Cada vez mais os temas relacionados à sustentabilidade das florestas ganham força e protagonismo nas mais variadas frentes de discussão, tornando-se relevante e essencial para o desenvolvimento econômico. Nos últimos 30 anos, acompanhamos eventos e reuniões com representantes de diversos países para discutir o futuro do nosso planeta.

No mundo corporativo o cenário não é diferente, as empresas estudam as oportunidades para contribuírem positivamente com o meio ambiente e com as comunidades onde atuam, seja firmando parcerias com Organizações Não Governamentais (ONGs) das localidades onde possuem fábricas, escritórios, ou desenvolvendo propriamente projetos que buscam o bem-estar e desenvolvimento da sociedade. E, acreditando que todos temos um papel importante quando o tema é a sustentabilidade, há exatos 20 anos pude participar, como profissional da International Paper (IP), de uma iniciativa com o Instituto de Botânica (IBt) de São Paulo.

Essa iniciativa vai além de uma parceria privada, é um projeto de reconstrução de uma mata nativa, localizada às margens dos rios Mogi Guaçu e Mogi Mirim em São Paulo, hoje categorizada como Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Parque Florestal São Marcelo. A IP possuía uma área, que necessitava de restauração ecológica para transformá-la numa reserva natural, foi quando tivemos a oportunidade de trabalhar com o IBt para iniciar o processo de restauração desse local.

A tarefa era desafiadora. Afinal, restaurar uma floresta exigiu a expertise de diversos especialistas. Após a realização de estudos, foi identificado a necessidade de um número mínimo de 80 espécies de plantas nativas arbóreas para garantir a diversidade da mata, obtendo um ambiente sustentável e independente, em um período de, no mínimo, 10 anos para se alcançar os resultados desejados. A parceria foi benéfica para ambas as partes. A IP precisava recuperar a área e o Instituto precisava de apoio para desenvolver as novas tecnologias e metodologias de restauração ecológica necessárias para um projeto como esse, além de subsidiar estudos acadêmicos, como dissertações de mestrado e teses de doutorado.

Após muitas análises e experimentações, em 2002 deu-se iniciada a jornada para reconstruir a mata nas proximidades do rio Mogi Guaçu, dentro da RPPN Parque São Marcelo. Foram introduzidas 101 espécies de plantas, 21 a mais do que o mínimo necessário, em um espaço de 240 hectares.

Hoje, 16 anos depois, podemos afirmar que é possível reconstruir um ambiente sustentável e capaz de se manter com seu próprio esforço. É possível sustentarmos as nossas florestas e melhorarmos o nosso planeta quando acreditamos na sustentabilidade das nossas ações. Essa iniciativa foi reconhecida como a primeira área restaurada com alta diversidade específica do estado de São Paulo que embasou o aperfeiçoamento das políticas públicas sobre restauração ecológica no Estado, mas para nós, foi uma forma de também contribuir com as próximas gerações.

Miguel Magela Diniz – Biólogo da International Paper

Fonte: Celulose Online