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Notícias

16
jan
2007
(GERAL)
Eucalipto move cadeias de exportação
O Estado de Minas Gerais obteve, no ano passado, saldo recorde de US$ 10,78 bilhões na balança comercial, o que representa um crescimento de 12,7% na comparação com 2005. Produtos tradicionais da pauta de vendas externas como o minério de ferro, café em grão, ferro fundido e celulose foram determinantes para este resultado.

Um produto com pouca divulgação tem grande peso na retaguarda dos negócios. Trata-se da madeira, presente tanto na produção de ferro fundido quanto na de celulose. O ferro fundido, por exemplo, respondeu por US$ 560 milhões das exportações mineiras no período de janeiro a novembro.

Seu carro-chefe é o ferro gusa e o estado, segundo estimativa do Sindicato da Indústria do Ferro de Minas Gerais (Sindifer), teria fechado 2006 com produção de 5,4 milhões de toneladas, correspondente a 60% da oferta nacional. O resultado final da produção sai em fevereiro. E o ferro gusa nada mais é do que uma liga resultante de minério de ferro e carbono, com aquecimento de carvão vegetal (madeira queimada).

Para se produzir uma tonelada de ferro gusa são necessários cerca de 3 m³ de carvão vegetal. Como o peso médio do metro cúbico de carvão vegetal é de 230 kg, calcula-se que a produção de uma tonelada de ferro gusa exige aproximadamente 690 kg de carvão - mais de 60% do resultado final.

Já para a produção de uma tonelada de celulose, matéria-prima do papel, são necessários cerca de 3,8 m³ de madeira sem casca. No ano passado, Minas Gerais produziu cerca de 950 mil toneladas de celulose, segundo dados da Celulose Nipo-Brasileira (Cenibra), única fabricante de celulose no estado. A expectativa para este ano é que esta produção aumente para 1,15 milhão de toneladas, destinando-se principalmente para a exportação (95%). Países da Ásia são os maiores consumidores, seguidos pela Europa.

Devido a esta demanda significativa de madeira, Minas Gerais possui atualmente cerca de 1,2 milhão de hectares plantados com eucalipto. Destes, 865 mil são destinados para a produção de carvão vegetal. Segundo o presidente da Associação Mineira de Silvicultura, Germano Aguiar Vieira, o crescimento do eucalipto pode ser observado na aumento de seu plantio anual. "No ano 2000 a plantação total de eucalipto no estado foi de 40 mil hectares. E 2005 já fechou com 161 mil hectares", informa.

Mas, de acordo com Vieira, mesmo com o crescimento na produção de eucalipto, a demanda tem sido maior que a oferta em Minas Gerais. "Seria necessário termos plantados 1,5 milhão de hectares de eucalipto em todo estado para atender todos os pedidos", calcula o executivo. Ele destaca que Minas tem cerca de 5 milhões de hectares de áreas desmatadas e improdutivas que poderiam ser utilizadas para atender este consumo.

Atentos a esta oportunidade no setor do eucalipto, que gera lucro a longo prazo (o corte para a industrialização ocorre após sete anos do plantio), pequenos produtores rurais estão investindo no produto. Dos 161 mil hectares ocupados com eucalipto em 2005, 20% já correspondem a plantios de pequenos e médios produtores.

Grandes organizações, como o grupo Votorantim, um dos maiores fabricantes de celulose e papel da América Latina, e o grupo Plantar têm incentivado o plantio em pequenas propriedades, que recebem mudas e toda a tecnologia, além de assistência técnica e ambiental.
A própria siderúrgica Acesita, através da sua subsidiária Acesita Energética, tem florestas plantadas de eucalipto que garantem madeira e carvão vegetal para uso siderúrgico. Há 30 anos atuando nesta área, a empresa já opera em uma área contínua de 126,3 mil hectares, situada em municípios mineiros do Vale do Jequitinhonha.

Fonte: Teo Scalioni (Gazeta Mercantil)

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