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Com 8 mil hectares destruídos no primeiro trimestre, Brasil ainda está longe do desmatamento zero
Os dados mais recentes do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica, desenvolvido pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o MapBiomas e a Arcplan, revelam uma queda de 42% no desmatamento da Mata Atlântica no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024.
Foram 8.109 hectares desmatados entre janeiro e março deste ano, contra 14.068 hectares no ano anterior. Apesar da melhora, o número ainda é alarmante: uma área equivalente a aproximadamente 8 mil campos de futebol foi destruída em apenas três meses.
Segundo a SOS Mata Atlântica, embora o dado indique uma tendência positiva, é preciso atenção. Em 2024, o primeiro semestre também mostrou redução de 55%, mas o segundo semestre teve aumento nos cortes, resultando em um cenário de estabilidade preocupante no total anual de desmatamento.
“É ótimo notar uma trajetória de queda, porém a situação ainda é de alerta. A Mata Atlântica é o bioma mais devastado do Brasil e cada hectare perdido compromete a biodiversidade e a qualidade de vida da população com um todo, afirma Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da organização. “Para virar o jogo, o país precisa implementar com rapidez o novo plano de combate ao desmatamento e encerrar o ciclo de ameaças legislativas à Lei da Mata Atlântica”, completa.
Lei da Mata Atlântica sob ameaça
A Lei da Mata Atlântica tem sido alvo de tentativas de enfraquecimento no Congresso Nacional. O PL 2159/2021, apelidado de “PL da Devastação”, incluiu dispositivos que fragilizam a proteção do bioma.
Embora muitos desses pontos tenham sido vetados pela Presidência da República, há forte pressão para a derrubada dos vetos, o que pode reabrir espaço para novos ciclos de desmatamento ilegal.
“A sociedade já demonstrou força para barrar retrocessos e precisa seguir vigilante. Pressões pela flexibilização do licenciamento ambiental persistem e, sem a manutenção dos vetos e a aplicação rigorosa da lei, abriremos espaço para novos ciclos de devastação”, reforça Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica.
Mata Atlântica e desmatamento zero
A Mata Atlântica tem potencial para se tornar referência nacional e internacional na conservação ambiental. É o bioma que há mais tempo enfrenta a perda sistemática de vegetação e possui uma lei específica de proteção.
Além disso, concentra os maiores esforços de restauração florestal já realizados no país. Se bem gerida, a Mata Atlântica pode ser o primeiro bioma brasileiro a alcançar o desmatamento zero até 2030, conforme as metas do Acordo de Paris.
“Para que o Brasil cumpra os compromissos assumidos no Acordo de Paris, é fundamental alcançar o desmatamento zero em todos os biomas até 2030. A Mata Atlântica pode ser o primeiro a atingir essa meta e se tornar uma referência global no enfrentamento das crises ambiental e climática”, destaca Guedes Pinto.
A ONU já reconheceu a proteção e restauração da Mata Atlântica como uma das 10 Iniciativas de Referência da Década da Restauração de Ecossistemas (confira abaixo no Leia Mais). O bioma fornece serviços ecossistêmicos fundamentais – como abastecimento de água, segurança alimentar, saúde e bem-estar – para 70% da população brasileira e 80% do PIB nacional.
Conservar a Mata Atlântica não é apenas uma ação ambiental, mas também um pilar estratégico para a economia e a estabilidade climática do Brasil. O ano de 2025 é simbólico: o Brasil sediará a COP 30, em Belém (PA). A comunidade internacional espera ações concretas na redução do desmatamento e medidas efetivas de mitigação climática.
“Temos uma oportunidade histórica de mostrar ao mundo que o Brasil pode liderar pelo exemplo. Zerar o desmatamento da Mata Atlântica nos próximos anos é uma meta ambiciosa, mas possível, e sinalizaria que o país está pronto para unir conservação, desenvolvimento e justiça climática”, conclui o diretor da SOS Mata Atlântica.
Monitoramento do Desmatamento
O SAD Mata Atlântica utiliza imagens de satélite Sentinel-2, com 10 metros de resolução, para identificar automaticamente indícios de desmatamento. Os alertas são integrados à plataforma MapBiomas Alerta, onde passam por validação individual e auditoria, com uso de imagens de alta resolução.
Cada ocorrência confirmada é cruzada com dados públicos, como: Cadastro Ambiental Rural (CAR); embargos; autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA.
Essas informações ficam disponíveis em uma plataforma aberta e transparente, que cobre todo o território nacional.
Os dados consolidados do desmatamento da Mata Atlântica em 2025 serão divulgados pela SOS Mata Atlântica no primeiro semestre de 2026.
Fonte: Por: Redação CicloVivo
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