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Resistente, flexível, leve, renovável, econômico e sustentável.
Essas são apenas algumas das qualidades do bambu, matéria-prima ainda pouco explorada no Brasil em escala industrial.
Da fabricação de móveis e pisos à produção de carvão, tecidos e instrumentos, a planta oferece uma diversidade de usos, servindo de alternativa a outros materiais, com menor custo-benefício.
Um projeto desenvolvido por pesquisadores, estudantes e técnicos do Centro de Pesquisa e Aplicação de Bambu e Fibras Naturais (CPAB) da Universidade de Brasília aposta em aplicação inovadora para a planta: a construção de uma parada de ônibus.
O primeiro protótipo já pode ser conferido na UnB. Implantada nas proximidades da Casa do Estudante (CEU) e do Centro Olímpico (CO), no campus Darcy Ribeiro, a estrutura foi projetada a partir de uma combinação de bambu laminado e eucalipto de reflorestamento.
O local não foi escolhido por acaso para receber a novidade: além de ter considerável circulação de estudantes que dependem do transporte público, o ponto necessitava de uma estrutura para abrigá-los da incidência do sol e da chuva.
Outros detalhes se incluem no design arrojado do protótipo, como telha metálica e piso e fundação em concreto.
Diretor do CPAB e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), Jaime Almeida enumera alguns dos benefícios desse tipo de aplicação do bambu: além de propiciar mais conforto térmico que outros materiais, por ser bastante fibrosa, a planta possui mais resistência do que outras madeiras de média densidade e é facilmente maleável.
O docente garante ainda que o impacto ambiental da exploração da fibra é mínimo.
A planta apresenta outras vantagens, como a sustentabilidade no manejo.
“O bambu tem propagação rápida. Quando uma touceira está formada – o que leva cerca de sete anos –, de ano em ano se consegue recolher o material. Além de ter custo viável, a colheita não depreda o meio ambiente, porque a capacidade de regeneração da planta é alta”, explica Almeida.
Experiência
Envolvida no projeto, a estudante do curso de Arquitetura e Urbanismo Gisele Fernandes de Oliveira teve a oportunidade de acompanhar todo o processo de produção, além da montagem da parada, feita em três dias.
O aprendizado contribuiu não só para a sua formação científica, mas também profissional.
“Já me interessava pelo bambu como material de construção, mas via ele sendo usado comumente in natura. Foi minha primeira experiência com o bambu laminado em associação com a madeira, até porque é um material bem pioneiro”, revela.
Antes de chegar ao resultado final, é necessária uma série de processos para a laminação do bambu, principal matéria-prima do artefato.
Essas etapas são realizadas na Oficina de Bambu e Madeira da CPAB.
Primeiramente, o material passa por uma máquina para separar bambu em ripas. Em seguida, ele é planificado para ganhar uniformidade.
O tratamento das lâminas é feito com a imersão em um tanque com sal de boro durante cinco dias.
Após retirado, o material é seco e prensado, o que o torna finalmente pronto para uso.
A estrutura ficará em observação durante dez meses, para aperfeiçoamento da ideia e avaliação da durabilidade.
“Veremos o comportamento e a resistência do material com o uso. Depois disso, vamos refazer o protótipo e colocá-lo à disposição do governo local”, explica Jaime. Outras seis réplicas deverão ser instaladas futuramente em outros espaços urbanos de Brasília.
Outros usos
Além da parada de ônibus, o projeto inclui ainda a adoção da fibra de bambu na confecção de mobiliário escolar.
Um conjunto de mesa, cadeira e estante produzido pela equipe do CPAB será disponibilizado para testes em uma escola de ensino fundamental do Distrito Federal durante seis meses. D
esta vez, a matéria-prima consiste em uma mistura de bambu laminado com pinus, também resistente e que causa menor impacto ambiental.
Com a comprovação da qualidade dos produtos, Jaime acredita que será possível incentivar a fabricação de peças em maior escala.
Com a transferência da tecnologia para empresas incubadas de cunho social, pretende-se também estimular o desenvolvimento de uma cadeia produtiva voltada aos pequenos agricultores e produtores, com base no cultivo e beneficiamento do bambu.
Centro
Criado em 2007, o Centro de Pesquisa e Aplicação de Bambu e Fibras Naturais (CPAB) desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão focadas no desenvolvimento tecnológico a partir do uso inovador do bambu e outras plantas, além da difusão desse conhecimento e de práticas sustentáveis à sociedade.
Também é eixo de suas atividades a valorização dos saberes tradicionais de povos que empregam essas matérias-primas na confecção de objetos.
A unidade é pioneira na UnB em experimentos com bambu, fibras naturais e madeira.
Fonte: Agroemdia/Celuloseonline
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