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Curso da Iniciativa Verde fortalece a cadeia produtiva do pinhão e a conservação da araucária
Em uma iniciativa voltada para o fortalecimento da cadeia produtiva do pinhão e a conservação da araucária, viveiristas do Vale do Ribeira, organizados pela Iniciativa Verde, participaram do curso “Enxertia e Formação de Pomares de Araucária para Produção de Pinhão“.
A capacitação foi realizada na renomada Embrapa Florestas, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária localizada em Colombo, Paraná. A atividade é parte do Projeto 21.693 – Potencializando viveiros e a inclusão socioprodutiva de frutas nativas no Vale do Ribeira com a Fundação Banco do Brasil.
O curso teve como objetivo principal transferir conhecimentos e tecnologias de ponta para os produtores de mudas, visando otimizar a produção de pinhão, semente da Araucaria angustifolia, árvore símbolo do Sul do Brasil e espécie ameaçada de extinção. A técnica de enxertia, um dos focos da formação, é crucial para antecipar o início da produção de pinhões – que tradicionalmente pode levar de 12 a 15 anos em árvores propagadas por sementes – para um período entre 5 e 7 anos.
Além da precocidade, a enxertia permite a seleção de plantas com características desejáveis, como maior produtividade, definição do sexo da planta (essencial para o planejamento do pomar, já que a araucária é dioica, ou seja, possui plantas masculinas e femininas) e até mesmo o controle do porte da árvore, facilitando a colheita.
A participação dos cerca de 15 viveiristas dos Viveiros Comunitários Barra da Cruz I, Barra da Cruz II e Bela Vista, localizados numa região de grande importância para a mata atlântica, demonstra um crescente interesse na diversificação da produção e na adoção de práticas mais sustentáveis e rentáveis. A Iniciativa Verde, organização conhecida por seus projetos de restauração florestal e desenvolvimento sustentável, desempenhou um papel fundamental ao articular e viabilizar a participação desses produtores no curso.
Ao investir na capacitação dos viveiristas, a Iniciativa Verde busca fomentar uma cadeia de valor para o pinhão que alie geração de renda para as comunidades locais à conservação da araucária, incentivando o plantio e o manejo adequado da espécie. Segundo Ana Cardozo, engenheira florestal e coordenadora de projetos de restauração ecológica e sistemas agroflorestais da ONG e que atua no Vale do Ribeira há mais de dois anos, “durante a oficina eles atentaram para o valor dos frutos da araucária, sendo uma possibilidade de mercado a venda do fruto/pinhão. Assim, eles podem produzir as mudas enxertadas e também vender o pinhão, contribuindo para preservação da araucária e garantindo maior segurança financeira”.
Um dos viveiristas mais atentos às orientações era Zico do Carmo Carvalho da Silva, responsável pelo Viveiro Comunitário Barra da Cruz I. Ele contou que possui 500 mudas de araucária, mas que, como não conhecia direito o processo ainda não tinha plantado. “Achei muito interessante, muito bem explicado e com as informações daqui vai ficar bem mais fácil”, afirmou seu Zico.
A capacitação desses viveiristas representa um passo importante para a expansão do cultivo de araucárias com foco na produção de pinhão no Vale do Ribeira. Espera-se que, com o conhecimento adquirido, eles possam produzir mudas de alta qualidade, impulsionando a criação de novos pomares na região. Essa movimentação é estratégica tanto do ponto de vista econômico, ao gerar novas oportunidades de renda, quanto ambiental, ao promover o plantio de uma espécie nativa de grande relevância ecológica e cultural, auxiliando em sua proteção e valorização.
A Embrapa Florestas é referência nacional em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias para o setor florestal. Seus especialistas compartilharam com os participantes os protocolos de enxertia desenvolvidos pela instituição, bem como conhecimentos sobre a formação e o manejo de pomares de araucária. A formação de pomares clonais, utilizando mudas enxertadas de matrizes selecionadas, não só garante uma produção mais rápida e uniforme, como também contribui para a conservação genética da espécie, ao permitir a multiplicação de indivíduos com características superiores. O curso foi ministrado por Ivar Wendling, pesquisador e engenheiro florestal e Emiliano Santarosa, engenheiro agrônomo e supervisor na área de transferência de tecnologia, ambos da Embrapa Florestas.
Fonte: Redação CicloVivo
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