa área da União, a Gleba Pacoval, de 240 mil hectares, onde foi implantado um assentamento do Incra hoje quase abandonado, foi toda loteada por empresários de soja e madeireiros. O caso virou um processo na Justiça Federal de Santarém ao qual responde o “rei da soja” na região, o matogrossense Clóvis Casagrande. O discurso dos empresários, resume Monteiro, criou a falsa ilusão da geração de emprego e renda no campo para uma mão de obra sem qualificação profissional.
Em dezembro de 2004, um seminário promovido em Belém pelo Museu Emílio Goeldi expôs as feridas do avanço desenfreado da soja sobre as florestas primárias e suas desastrosas conseqüências sobre as pequenas comunidades rurais. Estudiosos divulgaram um trabalho ao final do encontro onde se constata que poucos empresários cortam floresta primária para a plantação de soja; ao invés disso, eles compram terras já desmatadas dos pequenos agricultores ou terras públicas griladas do patrimônio público.
Pesadelo
Muitas vezes estes agricultores sem terra se movimentam para as áreas de fronteira na Amazônia e promovem desmatamento. Exemplo: em alguns locais a pecuária tradicional está dando lugar à soja e o gado é empurrado para novas áreas, que estão sendo desmatadas e intensamente exploradas por madeireiros. O fato é que muitos dos pequenos agricultores, que agora são ameaçados de expulsão das suas terras na Amazônia, por causa do avanço da soja, já foram previamente expulsos de estados como Paraná e Rio Grande do Sul pela mesma cultura. O Pará representava um sonho de vida nova. Virou pesadelo.
Em Santarém, os gaúchos já são maioria na aquisição de áreas para plantio de soja. A ironia é que agricultores também gaúchos são os primeiros a receber ordens de pistoleiros para saírem das terras para as quais foram levados nos anos 70 pelo governo federal. Eles acreditaram no discurso do regime militar de que seriam “homens sem terra em terra sem homens” e se deram mal.
Ousados, eles fecham estradas e constroem guaritas para impedir a entrada de fiscais e estranhos. É a política do vale tudo embrulhada no papel celofane do progresso e desenvolvimento econômico. Para poucos barões do campo, é claro.
A mata, depois de derrubada para extração de madeira, vira campo de soja. Em menos de três anos, 80 mil hectares de florestas deram lugar às plantações de soja, gerando uma produção superior a 4 milhões de sacas e faturamento de R$ 300 milhões. Esse valor equivale a duas vezes o orçamento do município de Santarém. O custo social desse progresso, porém, é indigesto para pequenas comunidades que há décadas sobrevivem da pesca e da roça no interior da floresta amazônica.
Quem resiste às pressões para deixar as terras acaba figurante de uma lista de marcados para morrer, como a diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, Maria Ivete Bastos. Temendo uma emboscada, ela anda pela região sempre acompanhada por um grupo de agricultores. A sindicalista denunciou por diversas vezes as ameaças que vem recebendo, mas a polícia local não tomou nenhuma providência. Os empresários da soja e madeireiros, por sua vez, consideram Ivete Bastos um entrave ao desenvolvimento econômico da região.
Lotes
“A impunidade é total, a floresta está sendo destruída, posseiros tradicionais são retirados à força, mas somente os movimentos sociais organizados e sindicatos de trabalhadores rurais têm coragem de denunciar o que está ocorrendo no oeste paraense”, afirma Eldenilson Monteiro, o Pipoca, integrante da Cáritas Brasileira, uma entidade com forte presença no meio rural paraense ao lado da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em março, as duas entidades promoverão um seminário em Belém para debater o problema.
Monteiro disse que uma imensa área da União, a Gleba Pacoval, de 240 mil hectares, onde foi implantado um assentamento do Incra hoje quase abandonado, foi toda loteada por empresários de soja e madeireiros. O caso virou um processo na Justiça Federal de Santarém ao qual responde o “rei da soja” na região, o matogrossense Clóvis Casagrande. O discurso dos empresários, resume Monteiro, criou a falsa ilusão da geração de emprego e renda no campo para uma mão de obra sem qualificação profissional.
Em dezembro de 2004, um seminário promovido em Belém pelo Museu Emílio Goeldi expôs as feridas do avanço desenfreado da soja sobre as florestas primárias e suas desastrosas conseqüências sobre as pequenas comunidades rurais. Estudiosos divulgaram um trabalho ao final do encontro onde se constata que poucos empresários cortam floresta primária para a plantação de soja; ao invés disso, eles compram terras já desmatadas dos pequenos agricultores ou terras públicas griladas do patrimônio público.
Pesadelo
Muitas vezes estes agricultores sem terra se movimentam para as áreas de fronteira na Amazônia e promovem desmatamento. Exemplo: em alguns locais a pecuária tradicional está dando lugar à soja e o gado é empurrado para novas áreas, que estão sendo desmatadas e intensamente exploradas por madeireiros. O fato é que muitos dos pequenos agricultores, que agora são ameaçados de expulsão das suas terras na Amazônia, por causa do avanço da soja, já foram previamente expulsos de estados como Paraná e Rio Grande do Sul pela mesma cultura. O Pará representava um sonho de vida nova. Virou pesadelo.
Em Santarém, os gaúchos já são maioria na aquisição de áreas para plantio de soja. A ironia é que agricultores também gaúchos são os primeiros a receber ordens de pistoleiros para saírem das terras para as quais foram levados nos anos 70 pelo governo federal. Eles acreditaram no discurso do regime militar de que seriam “homens sem terra em terra sem homens” e se deram mal.
Fonte: ClickHoje
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