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Notícias

14
ago
2025
(MERCADO)
Taxação dos Estados Unidos trava exportações e ameaça indústria madeireira na Serra gaúcha

Cobrança de tarifas de até 50% já afeta a cadeia produtiva, principalmente em cidades dos Campos de Cima da Serra, onde o setor madeireiro tem um papel importante na economia

As novas taxas de exportação impostas pelos Estados Unidos, principal destino da produção gaúcha de madeiras, preocupam toda a cadeia produtiva. Com tarifas que variam entre 40% e 50%, empresas congelaram as negociações e já sentem os efeitos na produção.

Em Cambará do Sul, a principal empregadora da cidade, a Reflorestadores Unidos, especializada na fabricação de cercas de madeira para residências norte-americanas, precisou suspender temporariamente os serviços terceirizados, enquanto reduz turnos, concede férias e busca novos mercados. A medida afeta diretamente 340 funcionários e, indiretamente, cerca de 1.500 pessoas.

— As margens do nosso negócio são extremamente apertadas. Essa taxação de 50% inviabiliza qualquer operação no setor madeireiro —afirma Cassiano De Zorzi, diretor-presidente da empresa.

Cassiano De Zorzi, diretor-presidente da Reflorestadores Unidos.Ronei Sá / RBS TV

Com 40 anos de relações comerciais com os Estados Unidos, a empresa exportava 80% da produção para lá.

— Existem soluções, mas que não são fáceis de serem resolvidas de uma hora para outra. Passar de um mercado que leva 80% da produção e repassar para outros mercados é extremamente complicado — complementa.

Segundo o Sindimadeira RS, que representa mais de mil empresas do setor, apenas madeiras serradas de origem tropical — provenientes da floresta amazônica — estão isentas das novas tarifas. Produtos como molduras residenciais, chapas compensadas, cercas de pinus e materiais de embalagem, todos fabricados no Estado, estão entre os mais afetados.

— O setor emprega diretamente 8 mil pessoas na indústria, mas a cadeia é extensa e envolve colheita, logística e transporte. Toda essa estrutura está ameaçada — alerta Leonardo de Zorzi, presidente do sindicato.

Em São Francisco de Paula, o prefeito Thiago Teixeira estima que, caso a indústria local pare completamente, cerca de R$ 16 milhões deixariam de circular mensalmente na economia do município.

— Estamos falando de 4 mil empregos diretos e indiretos. Isso afeta o comércio, a arrecadação e os serviços públicos — afirma Teixeira.

A indústria Mac Garcia, que exporta 95% da produção para os Estados Unidos, paralisou uma linha de produção e acumula estoques. Marco Antônio Carvalho Garcia, sócio-diretor da empresa, destaca a dificuldade de encontrar novos mercados com a mesma demanda.

— Fazemos esse produto há 25 anos. Adaptar-se a outros mercados não é simples — diz.

A operadora de expedição Suely de Sales Inácio, que se mudou do Paraná há dois anos para trabalhar na Mac Garcia, resume o sentimento dos trabalhadores do setor:

— Todo mundo está com medo de ser dispensado. A gente depende disso.

Enquanto o setor aguarda uma solução para as tarifas, empresários pedem apoio dos governos estadual e federal, como antecipação de créditos de ICMS e compensações financeiras que permitam a redução de jornadas sem demissões.

Debora Padilha

https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/economia/noticia/2025/08/taxacao-dos-estados-unidos-trava-exportacoes-e-ameaca-industria-madeireira-na-serra-gaucha-cme7j61sl00ba014lmk7disp2.html

Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/pioneiro/economia/

Sindimadeira_rs ITTO