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O Brasil vive um novo capítulo em sua trajetória florestal.
Após décadas de consolidação da silvicultura com espécies exóticas, como o eucalipto e o pinus, começa a se desenhar um movimento em favor da valorização das espécies nativas como alternativa produtiva, ambiental e estratégica.
Mas, para que esse movimento ganhe escala e consistência, é preciso reconhecer: as espécies nativas pedem espaço — e apoio.
A história nos oferece uma referência clara.
Nas décadas de 1960 e 1970, o eucalipto também vivia seus primeiros passos no Brasil. Os experimentos pioneiros de Navarro de Andrade já apontavam para seu potencial, mas as produtividades iniciais ainda não garantiam viabilidade econômica para empreendimentos em larga escala.
Foi o incentivo fiscal, com recursos financeiros em condições extremamente favoráveis, que proporcionou o salto decisivo.
Com o apoio público, surgiram grandes projetos. E com eles, vieram os erros, os acertos e, sobretudo, o fortalecimento da pesquisa científica.
Universidades e centros de pesquisa passaram a buscar soluções concretas. A produtividade cresceu, os custos caíram, e a atividade se consolidou como uma das mais competitivas do mundo.
A combinação entre apoio financeiro, desenvolvimento tecnológico e visão de futuro transformou o que era uma promessa em um caso de sucesso internacional.
Hoje, com as espécies nativas, o cenário tem semelhanças notáveis.
Há conhecimento acumulado, pesquisas em andamento e áreas experimentais com resultados promissores.
A biodiversidade brasileira oferece inúmeras possibilidades para a produção de madeiras nobres, fibras, óleos, frutos, além de contribuir com restauração ecológica, geração de carbono e bioeconomia.
O potencial está claro. O que falta é o apoio necessário para que ele se transforme em realidade.
As nativas enfrentam desafios próprios: ciclos mais longos, diversidade genética, maior complexidade de manejo.
Mas isso não é motivo para inação.
Ao contrário: é razão para mais investimento em pesquisa aplicada, melhoramento genético, assistência técnica e extensão rural.
Acima de tudo, falta hoje o que no passado fez toda a diferença: uma política pública específica, que ofereça crédito facilitado, mitigação de riscos, linhas de fomento e marcos regulatórios que estimulem o empreendedorismo florestal com nativas.
O país não pode esperar que as soluções surjam apenas do esforço e dedicação isolada de algumas entidades e profissionais interessados.
Se o Brasil quer, de fato, integrar conservação e produção, inclusão social e sustentabilidade, precisa agir com a mesma ousadia e visão de futuro que demonstrou no passado.
Será que não estamos vivendo o momento de estruturar um programa nacional de incentivos, consolidar um programa nacional de P&D e aprimorar o marco regulatório à silvicultura com espécies nativas com bases técnicas sólidas, financiamento adequado e metas claras de médio e longo prazo?
Dar espaço é reconhecer a importância e a oportunidade de uma nova economia florestal alinhada aos desafios e demandas emergentes.
E dar apoio é garantir os meios para sua viabilização.
As espécies nativas pedem espaço e apoio.
E o país só tem a ganhar ao atender esse chamamento!
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Nelson Barboza Leite – Agrônomo – Silvicultor – nbleite@uol.com.br
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Fonte: Comunidade de Silvicultura
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