Notícias
“Cientistas têm que provar que não há prejuízo no comércio de espécies ameaçadas”. A afirmação é da economista ambiental Ivonne Higuero durante a plenária que discutiu “Biodiversidade, Serviços Ambientais e Invasões Biológicas”, no XXV Congresso Mundial da IUFRO.
Para uma plateia formada em sua maioria por cientistas, a secretária-geral da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Silvestres ameaçadas de extinção (Cites), explicou as bases da convenção e enfatizou a importância da pesquisa para a conservação das espécies. “Dados científicos devem ser transformados em decisão política”, disse Higuero.
Atualmente, a Cites conta com 183 países membros, entre eles o Brasil. O acordo regulamenta o comércio legal, rastreável e sustentável de espécies da fauna e da flora. “A base da convenção é a Ciência”, pontuou a economista. Para se ter uma déia, são 500 espécies madeireiras listadas com algum grau de extinção, sendo que 97% delas podem ser comercializadas, desde que cumpridas algumas regras. “Os países indicam quais as espécies devem estar na lista, dão a motivação científica e explicam o porquê do comércio’, esclareceu.
Para Higuero, a pesquisa que serve de base para a convenção deve ter um olhar holístico e avaliar riscos. “É necessário verificar se não há outros impactos que envolvem estas espécies”, comentou. Segundo a secretária, os manuais da Cites são revistos a cada dos anos desde 1975, tendo sempre como requisitos os dados científicos e as avaliações de risco.
Questionada sobre como os cientistas da IUFRO ((International Union of Forest Research Organizations) podem contribuir para a Cites, Ivonne Higuero sugeriu que os projetos de pesquisa sejam capacitadores, pois muitas espécies passam pelos países sem que as pessoas saibam identificá-las. Além disso, ela afirmou que os estudos devem ter o envolvimento de comunidades locais, pois as mesmas têm um papel importante na conservação das espécies.
A secretária revelou ainda que o comércio ilegal de espécies ameaçadas de extinção está crescendo e envolve bilhões de dólares, documentos fraudados e violência. Higuero apresentou como exemplo a comercialização do Jacarandá. O comércio desta madeira, que também é conhecida como o marfim da floresta, representa 35% dos crimes contra a vida selvagem, sendo a maior parte das apreensões na China.
Comunicação entre as árvores
Além de Ivonne Higuera, a plenária desta terça-feira foi presidida por John Parrota, do Serviço Florestal dos Estados Unidos, e teve ainda a palestra de Suzanne Simard, professora de ecologia florestal da Universidade da Columbia Britânica.
Na palestra Voices of the mother tree (Vozes da árvore mãe), Suzanne falou como desenvolveu a teoria da "árvore mãe", em que uma planta ajuda outras infectando-as com fungos e fornecendo os nutrientes que elas necessitam para crescer. “Se ao fazer cortes, mantivermos árvores próximas, conseguimos manter a diversidade e aumentar a regeneração”, afirmou Simard.
Realizado pela primeira vez na América Latina, o IUFRO2019 foi promovido pela Embrapa, Serviço Florestal Brasileiro e IUFRO.
Ana Lucia Ferreira (MTb 16913/RJ)
Fonte: Embrapa Florestas
Notícias em destaque





