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Notícias

13
ago
2025
(MERCADO)
Exportações de móveis e colchões crescem 6,8 por cento no 1º semestre, mas cadeia fornecedora recua

Período foi de reorganização frente às novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, com antecipação das entregas ao principal mercado

As exportações brasileiras de móveis e colchões prontos encerraram o primeiro semestre de 2025 com crescimento de 6,8% frente a igual período do ano passado, totalizando US$ 374,2 milhões embarcados entre janeiro e junho. O avanço reflete um trabalho constante de fortalecimento da presença internacional do mobiliário brasileiro, com ganhos de competitividade apoiados em design, sustentabilidade, diferenciais técnicos e visibilidade global.

O chamado “tarifaço” dos Estados Unidos, contudo, vem provocando reações diversas ao longo da cadeia desde seu anúncio em abril. Em maio, as exportações cresceram 12,3%, com US$ 70,3 milhões embarcados — número que expressa, em especial, o envio antecipado de produtos relativos a contratos firmados com os EUA, frente à imposição da nova tarifa, que à época já havia sido elevada para 10%. Em junho, porém, diante da confirmação da medida e de novas especulações tarifárias, houve uma retração imediata de 3,0%, com US$ 68,1 milhões exportados.

Estados Unidos é o principal destino

Principal mercado importador do mobiliário brasileiro, os Estados Unidos responderam por 28,0% das exportações de móveis e colchões prontos no semestre.

A participação do país norte-americano saltou para 38,4% ao se considerar também os componentes, máquinas e demais suprimentos para a fabricação de móveis.

Por falar na indústria fornecedora, apesar do bom desempenho no segmento de móveis e colchões prontos, o resultado agregado das exportações da cadeia de componentes, tintas, vernizes, máquinas, equipamentos e demais insumos para a fabricação de móveis apresentou queda de 2,5% no primeiro semestre de 2025. O valor total exportado passou de US$ 1,758 bilhão no mesmo período de 2024 para US$ 1,715 bilhão este ano. Resultado também decorrente das Ordens Executivas dos EUA que impactaram componentes, fornecedores e máquinas.

Perspectivas para o segundo semestre

Agora, com a entrada em vigor da tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros, incluindo móveis de madeira — responsável por 80% da pauta exportadora de produtos acabados no setor —, dá-se início uma nova fase para a indústria nacional, marcada pela necessidade de diálogo, inteligência setorial, reposicionamento comercial, readequação produtiva e reavaliação de mercados prioritários.

Os impactos são especialmente significativos nos principais polos exportadores do país, como Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo, que juntos exportam quase 99% dos móveis brasileiros. Estados como Bahia, Pernambuco, Paraíba e Pará, que vêm ampliando sua inserção internacional, também deverão ser afetados em suas estratégias de consolidação.

ABIMÓVEL discute impactos com Governo Federal

Diante do novo cenário, a ABIMÓVEL participou, no início da semana passada (04 de agosto), de mais uma reunião interministerial convocada pelo Governo Federal, sob a liderança do vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin. O encontro contou com a presença de representantes do Palácio do Planalto, da Casa Civil, dos ministérios da Fazenda, da Agricultura e Pecuária, do Desenvolvimento Agrário, da Pesca e Aquicultura, da Companhia Nacional de Abastecimento, da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, além de lideranças do agronegócio e de setores produtivos da indústria de transformação.

Representando a cadeia moveleira nacional, a ABIMÓVEL esteve presente por meio de sua diretora-executiva Cândida Cervieri, que apresentou uma análise técnica sobre o impacto da medida no setor: “A supertaxação americana sobre os móveis de madeira e outros itens da pauta exportadora moveleira aprofunda um cenário de vulnerabilidade para centenas de empresas que investiram em adaptação técnica e comercial ao mercado dos Estados Unidos, e que têm nas exportações uma de suas principais atividades. Já observamos reflexos como cancelamentos de contratos, suspensão de embarques, paralisação produtiva com férias coletivas e acúmulo de estoques”, pontuou Cândida.

Esforços diplomáticos e plano de contingência

Durante a reunião, o vice-presidente Geraldo Alckmin reafirmou a posição do Governo Federal em favor da reversão da tarifa. “Não há qualquer justificativa técnica ou comercial para essa tarifa. Oito dos dez principais produtos que os Estados Unidos exportam para o Brasil entram com tarifa zero. A taxa média de importação brasileira é de apenas 2,7%. Defendemos o livre comércio e o multilateralismo, com base no respeito mútuo e na previsibilidade”, discursou.

Alckmin informou que, desde março, o Brasil está em tratativas com o governo dos EUA e que já obteve êxito na exclusão de aproximadamente 65% das exportações brasileiras da nova tarifação, o que representa cerca de US$ 26 bilhões em produtos isentos. Reforçou, ainda, que o setor moveleiro e os demais presentes na reunião seguem como prioridades nas negociações em curso: “A equipe interministerial está concluindo um plano de contingência, que será apresentado nos próximos dias, reunindo medidas estratégicas de apoio e mitigação para os setores mais afetados.”

Impactos e propostas

A reunião também destacou a importância de diversificar mercados e consolidar a presença brasileira em destinos alternativos. A ApexBrasil, parceira da ABIMÓVEL no Projeto Brazilian Furniture, atua na abertura de novas frentes comerciais, com foco em países de diversas regiões, como da União Europeia, Reino Unido, Singapura e integrantes do bloco EFTA (Associação Europeia de Livre Comércio).

A diretora-executiva da ABIMÓVEL reforça, no entanto, que a produção voltada ao mercado norte-americano é, na grande maioria dos casos, altamente customizada, o que limita o redirecionamento imediato para outros destinos,

“Nossa principal reivindicação é manter o diálogo aberto com o governo americano, buscando a exclusão dos móveis de madeira desse pacote de medidas tarifárias, a exemplo do que foi feito com outros itens da pauta. Claro, já apresentamos ao governo brasileiro, para um segundo momento, sugestões como linhas de financiamento aos exportadores por meio do BNDES e do fundo garantidor, medidas trabalhistas semelhantes às adotadas durante a pandemia, além de regimes especiais de drawback. Ainda assim, reitero: a prioridade número um é a exclusão desse capítulo!”, enfatiza Cândida Cervieri.

Ela conclui: “Essa parceria com o mercado americano é estratégica, uma relação construída ao longo de mais de 20 anos, com produtos de alto valor agregado, especialmente quando falamos das madeiras brasileiras. O impacto de uma tarifa unilateral como essa é extremamente preocupante para o segmento, podendo resultar na perda de 9 a 10 mil postos de trabalho. Portanto, a ABIMÓVEL está mobilizada, atuando junto ao poder público e às indústrias exportadoras, para alcançar nosso objetivo de contemplar o mobiliário de madeira na lista de exclusões dessas novas medidas tarifárias”.

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Assessoria de Imprensa: press@abimovel.com

Fonte: Abimóvel

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