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Com países apostando em políticas de incentivo, sistemas construtivos em madeira ganham mais visibilidade e podem ser peça fundamental no combate às mudanças climáticas
De uma fase de demonstração, onde se via um único prédio em lugares diferentes, para uma nova fase comercial. Na avaliação do engenheiro Eric Karsh, da consultoria canadense Equilibrium, a oportunidade de crescimento em escala de prédios em madeira é única. Ele lembrou que há sete anos, ao lado do arquiteto Michael Green, projetou um prédio em Vancouver que foi o marco da construção em altura em madeira na América do Norte. De lá pra cá, segundo ele, a evolução foi grande em número e qualidade das estruturas desenvolvidas. “Passamos de uma fase de demonstração, um prédio em cada lugar, para entrar em fase comercial, de escala em prédios altos de madeira”, afirmou na mediação que fez do painel que integrou o segundo dia do Woodrise 2019, realizado em Quebec, no Canadá até esta sexta-feira, 4 de outubro.
O que era uma tendência realmente parece que veio para ficar. Pelo menos é a aposta de países como Áustria, Canadá, China, Finlândia, França, Alemanha, Japão, Noruega, Suécia, Estados Unidos e Uruguai e Brasil. Esses são alguns dos países que, segundo Jennifer Cover, presidente e CEO do WoodWorks – Conselho de Produtos Madeira dos Estados Unidos, têm discutido e aprovado mudanças nas legislações para viabilizar as construções em madeira, em alguns casos, inclusive, com incentivos por parte do governos. A engenheira apresentou aos congressistas o estado da arte das construções altas em madeira pelo mundo.
Na China, por exemplo, de acordo com a engenheira e professora Minjuan He, a preocupação com o consumo, demanda energética e emissão de CO2 é uma realidade. O governo assumiu o compromisso de buscar formas de reduzir a emissão de gás carbônico nas novas construções. Para isso, estão sendo realizados ensaios para analisar a emissão de CO2 em construção. No caso do ciclo de vida de sistemas construtivos com madeira, foi possível identificar, segundo Minjuan, redução de 20% de emissão.
China busca sistemas construtivos que gerem menor impacto ambiental
Outro local que também tem as construções com madeira uma das peças-chave para reduzir o impacto das construções no clima é a cidade de Växjö na Suécia. Johan Thorsell apresentou no Congresso as transformações que estão sendo feitas no município para que, até 2020, 50% dos prédios sejam em madeira e, até 2030, a cidade seja neutra em emissão de CO2.
Oportunidades de negócios
Acompanhando as transformações na construção civil mundial, as empresas tentam encontrar formas de inovar e atuar nesse mercado, de olho na expectativa de crescimento na demanda. Somente nos Estados Unidos, por exemplo, segundo Karim Khalifa, diretor de inovações em construção da Sidewalk Labs, responsável pelo projeto de um bairro inteiro em madeira massiva em Toronto, o número de prédios a serem construídos nos próximos 15 anos é enorme. A previsão é de que em um único estado, a Califórnia, sejam construídos 32 mil prédios em madeira.
Arquiteta Ana Belizário apresentou o projeto do edifício da Amata no Brasil
O Brasil também participou do evento e mostrou que está atento às transformações mundiais. As arquitetas Ana Belizário e Carol Bueno, representando a Amata e o escritório de arquitetura Triptyke, falaram sobre o trabalho que a Amata vem fazendo. Desde o desafio da produção de madeira na região Amazônica e também em plantios florestais no Sul do país, passando pela realidade da construção no Brasil e o projeto para a construção de um edifício em madeira em São Paulo.
Desafios
Para o arquiteto francês Nicolas Laisné, três pontos são importantes para quem trabalha com projetos em madeira. Primeiro, a necessidade de que as estruturas tenham flexibilidade e possam ter seus usos transformados. Segundo, que possam ser compartilhados e, por último, que atendam a grande densidade urbana das cidades, dando qualidade de vida para as pessoas.
Na avaliação do engenheiro Guilherme Stamato, que acompanha o Woodrise 2019, o recado que fica dos especialistas de diferentes locais do mundo é de que os esforços devem estar em tornar competitivo esse tipo de construção. Para isso, será preciso compartilhar conhecimento e trabalhar junto, por ser tudo muito novo. Além disso, vai ser necessário continuar desenvolvendo a indústria de derivados de madeira, estimular o conhecimento desde a escola na formação profissional, e focar na construção off site, mais eficiente do que a in loco.
Fonte: Por Juliane Ferreira com informações de Guilherme Stamato
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