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25
ago
2025
(MERCADO)
EUA ampliam ofensiva tarifária e setor moveleiro entra na mira

Trump anunciou a abertura de uma investigação sobre a importação de móveis nos Estados Unidos, que deverá impactar à indústria de móveis global; móveis de madeira do Brasil já estão sendo taxados em 50%

O comércio internacional de móveis vive mais um capítulo de instabilidade. Na última sexta-feira (22), o presidente americano Donald Trump anunciou, por meio de sua rede social, Truth Social, o início de uma investigação tarifária para os próximos dias sobre móveis importados pelos Estados Unidos. O processo, conduzido pelo Departamento de Comércio no âmbito da Seção 232, deve ser concluído em até 50 dias e poderá resultar na aplicação de novas tarifas sobre produtos do setor oriundos de diversos países.

A medida foi apresentada como estratégia para revitalizar a indústria moveleira doméstica, com a promessa de recuperação de empregos em polos tradicionais como Carolina do Norte, Carolina do Sul e Michigan. O anúncio teve efeito imediato no mercado financeiro: grandes varejistas que dependem de importações registraram forte queda em Wall Street, enquanto fabricantes com produção localizada em território norte-americano viram suas ações valorizarem.

Risco para o Brasil

Os Estados Unidos são o principal destino das exportações brasileiras de móveis e colchões, tendo respondido por 28% dos embarques no primeiro semestre de 2025. Quando considerados também componentes, máquinas e insumos da cadeia moveleira, a participação sobe para 38,4%, de acordo com levantamento da ABIMÓVEL (Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário).

No período de janeiro a junho deste ano, o setor exportou US$ 374,2 milhões em móveis e colchões prontos, crescimento de 6,8% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Grande parte desse volume foi destinada ao mercado norte-americano, com destaque para os polos de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, que juntos respondem por quase 99% das vendas externas do setor. Outras regiões como Pernambuco, Bahia e Pará também são afetadas.

Para a indústria nacional, a possível ampliação das tarifas pode representar mais uma barreira à competitividade, em um contexto já marcado pela imposição de sobretaxas de 50% a uma série de produtos brasileiros desde o início de agosto. Estimativas apontam que os móveis de madeira, um dos itens sobretaxados, representam cerca de 80% da pauta exportadora do setor, com forte grau de customização voltado ao mercado norte-americano, característica que dificulta o redirecionamento imediato da produção para o mercado interno ou outros destinos.

Dessa forma, o atual cenário já se traduz em contratos suspensos e incertezas quanto ao emprego e às exportações na segunda metade do ano, com potencial de reduzir em até 1,4% a produção moveleira no Brasil.

Reação do governo brasileiro e do setor privado

O anúncio de Trump ocorre em meio à escalada de tensões comerciais entre os dois países. Apesar de uma lista inicial com cerca de 700 exceções, os Estados Unidos anunciaram, no dia 19 de agosto, a ampliação do escopo das taxas aplicadas sobre produtos derivados de aço e alumínio, com a inclusão de 407 novos códigos tarifários.

No cenário interno, o governo brasileiro instituiu o Plano Brasil Soberano (MP nº 1.309/2025), com previsão de R$ 30 bilhões em crédito pelo Fundo Garantidor de Exportações, medidas de alívio tributário e programas de manutenção de empregos para exportadores. Além disso, acionaram formalmente a OMC (Organização Mundial do Comércio) para intervir no caso; o pedido foi aceito pelos EUA, que apesar de abrirem a possibilidade de reunião com delegação brasileira na entidade, indicaram que o fórum não tem competência para discutir a medida, considerada de “segurança nacional”.

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) também anunciou uma missão empresarial aos EUA em setembro, com objetivo de ampliar o diálogo junto ao setor privado norte-americano. A ABIMÓVEL estará presente nas reuniões, apresentando propostas e atuando na defesa do setor moveleiro nacional.

Perspectivas

Embora os impactos imediatos ainda dependam do desfecho da investigação, o cenário aponta para maior pressão sobre exportadores de móveis no Brasil e em outras grandes indústrias do setor, como é o caso do Vietnã, China e México. Além do aumento de custos e riscos comerciais, analistas destacam que novas tarifas podem reduzir a demanda por produtos importados nos EUA e afetar diretamente os polos industriais brasileiros que dependem desse mercado.

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Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (ABIMÓVEL)
Assessoria de Imprensa – press@abimovel.com

Fonte: Abimóvel

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