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A Embrapa foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) por sua atuação no desenvolvimento de tecnologias em produção e proteção florestal sustentável. A entrega do reconhecimento aconteceu em 15 de outubro, em Roma, durante a cerimônia que celebrou os 80 anos da FAO.
Dentro do escopo do reconhecimento em manejo florestal sustentável (MFS) estão tecnologias que envolvem abordagens avançadas e inovadoras, como por exemplo as que incorporam o uso de aplicativos, drones e inteligência artificial, como Manejatech-açaí e Manejo Inteligente 1.0; e plataformas como Modeflora, NetFlora, AgroTagMFE, Agrotag Abelhas e o BOManejo Web.
Estas ferramentas foram construídas a partir de pesquisas e grandes bases de dados obtidas em campo e são projetadas com foco na interface com o usuário, sendo acessíveis a pessoas de diferentes formações, desde profissionais florestais até comunidades indígenas e locais. O potencial de adoção dessas ferramentas é amplo no Brasil e as mesmas também podem ser adaptadas para florestas tropicais na América do Sul e Central, África e Ásia. Segundo a pesquisadora Yeda Oliveira, da Embrapa Florestas, “é amplamente reconhecido que o Manejo Florestal Sustentável (MFS) é a melhor maneira de manter uma floresta protegida e produtiva. Ele contribui para a conservação da biodiversidade, protege os recursos hídricos, ajuda a combater o desmatamento e o comércio ilegal de madeira, e impulsiona o desenvolvimento local e a geração de renda”.
Resultados e adoção
O desenvolvimento destas tecnologias para MFS está alinhado com a visão e o roteiro florestal da FAO, abrangendo temas como a evolução das práticas de MFS, a silvicultura social e comunitária, a conservação da biodiversidade e de recursos genéticos, florestas e mudanças climáticas, monitoramento florestal, e inovações tecnológicas. Segundo Maria José Sampaio, da Área de Relações Internacionais da Embrapa, "são muitas equipes envolvidas no estudo e geração de resultados e ferramentas práticas e este reconhecimento da FAO mostra o trabalho da ciência em prol da Amazônia. Além disso, muitas destas tecnologias são aplicáveis em outros biomas do Brasil e até mesmo em outros países".
- 415.000 hectares de floresta foram manejados utilizando a metodologia Modeflora.
- O Modeflora é empregado em 100% dos planos de manejo no estado do Acre e adotado no Amapá, Roraima, Rondônia, Amazonas e Pará.
- Mais de 80.000 hectares de florestas na Amazônia foram mapeados, com a identificação de cerca de 60 espécies, por meio do NetFlora;
- O NetFlora identificou 604 castanheiras (Bertholletia excelsa) e mais de 14 mil árvores de outras espécies em uma área de 1.150 hectares na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, Amazonas, após um voo de pouco mais de duas horas.
- Aplicativos como Agrotag MFE, Manejatech-açaí e Agrotag Abelhas já contam cada um com mais de 1.500 usuários ativos.
- O Manejo Inteligente 1.0 já disponibilizou 14 modelos de crescimento, que representam cerca de 60% das espécies comercializadas nas microrregiões de Sinop e Aripuanã, no Estado de Mato Grosso
- O potencial de adoção dessas ferramentas se estende a florestas tropicais na América do Sul e Central, África e Ásia.
Manejo Inteligente 1.0
Aplicativo simula o crescimento e a produção de espécies florestais na Amazônia
Software desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Florestas para auxiliar no planejamento do manejo sustentável de florestas. O aplicativo permite simular o potencial de produção de uma espécie madeireira a partir de informações simples sobre o tamanho e a quantidade das árvores de uma determinada espécie em uma área específica. Com base nesses dados — conhecidos como “estrutura diamétrica”, que reflete o número de árvores em cada classe de diâmetro dos troncos — o programa projeta como a população da espécie pode crescer ao longo do tempo e qual seria o volume de madeira disponível em diferentes cenários de manejo.
Segundo o pesquisador Evaldo Muñoz Braz, “o aplicativo é indicado para planejamento florestal e também fins educacionais. Ele visa analisar diferentes cenários que alternam ciclos de corte e diâmetro de corte identificando a combinação mais produtiva para cada espécie individualmente”. Além disso “o aplicativo poderá subsidiar a legislação florestal na busca de normas efetivamente sustentáveis.
As simulações são baseadas em modelos de crescimento de espécies da Floresta Amazônica, construídos a partir do estudo dos anéis de crescimento das árvores. Até o momento, foram disponibilizados no software 14 modelos de crescimento, que representam cerca de 60% das espécies comercializadas nas microrregiões de Sinop e Aripuanã, no Estado de Mato Grosso. A pesquisadora Patricia Póvoa de Mattos explica que “novos modelos de crescimento para mais espécies devem ser desenvolvidos continuamente e disponibilizados aos usuários à medida que novas pesquisas sejam concluídas”.
Para utilizar o software, o usuário pode inserir dados obtidos em inventários florestais — sejam censos completos ou amostragens —, ou ainda preencher manualmente o número de árvores por classe de diâmetro. O programa também permite incluir informações sobre recrutamento (entrada de novas árvores), mortalidade e presença de ocos, ajustando as projeções se produção de acordo com cada realidade. O acréscimo de informações de custos das atividades e valor da madeira permite análises econômicas.
Com essa ferramenta, o objetivo é oferecer uma forma prática de visualizar o potencial produtivo de cada área florestal, por espécie madeireira, e apoiar decisões de manejo sustentável, contribuindo para o uso responsável dos recursos amazônicos. O software foi desenvolvido com apoio do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem).
Acesse em: https://manint.cnpf.embrapa.br/
Manejo Florestal 4.0 - Modeflora e Netflora
A automação da atividade de manejo florestal é uma tendência na Amazônia. O desenvolvimento de tecnologias que facilitem as atividades de campo e confiram maior precisão ao manejo florestal tem sido o foco das pesquisas da Embrapa Acre há 20 anos. Com as técnicas tradicionais de manejo, uma equipe de planejamento mapeia apenas 20 hectares de floresta por dia, a pé, enquanto hoje, com uso das tecnologias, é possível mapear aproximadamente mil hectares diariamente.
O Modeflora, lançado em 2007, reuniu inovações tecnológicas como o uso do Sistema de Posicionamento Global (GPS), Sistema de Informação Geográfica (SIG) e Sensoriamento Remoto (SR), para fornecer informações de alta precisão sobre a floresta, seja sobre a topografia da área de manejo ou a localização exata das árvores.
O modelo se renovou e agregou geotecnologias como o Lidar (Light Detection and Ranging) – sistema de perfilamento a laser que fornece imagens da floresta em 3D – e o Netflora – metodologia desenvolvida em parceria com o Fundo JBS pela Amazônia, que utiliza drones e algoritmos treinados pela Inteligência Artificial (IA) para manejo sustentável da floresta.
Esse conjunto de ferramentas e de técnicas constitui uma metodologia inovadora de manejo digital de precisão, adotada por empresários do setor florestal e órgãos governamentais estaduais e federais na gestão de Planos de Manejo Florestal (PMF).
Alinhadas ao conceito “Manejo Florestal 4.0”, essas tecnologias combinam automação, geração e tratamento de dados de alta precisão para tornar a produção florestal mais sustentável e eficiente.
Netflora - Acesso em: https://www.embrapa.br/acre/netflora
Modeflora - Saiba mais em: https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-tecnologicas/-/produto-servico/1315/modelo-digital-de-exploracao-florestal--modeflora
BOManejo WEB
Planejamento da colheita em planos de manejo florestal sustentável na Amazônia
O BOManejo WEB é a versão do software gratuito, lançado pela Embrapa para auxiliar na elaboração e execução de Planos de Manejo Florestal Sustentável (PMFS) na Amazônia. Foi desenvolvido em linguagem de programação JavaScript, com a biblioteca Next.js e utiliza o gerenciador de bancos de dados PostgreSQL. O que garante alto grau de confiabilidade e segurança das informações. Outro diferencial do BOManejo Web em relação a versão desktop, está relacionado ao gerenciamento dos projetos de forma compartilhada. O pesquisador da Embrapa Amapá, José Francisco Pereira, destacou que na versão WEB será possível a inclusão de novos usuários a um projeto criado, definindo suas atribuições e responsabilidades em nível de acesso.
A aplicação web do software BOManejo auxilia o manejo florestal sustentável, atendendo as principais etapas que envolvem este processo, como a coleta de dados florestais, funcionalidade que permite a entrada de dados florestais diretamente na aplicação ou importação de planilhas eletrônicas, incluindo informações sobre espécies, altura, diâmetro à altura do peito (dap), qualidade do fuste, entre outras; conformidade legal, para atender aos requisitos da legislação brasileira vigente sobre manejo florestal sustentável através da definição de critérios estabelecidos pelo próprio usuário e geração de relatórios; acompanhamento da colheita; integração de recursos externos, o que permite a integração de recursos de georreferenciamento e sistema de informações geográficas (SIG) para garantir a precisão e confiabilidade dos dados; colaboração e compartilhamento de informações, viabilizando o compartilhamento de informações entre os diversos envolvidos no manejo florestal sustentável. O aplicativo foi desenvolvido no escopo do projeto BOManejo 2, sob coordenação do pesquisador José Francisco Pereira, com recursos do ITTO (The International Tropical Timber Organization).
AgroTagMFE
Ferramenta digital traz rastreabilidade à castanha-da-amazônia e fortalece a bioeconomia
Aplicativo gratuito permite registrar e acompanhar práticas de manejo em tempo real, ampliando transparência e acesso a mercados internacionais. Desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente, a ferramente promete mudar a forma como a castanha-da-amazônia e outros produtos da sociobiodiversidade são acompanhados no país. O AgroTagMFE é um módulo digital que possibilita rastrear todo o processo de manejo florestal em tempo real, por meio de um aplicativo gratuito de coleta de dados em campo. A iniciativa busca agregar valor à cadeia produtiva da castanha e garantir mais transparência, fator decisivo para ampliar o acesso a mercados internacionais.
Criado a partir do sistema AgroTag, o módulo MFE (Manejo Florestal e Extrativismo) foi customizado para atender projetos estratégicos, como o MFE Amazon e o NewCast – Novas Soluções Tecnológicas para a Cadeia da Castanha-da-Amazônia. Pelo aplicativo, produtores e pesquisadores podem registrar informações detalhadas de cada etapa do processo — da pré-coleta ao pós-coleta — incluindo fotos, desenhos, coordenadas geográficas e descrições. Os dados são sincronizados com uma plataforma online que disponibiliza mapas interativos, relatórios e cruzamentos com imagens de satélite, permitindo análises sobre sustentabilidade, histórico de uso da terra e boas práticas adotadas.
A rastreabilidade é vista como chave para reposicionar o Brasil no mercado da castanha, especialmente após a perda de liderança para a Bolívia. Desde 1998, barreiras comerciais da União Europeia ligadas à presença de aflatoxinas reduziram a competitividade do produto brasileiro, que passou a ser exportado com casca e processado em território boliviano. Com o AgroTagMFE, o país ganha uma ferramenta que oferece provas consistentes sobre origem e qualidade, fortalecendo o comércio justo e a confiança do consumidor.
Além de garantir maior segurança das informações — já que os dados são enviados diretamente a um servidor online, evitando perdas durante a coleta —, a tecnologia reforça o compromisso com ética, transparência e sustentabilidade. “O aplicativo entrega informações confiáveis e acessíveis, essenciais para valorizar o produto e abrir portas no mercado externo”, destacam os pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento.
O uso estratégico do AgroTagMFE vai além da castanha-da-amazônia: a ferramenta é pensada como parte de um movimento de fortalecimento da bioeconomia amazônica, modelo que aposta no uso sustentável da biodiversidade como motor econômico e social. Com a castanha como símbolo desse processo, o Brasil busca recuperar protagonismo, gerar renda para comunidades extrativistas e transformar a floresta em uma aliada do desenvolvimento.
Acesse em: https://www.agrotag.cnptia.embrapa.br/#!/
AgroTag-Abelhas
A Embrapa Meio Ambiente desenvolveu o software AgroTag-Abelhas, um sistema abrangente e integrado de monitoramento, que reúne um conjunto de dados sistematizados e contribui para apoiar os agentes dos órgãos estaduais de sanidade agropecuária (OESAs) no registro de ocorrências e identificação der possíveis causas de mortes de abelhas.
A implementação do aplicativo é uma das principais ações do Observatório de Abelhas do Brasil (OAB) que foi instituído em 2022 pela Embrapa Meio Ambiente e Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), com a missão de planejar, executar e apoiar iniciativas para reduzir as perdas de abelhas no Brasil.
O software foi desenvolvido a partir da estrutura do Sistema AgroTag para atender as demandas do Observatório de Abelhas. É um sistema de aplicativo para coleta de dados em campo para dispositivos móveis (Android), com envio automático de dados para um WebGis, ambiente online que viabiliza a integração desses dados registrados com informações geoespaciais diversas.
A app já está à disposição para que inspetores de órgãos sanitários oficiais façam os registros de ocorrências rapidamente, com base nas necessidades regionais. Durante o atendimento em campo, o técnico tem acesso a um formulário de preenchimento simples, com as questões essenciais para a investigação, inclusive sobre a coleta de amostras biológicas para análise laboratorial.
O aplicativo segue a premissa do projeto AgroTag, enquanto rede colaborativa ou do termo/conceito crowdsourcing. Trabalha dados geoespaciais para monitoramento territorial agrícola, onde o usuário usa os dados de maneira compartilhada, colaborativa e rastreável, fundamental para os objetivos do Observatório de Abelhas, o qual busca evidências do contexto da mortandade de abelhas para entender o nexo causal, dependendo totalmente dos registros nos locais de ocorrências.
O aplicativo foi disponibilizado em 2023 e já está em uso pelos órgãos estaduais de sanidade agropecuária (OESAs) de alguns estados brasileiros, como RS e MS. Possibilitou ações piloto e respostas estratégicas ao desastre climático de 2024, incluindo o mapeamento de perdas de colmeias, indicações para a recuperação do setor e o apoio a apicultores afetados.
Acesse em: https://www.agrotag.cnptia.embrapa.br/#!/
Aplicativo Manejatech-açaí
O manejo sustentável de açaizais nativos está na palma da mão de técnicos e ribeirinhos que trabalham com o extrativismo do açaí no Pará. O aplicativo Manejatech-açaí é uma ferramenta digital que facilita e otimiza todas as etapas do manejo de mínimo impacto de açaizais nativos. O aplicativo, desenvolvido pela Embrapa e empresa Equilibrium Web, pode ser baixado de forma gratuita e funciona em sistemas Android para celular ou tablet, mesmo sem acesso à internet.
O manejo de mínimo impacto de açaizais nativos, ou sustentável, é uma tecnologia desenvolvida pela Embrapa para conciliar a produção de frutos e a conservação das florestas de várzea do estuário (ambiente aquático de transição entre o rio e o mar) amazônico. A maior produtividade nos açaizais e a manutenção dos serviços ecossistêmicos nas florestas de várzea estão entre os principais benefícios da adoção do manejo sustentável de açaizais nativos para produção de frutos. No mais recente estudo de avaliação de impacto da tecnologia estima-se que essa prática está presente em 84 mil hectares das áreas de ocorrência natural dos açaizeiros nos estados do Pará e Amapá, principalmente, gerando emprego, renda e qualidade de vida para as populações da região.
Com o aplicativo Manejatech-açaí as etapas do processo de manejo ganham agilidade. Inventário, escolha de parcelas, intervenção, relatórios de parcelas manejadas, além do registro de produção e comercialização do açaí manejado estão entre as funcionalidades da ferramenta. “O aplicativo alia tecnologia de ponta à expertise da Embrapa no segmento agropecuário”, afirma Sebastião Farias Jr., CEO da Equilibrium Web.
O uso do aplicativo pelos ribeirinhos e técnicos da extensão rural também possibilita a geração de informações sobre a biodiversidade das áreas manejadas. “Ao registrar as espécies presentes em cada parcela, durante a etapa de inventário, o usuário vai ter conhecimento sobre diversidade de plantas. Trata-se de uma informação preciosa, que pode apoiar o acesso a novos mercados e a políticas públicas”, conclui Michell Costa, da Embrapa Amazônia Oriental.
Acesso via PlayStore
Katia Pichelli (MTb 3594/PR)
Embrapa Florestas
Contatos para a imprensa
florestas.imprensa@embrapa.br
Priscila Viudes (MTb 030/MS)
Embrapa Acre
Mauricilia Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Acre
Contatos para a imprensa
acre.imprensa@embrapa.br
Dulcivânia Freitas (DRT-PB 1.063/96)
Embrapa Amapá
Contatos para a imprensa
amapa.nco@embrapa.br
Cristina Tordin (MTB 28499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
Contatos para a imprensa
meio-ambiente.imprensa@embrapa.br
Ana Laura Lima (MTb 1268/PA)
Embrapa Amazônia Oriental
Contatos para a imprensa
amazonia-oriental.imprensa@embrapa.br
Mais informações sobre o tema
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/103795172/fao-reconhece-contribuicao-da-embrapa-no-desenvolvimento-de-tecnologias-para-o-manejo-florestal-sustentavel
Fonte: Embrapa
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