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Notícias

18
out
2019
(CIÊNCIA)
Especialista afirma que Ciência deve ser a base para a política de conservação das espécies

“Cientistas têm que provar que não há prejuízo no comércio de espécies ameaçadas”. A afirmação é da economista ambiental Ivonne Higuero durante a plenária que discutiu “Biodiversidade, Serviços Ambientais e Invasões Biológicas”, no  XXV Congresso Mundial da IUFRO.

Para uma plateia formada em sua maioria por cientistas, a secretária-geral da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Fauna e Flora Silvestres ameaçadas de extinção (Cites), explicou as bases da convenção e enfatizou a importância da pesquisa para a conservação das espécies. “Dados científicos devem ser transformados em decisão política”, disse Higuero.

Atualmente, a Cites conta com 183 países membros, entre eles o Brasil. O acordo regulamenta o comércio legal, rastreável e sustentável de espécies da fauna e da flora. “A base da convenção é a Ciência”, pontuou a economista.  Para se ter uma déia, são 500 espécies madeireiras listadas com algum grau de extinção, sendo que 97% delas podem ser comercializadas, desde que cumpridas algumas regras. “Os países indicam quais as espécies devem estar na lista, dão a motivação científica e explicam o porquê do comércio’, esclareceu.

Para Higuero, a pesquisa que serve de base para a convenção deve ter um olhar holístico e avaliar riscos. “É necessário verificar se não há outros impactos que envolvem estas espécies”, comentou. Segundo a secretária, os manuais da Cites são revistos a cada dos anos desde 1975, tendo sempre como requisitos os dados científicos e as avaliações de risco.

Questionada sobre como os cientistas da IUFRO ((International Union of Forest Research Organizations) podem contribuir para a Cites, Ivonne Higuero sugeriu que os projetos de pesquisa sejam capacitadores, pois muitas espécies passam pelos países sem que as pessoas saibam identificá-las. Além disso, ela afirmou que os estudos devem ter o envolvimento de comunidades locais, pois as mesmas têm um papel importante na conservação das espécies.

A secretária revelou ainda que o comércio ilegal de espécies ameaçadas de extinção está crescendo e envolve bilhões de dólares, documentos fraudados e violência. Higuero apresentou como exemplo a comercialização do Jacarandá. O comércio desta madeira, que também é conhecida como o marfim da floresta, representa 35% dos crimes contra a vida selvagem, sendo a maior parte das apreensões na China.

Comunicação entre as árvores

Além de Ivonne Higuera, a plenária desta terça-feira foi presidida por  John Parrota, do Serviço Florestal dos Estados Unidos, e teve ainda a palestra de Suzanne Simard, professora de ecologia florestal da  Universidade da Columbia Britânica.

Na palestra Voices of the mother tree (Vozes da árvore mãe), Suzanne falou como desenvolveu a teoria da "árvore mãe", em que uma planta  ajuda outras infectando-as com fungos e fornecendo os nutrientes que elas necessitam para crescer. “Se ao fazer cortes, mantivermos árvores próximas, conseguimos manter a diversidade e aumentar a regeneração”, afirmou Simard.

Realizado pela primeira vez na América Latina, o IUFRO2019 foi promovido pela Embrapa, Serviço Florestal Brasileiro e IUFRO.

Ana Lucia Ferreira (MTb 16913/RJ)

Fonte: Embrapa Florestas

ITTO Sindimadeira_rs