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Notícias
22
nov
2005
(GERAL)
Resistente e maleável, mogno é a madeira mais cobiçada
A principal razão que faz do mogno a estrela maior do trágico espetáculo do desmatamento amazônico é a sua estabilidade dimensional, que lhe dá extraordinária resistência às ações da umidade, explica o biólogo Geraldo Zenid, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo. Mas também contribui para a derrubada indiscriminada dessa bela árvore tropical, que pode alcançar entre 25 e 30 metros de altura, a bela textura avermelhada que cativa brasileiros e estrangeiros.
E não é só: o mogno tem extraordinária maleabilidade. "É uma madeira muito fácil de cortar, lixar e furar", completa Zenid. Tem alta resistência à ação de cupins. Mas, acima de tudo, é uma madeira que tem grife. Na Europa, o mogno é conhecido desde que Cristóvão Colombo, ao regressar à Espanha depois da descoberta da América, levou algumas toras da madeira vermelha que encantaria o reino de Fernando e Isabel de Castela.
"Embora seja utilizado no Brasil há 80 anos, o mogno só se tornou chique na década de 60, quando chegou ao País a moda dos móveis em estilo inglês, feitos com madeiras vermelhas", conta a empresária e designer Etel Carmona. Foi também a época em que começavam a rarear as madeiras tradicionais da Mata Atlântica, hoje praticamente extintas, como imbuia, jacarandá, pau-brasil e pau-marfim. A abertura da Belém-Brasília serviu de rota facilitadora ao voraz avanço sobre o mogno.
TERRA ARRASADA
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) arrisca estimar que o Brasil exportou 4 milhões de metros cúbicos de mogno entre 1971 e 2001. E mais 1,7 milhão teria sido consumido pelo mercado interno - algo que corresponde ao assustador número de dois 2 milhões de árvores tombadas. Esse total de 5,7 milhões de metros cúbicos de mogno significa algo em torno de US$ 6,84 bilhões (considerando o preço atual de US$ 1,2 mil o metro cúbico).
O modelo de exploração do mogno segue um conceito de terra arrasada - nos locais onde a madeira é extraída, assinala um estudo do Greenpeace, não resta uma árvore da espécie. Outro estudo, do World Wide Foundation (WWF), apresentado pela presidente do WWF no Brasil, Denise Hamu, mostra que a regeneração do mogno na Floresta Amazônica é muito mais lenta do que no México e na América Central. A árvore tem resistência a intempéries, mas precisa de luz e espaço para se reproduzir.
A grande incidência de mogno na Amazônia seria explicada pela ocorrência de grandes catástrofes que destruíram a floresta (mas não o mogno) e teriam facilitado a reprodução de sementes nas clareiras abertas. A última grande catástrofe natural na Amazônia ocorreu há 400 anos - um imenso incêndio, seguido de seca - e a maioria dos conjuntos de mogno amazônicos datariam dessa época, dizem os cientistas.
O metro cúbico do mogno custa hoje, em média, quase três vezes o preço das outras madeiras nobres - entre US$ 1,2 mil e US$ 1,4 mil no mercado internacional, informa o Greenpeace. São preços do mercado clandestino, pois o mogno com certificado se tornou uma raridade na Amazônia. Outras madeiras certificadas de uso nobre, como o freijó, a sucupira, a imbuia e o cedro, alcançam, em São Paulo, preços que vão de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil o metro cúbico.
MODISMO
Um mogno com 200 anos tem volume aproximado de 5 metros cúbicos e, no processo de industrialização, será reduzido para cerca de 3 metros cúbicos em pranchas que serão vendidas por mais de R$ 10 mil e servirão para a fabricação de 12 a 15 mesas. Segundo o site do Greenpeace, uma única dessas mesas é vendida na rede Harrod's, de Londres, por US$ 8,5 mil. A árvore que na selva valia R$ 125 chega próximo de US$ 128,25 mil no caixa da Harrod's.
Nem precisaria ser assim. Geraldo Zenid atesta que houve super-exploração do mogno. Etel Carmona lembra que a muirapitanga, uma árvore da mesma família do pau-brasil e com boa ocorrência na Amazônia, tem ótima densidade, é bonita, mas pouco procurada. Ela acha que os designers poderiam dar novos rumos à movelaria, de forma a aliviar a demanda pelo mogno, usando cedro, sucupira, cumaru e outras madeiras menos solicitadas, mas igualmente belas.
Zenid lembra que o pau-marfim foi extinto depois que, nos anos 70, esgotou-se ante o modismo dos pisos claros. Hoje só é encontrado no Paraguai e em alguns projetos de manejo no Brasil. Situação parecida se deu com o ipê, tradicional no oeste maranhense e no sul do Pará, quase extinto depois que virou moda usá-lo em assoalhos e em modelagens estruturais de residências.
Fonte: amazônia.org.br – 01/03/2005
E não é só: o mogno tem extraordinária maleabilidade. "É uma madeira muito fácil de cortar, lixar e furar", completa Zenid. Tem alta resistência à ação de cupins. Mas, acima de tudo, é uma madeira que tem grife. Na Europa, o mogno é conhecido desde que Cristóvão Colombo, ao regressar à Espanha depois da descoberta da América, levou algumas toras da madeira vermelha que encantaria o reino de Fernando e Isabel de Castela.
"Embora seja utilizado no Brasil há 80 anos, o mogno só se tornou chique na década de 60, quando chegou ao País a moda dos móveis em estilo inglês, feitos com madeiras vermelhas", conta a empresária e designer Etel Carmona. Foi também a época em que começavam a rarear as madeiras tradicionais da Mata Atlântica, hoje praticamente extintas, como imbuia, jacarandá, pau-brasil e pau-marfim. A abertura da Belém-Brasília serviu de rota facilitadora ao voraz avanço sobre o mogno.
TERRA ARRASADA
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) arrisca estimar que o Brasil exportou 4 milhões de metros cúbicos de mogno entre 1971 e 2001. E mais 1,7 milhão teria sido consumido pelo mercado interno - algo que corresponde ao assustador número de dois 2 milhões de árvores tombadas. Esse total de 5,7 milhões de metros cúbicos de mogno significa algo em torno de US$ 6,84 bilhões (considerando o preço atual de US$ 1,2 mil o metro cúbico).
O modelo de exploração do mogno segue um conceito de terra arrasada - nos locais onde a madeira é extraída, assinala um estudo do Greenpeace, não resta uma árvore da espécie. Outro estudo, do World Wide Foundation (WWF), apresentado pela presidente do WWF no Brasil, Denise Hamu, mostra que a regeneração do mogno na Floresta Amazônica é muito mais lenta do que no México e na América Central. A árvore tem resistência a intempéries, mas precisa de luz e espaço para se reproduzir.
A grande incidência de mogno na Amazônia seria explicada pela ocorrência de grandes catástrofes que destruíram a floresta (mas não o mogno) e teriam facilitado a reprodução de sementes nas clareiras abertas. A última grande catástrofe natural na Amazônia ocorreu há 400 anos - um imenso incêndio, seguido de seca - e a maioria dos conjuntos de mogno amazônicos datariam dessa época, dizem os cientistas.
O metro cúbico do mogno custa hoje, em média, quase três vezes o preço das outras madeiras nobres - entre US$ 1,2 mil e US$ 1,4 mil no mercado internacional, informa o Greenpeace. São preços do mercado clandestino, pois o mogno com certificado se tornou uma raridade na Amazônia. Outras madeiras certificadas de uso nobre, como o freijó, a sucupira, a imbuia e o cedro, alcançam, em São Paulo, preços que vão de R$ 1,5 mil a R$ 2,5 mil o metro cúbico.
MODISMO
Um mogno com 200 anos tem volume aproximado de 5 metros cúbicos e, no processo de industrialização, será reduzido para cerca de 3 metros cúbicos em pranchas que serão vendidas por mais de R$ 10 mil e servirão para a fabricação de 12 a 15 mesas. Segundo o site do Greenpeace, uma única dessas mesas é vendida na rede Harrod's, de Londres, por US$ 8,5 mil. A árvore que na selva valia R$ 125 chega próximo de US$ 128,25 mil no caixa da Harrod's.
Nem precisaria ser assim. Geraldo Zenid atesta que houve super-exploração do mogno. Etel Carmona lembra que a muirapitanga, uma árvore da mesma família do pau-brasil e com boa ocorrência na Amazônia, tem ótima densidade, é bonita, mas pouco procurada. Ela acha que os designers poderiam dar novos rumos à movelaria, de forma a aliviar a demanda pelo mogno, usando cedro, sucupira, cumaru e outras madeiras menos solicitadas, mas igualmente belas.
Zenid lembra que o pau-marfim foi extinto depois que, nos anos 70, esgotou-se ante o modismo dos pisos claros. Hoje só é encontrado no Paraguai e em alguns projetos de manejo no Brasil. Situação parecida se deu com o ipê, tradicional no oeste maranhense e no sul do Pará, quase extinto depois que virou moda usá-lo em assoalhos e em modelagens estruturais de residências.
Fonte: amazônia.org.br – 01/03/2005
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