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Notícias

16
out
2019
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Mulheres precisam ocupar espaço na gestão florestal

“Mulheres: ainda é preciso coragem e determinação  para ocupar espaços tradicionalmente masculinos”, foi assim que a pesquisadora da Embrapa Amapá, Ana Margarida Euler, iniciou sua palestra na sessão "Women and forests: promoting gender equality connecting research, public policies and forest management in the tropics", realizada  no auditório principal do XXV Congresso da Iufro.

Em sua apresentação, Euler enfatizou a importância da participação das mulheres na governança florestal. Como exemplo,  a pesquisadora falou sobre sua experiência como gestora do Instituto Estadual de Florestas do Amapá e o trabalho desenvolvido por mulheres em atividades florestais na Reserva Extrativista Verde para Sempre. O manejo florestal  era desenvolvido em sua maioria pelos homens, até que mulheres resolveram assumir o comando. “Ainda somos  poucas, precisamos de mais, para inspirar outras companheiras a  enfrentar  esse desafio”, ressaltou.

Uma das referências do protagonismo feminino da reserva é a extrativista Maria Margarida da Silva, gestora da Cooperativa Mista do Rio Arimum, em Porto de Moz (Pará). Sua atuação já foi reconhecida internacionalmente como militante da vida comunitária e por sua gestão sustentável das florestas,  além de  contribuir fortemente  com politicas publicas para o manejo florestal sustentável na Amazônia.

Outra experiência, foi apresentada pela professora do curso de Engenharia Florestal, da Universidade de Eldoret, no Quênia, Jane Kiragu.  De acordo com a professora, o número de mulheres quenianas  que procuram se profissionalizar na área de manejo florestal está cada vez mais reduzido, de 14 inscritos, apenas duas são mulheres. “Estamos percebendo que as mulheres procuram profissões que oferecem maior conforto, sejam desenvolvidas em áreas urbanas e exijam menos trabalho braçal”, disse.

Outra questão levantada pela professora é que as meninas não cursam disciplinas ligadas à ciência na fase de formação para a universidade. Para a professora, é preciso mudar essa percepção, as poucas mulheres que desenvolvem atividades florestais fazem seu trabalho com qualidade,  se destacam mesmo competindo com colegas do sexo masculino.

As politicas públicas do setor florestal precisam beneficiar e valorizar o papel das mulheres com relação ao direito à terra e igualdade de gênero, ressaltou a antropóloga Purabi Bose, quando falou da realidade da mulher e sua história na  conservação da biodiversidade em comunidades tradicionais na Índia, Uganda e América Latina.

“É preciso mulheres ativas, participando de capacitações com foco no empreendedorismo feminino para que se tornem cada vez mais independentes”, afirmou a antropóloga.

No final do evento, a extrativista Margarida Silva cantou: para manejar tem que inventariar, para manejar tem que se capacitar, para manejar tem que rebolar....

Realizado pela primeira vez na América Latina, o IUFRO2019 foi promovido pela Embrapa, Serviço Florestal Brasileiro e IUFRO.

Mauricilia Silva (Mtb 429/AC)

Fonte: Embrapa Acre

ITTO Sindimadeira_rs