O CEDAGRO atualizou o estudo dos coeficientes técnicos e custos de produção de 42 atividades agrícolas em diferentes níveis tecnológicos e situações no estado do Espírito Santo. São 78planilhas eletrônicas que podem ser adaptadas às diversas condições de cada empreendimento, possibilitando, assim, realizar uma análise comparativa dos custos e receitas entre vários produtos agrícolas e, consequentemente, avaliar a rentabilidade e a viabilidade econômica de diferentes culturas elencadas neste trabalho. Essa atualização é feita a cada dois anos.

Um dos resultados do estudo é que os custos de produção geral de várias atividades agrícolas, num período de 2 anos, entre primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2025, tiveram um aumento médio de 25,74%, quase três vezes superior a inflação oficial do período (9,85%). Para alguns produtos agrícolas, esse incremento no custo de produção foi compensado pelo valor pago ao produtor rural. A exemplo, tem-se o café conilon, abacaxi, pimenta do reino, banana da terra e cacau, com aumentos de preços dos produtos, respectivamente, da ordem de 61%, 49%, 96%, 46% e 191%.

CUSTOS E RENDA NA AGRICULTURA

Dentre os itens que compõem os custos de produção, a maior variação observada foi a mão de obra. No período analisado (2023 a 2025) houve um aumento médio de 41%. Tal resultado aponta para um comprometimento do custo de produção, alcançando, em média, aproximadamente 67% do custo total contra33% dos insumos.

Custos versus mercado

Ao avaliar as principais culturas, o estudo mostra que os custos de produção médios no café conilon variaram de R$ 724,63/saca na produtividade de 45sacas/ha e R$ 525,27/saca na produtividade de 120sacas/ha. Os custos do conilon em todas as produtividades estudadas foi, consideravelmente ,inferior ao preço médio pago em 2024 ao produtor rural (R$ 1.140,9/saca).No café arábica os custos variaram de R$ 912,15/saca em baixas produtividades (20 sacas/ha), a R$531,9/saca em altas produtividades (60 sacas/ha). As duas espécies de café, atualmente, apresentam rentabilidades positivas mesmo em baixas produtividades. O resultado do café pode ser explicado pela elevação nos preços do produto, sobretudo do café conilon. No caso do café arábica, ressalta-se que a avaliação foi em relação ao valor do café arábica tipo 7 bebida rio com até 12% de umidade, por ser o mais comumente produzido. A produção de café arábica de qualidade superior pode proporcionar aumento da rentabilidade em função de melhores valores de mercado.]

Algumas frutas como mamão, goiaba, abacaxi, maracujá, banana e tangerina apresentaram rentabilidade média acima de R$ 23.000,00 po rha/ano, para aqueles produtores que conseguiram obter altas produtividades. Também destaca-se o cacau, com aumento de quase 200% no valor pago pela amêndoa entre 2022 e 2024. Com o cenário de bons preços, a atividade alcança altas rentabilidades, superiores à R$ 40.000,00/ha/ano (irrigado a pleno sol).Em relação à pecuária leiteira, na produção de 10litros de leite por animal por dia, o preço pago pelo produto foi 23% superior ao custo de produção, possibilitando ganhos de R$ 918,39 por hectare/ano.

Dentre as olerícolas destacam-se as culturas do tomate e gengibre, que alcançaram rentabilidade superior a 93.000,00/ha/ciclo. Com relação a pimenta do reino, os preços do produto subiram 96% em relação ao último período avaliado. Atualmente, a rentabilidade da cultura está atrativa e pode alcançar R$ 100.000,00 por ha/ano, considerando produtividade de 5.600 kg/ha/ano.

A mandiocultura com produtividade relativamente elevada (25t/ha), também apresentou bons resultados. Por se tratar de uma atividade de menor risco, tendo em vista a baixa suscetibilidade a pragas e doenças e menor exigência nutricional e hídrica e, portanto, baixo custo de produção, está com uma rentabilidade atrativa, que pode ultrapassar R$ 25.000,00/ha/ano.

Além do custo e rentabilidade média estimada nesse estudo, existem outros requisitos a serem considerados na tomada de decisão por parte do produtor/empreendedor rural, como flutuação na demanda e valores de mercado, perecibilidade do produto, exigência de mão-de-obra, desenvolvimento tecnológico e riscos na produção, especialmente os climáticos, dentre outros fatores importantes do arranjo produtivo.

*Obs: Não foram considerados no cálculo de custos o valor da terra, a remuneração do capital aplicado, taxa de elaboração de projetos e assistência técnica, licenças ambientais e taxas administrativas da propriedade rural.

Custo médio: jan-mar/2025 de algumas culturas

 
Para aquisição das planilhas e maiores informações consultar www.cedagro.org.br

Fonte: Boletim eletr Centro de Desenvolvimento do Agronegócioônico do CEDAGRO