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No dia 12 de setembro, tivemos a oportunidade de participar do encontro realizado em Porto Seguro, coordenado pela Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura através da FT Silvicultura de Espécies Nativas, em parceria com a Symbiosis.
O ambiente foi marcado pelo entusiasmo e pela disposição de profissionais e instituições em buscar soluções conjuntas para transformar a silvicultura de nativas em um setor estruturado, competitivo e capaz de gerar resultados econômicos, sociais e ambientais.
A visita à Symbiosis, que desenvolve seus trabalhos de pesquisa e experimentação em parceria com diversas instituições de pesquisa, permitiu observar avanços consistentes: produção de mudas, melhoramento genético de espécies e plantios experimentais.
A empresa apresentou sua estratégia de atuação, destacou as oportunidades do mercado de madeiras tropicais e deixou claro que seus trabalhos visam também o retorno financeiro dos investimentos aplicados — condição essencial para dar sustentabilidade e escala à atividade. Cabem os nossos mais respeitosos cumprimentos!
Nesse contexto, a distribuição da publicação “Silvicultura e Tecnologia de Espécies da Mata Atlântica”, de autoria de Samir G. Rolim e Daniel Piotto, da mesma forma, foi de grande relevância, reunindo informações técnicas valiosas para orientar pesquisas e experimentações. Uma preciosidade para ser conhecida por todos os interessados no desenvolvimento de espécies nativas!
Nas discussões conduzidas pela Coalizão, foram enfatizados os principais pilares de atuação: desenvolvimento tecnológico, crédito e financiamento, comunicação e, de maneira muito especial, a legislação.
Evidenciou-se a necessidade de se criar regras claras e seguras que deem confiança ao investidor de que tudo o que for plantado poderá ser colhido no futuro sem entraves.
O tema foi tratado com atenção pelo IBAMA, que ouviu as sugestões apresentadas, fez ponderações e se colocou à disposição para buscar soluções que conciliem as demandas do setor com a proteção ambiental.
Essa postura aberta e construtiva do órgão regulador foi um dos pontos altos do encontro, pois sinaliza a possibilidade de se remover barreiras históricas e de se oferecer segurança jurídica aos investidores.
O papel do BNDES, também presente no encontro, foi lembrado como estratégico, à semelhança do que representou após o fim dos incentivos fiscais, como importante instrumento de sustentação financeira para grandes empreendimentos de florestas plantadas para fins industriais.
O interesse já demonstrado em apoiar a silvicultura de nativas traz confiança de que poderá repetir esse protagonismo, agora associado a investimentos verdes, créditos de carbono e compromissos de sustentabilidade global — ajudando a consolidar um setor que precisa de recursos estáveis e de longo prazo.
Nesse mesmo sentido, destacou-se que incentivos financeiros específicos para a alavancagem da silvicultura de nativas poderiam desempenhar papel semelhante ao que tiveram os incentivos fiscais para as florestas exóticas.
Trata-se de uma oportunidade concreta para alinhar desenvolvimento florestal com crescimento econômico e sustentabilidade. Nada diferente, e com devidas adequações, do que já existiu e resultou em excelentes resultados ao Brasil.
A governança foi outro tema de destaque. Hoje, as responsabilidades permanecem dispersas em diferentes instâncias governamentais, o que compromete a eficiência e a segurança jurídica.
É necessário que uma instituição governamental forte centralize a formulação de políticas, a regulamentação e a fiscalização.
A Coalizão cumpre papel essencial ao articular atores e provocar debates, mas cabe ao Estado brasileiro assumir a responsabilidade indelegável de implementar políticas públicas consistentes e duradouras.
O encontro evidenciou que há conhecimento, pesquisas e experiências relevantes em curso; contudo, persiste a necessidade de integrar protagonistas, reunir informações dispersas e conectar instituições para transformar esse potencial em resultados concretos.
O ambiente colaborativo vivido em Porto Seguro e o entusiasmo dos participantes renovam a esperança de que o Brasil está pronto para avançar na superação dos desafios da silvicultura de espécies nativas.
De nossa parte, registramos o agradecimento à Coalizão Brasil pelo convite e pelo aprendizado proporcionado e parabenizamos toda a equipe pela brilhante iniciativa e organização.
Estaremos à disposição no que pudermos colaborar e participar desse processo coletivo, que, com certeza, poderá trazer benefícios significativos ao futuro do setor florestal brasileiro.
Nelson Barboza Leite – Agrônomo – Silvicultor – nbleite@uol.com.br
Fonte: Comunidade de Silvicultura
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