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Notícias

18
out
2022
(OPINIÃO)
E o setor florestal brasileiro, quem vai mexer esse bolo?

Aí vem logo a pergunta – que setor florestal?

E cabem inúmeras indagações para uma resposta à altura das demandas existentes!

Estamos procurando definir aquele setor, que se agigantou, mas que já esteve, há tempos atrás, contido numa única instituição das florestas, o antigo IBDF. Nos tempos modernos, com tantas ligações entre as mais diversas atividades, com as novas demandas, nem dá para imaginar que uma instituição como o antigo IBDF pudesse atender!

Mas para quem quer ter uma ideia de nossas angústias, a antiga casa que juntava todos os assuntos florestais parece ser uma boa referência. Há de se imaginar numa entidade de ampla abrangência, que possa cuidar, dentre várias atribuições do desmatamento, do manejo e das concessões de florestas, da comercialização de madeira, dos parques, das florestas nacionais e outras unidades de conservação, das florestas plantadas para celulose, chapas e carvão, da recuperação de áreas degradadas, das pesquisas com nossas espécies nativas, etc.

Talvez junte atribuições do Serviço Florestal, IBAMA, ICMBIO e outras entidades. Afinal, cabem discussões para definir com clareza, onde começa, o que compreende e até onde vai o setor!

E pondo mais lenha nessa fogueira – é aceitável que não se tenha definições claras para um conjunto de atividades que se ligam entre si, e que participam com quase 3% do PIB, com a maior reserva florestal estratégica para mitigação dos efeitos climáticos do mundo, com a maior biodiversidade do planeta, que emprega milhões de brasileiros, que abriga na sua área de influência mais de 30 milhões, que tem as florestas plantadas de maior produtividade e competitividade, com um patrimônio científico e tecnológico reconhecido a nível internacional e que ainda tem possibilidade de se tornar uma potência global no mercado de carbono?

Enfim, é desse conjunto de atividades, que estamos falando – seria um ministério? Uma secretaria especial com ligações múltiplas? Ou o Serviço Florestal Brasileiro seria devidamente estruturado e com autonomia suficiente para dar conta do recado?

Só não dá para continuar esquartejado em diferentes salas e instituições!
Será que ainda há dúvidas quanto à importância e necessidade do setor florestal se preparar e se estruturar, adequadamente, para atender às demandas dos novos tempos e aproveitar nossas riquezas naturais e o potencial de desenvolvimento para bem de todos os brasileiros?

De qualquer forma, continua a indagação – quem vai mexer esse bolo?

Fica para reflexão das entidades representativas, milhares de profissionais em plena atividade e estudantes em preparação em mais de 50 cursos de engenharia florestal existentes no Brasil!

A agricultura por volta dos anos 70 se transformou e criou o Brasil do Agronegócio!
Em que momento, faremos o mesmo com o setor florestal?

Nelson Barboza Leite – Diretor da Teca e Daplan – Gestão e Serviços Florestais – nbleite@uol.com.br

Fonte: Nelson Barboza Leite

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