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Com 17 mil hectares de florestas plantadas, produtores se organizam para agregar ainda mais valor para madeira de eucalipto
Olhando para o futuro, a Associação dos Produtores de Eucalipto do Sul e Extremo Sul da Bahia (ASPEX) promoveu na manhã desta quinta-feira, 07.12, o primeiro workshop Diversifica ASPEX..
Aproximadamente 50 produtores florestais da região de Eunápolis foram buscar soluções, ideias e conhecimento para diversificar os ganhos em suas propriedades rurais através do manejo estratégico de florestas plantadas.
A maioria dos associados, atualmente, é fornecedora de madeira para a fábrica de celulose Veracel.
"Como todo mercado passa por mudanças e estamos atentos à isso, promovemos o Diversifica ASPEX, a fim de apresentar as possibilidades para o uso múltiplo da madeira, com informação de altíssima qualidade, para que nosso associado e participantes estejam cientes dos desafios e das oportunidades do mercado florestal", comentou Gleyson Araújo de Jesus, presidente da ASPEX.
Os associados possuem mais de 17 mil hectares de florestas de eucalipto com dupla certificação florestal dentro do programa de fomento e buscam agregar áreas que chegam a 8 mil hectares de produtores florestais não fomentados podendo desenvolver projetos para processamentos de madeira.
Esse foi o foco do workshop realizado na Fazenda São Pedro de Erton Sanchez, um dos associados e membro da diretoria da ASPEX.
O primeiro convidado foi o especialista em alta produtividade, Celso Medeiros, que apresentou o passo a passo do manejo para múltiplo uso.
É PRECISO PREPARAR O SOLO
Celso enfatizou a importância de se preparar muito bem o solo. "Sou um defensor categórico de que se deve mexer no solo, fazer todas as devidas correções. Isso impacta diretamente na qualidade das florestas e, consequentemente, na produtividade", ressaltou Medeiros contrapondo os defensores do "cultivo mínimo".
Celso se preocupou em compartilhar, de forma bastante prática, os erros e acertos acumulados ao longo de mais de 40 anos de experiência.
TORAS PARA SERRARIAS
Gabriel Marques, um dos maiores especialistas país em engenharia industrial da madeira, também participou do workshop. Diretor da SERF, de São Leopoldo (RS), Gabriel explicou a necessidade de se "preparar a floresta para ciclos longos".
"Uma tora de baixo diâmetro tem mercado, com menor valor agregado. Dá para fazer embalagens, paletes, caixas e estrutura de móveis como sofá, por exemplo", exemplificou Gabriel.
Para toras com maior diâmetros existem outras aplicações com um valor de mercado muito maior. Uma das sugestões que ele deu para o público presente foi de também diversificar as espécies.
"Sempre recomendo: se, possível, plantar clones adequados para madeira serrada mas também um pouco de citriodora, de repente, pinus, enfim, pensar na produção florestal da maneira mais ampla possível", concluiu.
CONSUMO DO EUCALIPTO SERRADO
O neozelandês Nicholas Peters Rogers, que foi um dos responsáveis pelo projeto da Lyptus no Brasil, apresentou o potencial de consumo do eucalipto serrado.
Não são poucos os mercados para esse tipo de madeira. De esquadrias, móveis, pisos até construção civil, com a aplicação de MLC (Madeira Laminada Colada) e CLT (Madeira Laminada Cruzada).
Hoje, Peters é um dos sócios da Madeira Sustentável Brasil, empresa especializada em mercado de madeira serrada. "As receitas, por metro cúbico, variam de R$ 700 a R$ 1200, dependendo da qualidade e do diâmetro da madeira", informou Peters.
Ele afirmou que, só no sul da Bahia, existe uma demanda de 12 mil metros cúbicos de madeira serrada de eucalipto. Desse volume, faltam suprir aproximadamente 50 porcento.
MERCADO GLOBAL
Cledson Ferreira da Silva, que também atuou na área comercial da Lyptus, lembrou que muitos países estão decretando desmatamento zero e, com isso, a demanda por madeira de florestas plantadas está aumentando.
"A China, por exemplo, comprou muita tora no Brasil nos últimos dois anos", exemplificou Cledson.
Cledson Ferreira da Silva, consultor e especialista em comercialização de madeira
Ele mostrou, no entanto, que a própria região nordeste tem alto potencial de consumo de uma madeira que, eventualmente, poderia ser serrada no sul da Bahia.
Ele citou, como potenciais clientes, fabricante de móveis, revendas, construção civil, embalagens e fabricantes de estofados e colchões (que não precisa, necessariamente, ser uma madeira "clear").
"Hoje vem madeira do sul do país, muitas vezes de navio, para atender a demanda do nordeste", ressaltou Cledson.
De acordo com o especialista, atualmente, os clientes dessa região estão pagando de R$ 800 a R$ 1.600 por metro cúbico.
Uma das observações de Cledson é que o produtor pode optar em fazer um manejo mais simplifcado e direcionar, parte da madeira produzida, para outras finalidades.
"É uma forma de agregar mais valor ao maciço florestal conduzido originalmente para celulose. Esse, na verdade, é o conceito de múltiplo uso", comentou Cledson.
Cledson lembrou também que Lyptus encerrou suas atividades no último mês de outubro por falta de toras grossas. "Sem matéria prima, ficou insustentável manter a operação", finalizou.
BIOMASSA PARA PRODUZIR ENERGIA
Para fechar a programação, o diretor executivo da Innovatech Robinson Cannaval Junior apresentou um estudo bastante detalhado (clique aqui para acessá-lo) do potencial de produção de energia a partir de biomassa, que também pode ser uma alternativa para a região.
Ele também defende os "plantios múltiplo uso". "Produzir madeira conhecendo e se posicionando no mercado, gera um alinhamento de preços e boas expectativas", afirmou Cannaval.
Sobre a produção de energia elétrica a partir de biomassa explicou que, estrategicamente, as florestas plantadas estão muito bem distribuídas e que esse cenário é bastante positivo para abastecer o país.
Para Cannaval, uma excelente opção é conduzir as florestas para produzir madeira serrada e, com os resíduos, produzir energia. "Esse é, na minha avaliação, um modelo totalmente viável para o sul da Bahia", afirmou.
As palestras em PDF podem ser acessadas no link: http://diversificaaspex.paginas.site/aspex
O Workshop Diversifica ASPEX teve a curadoria de Robson Trevisan, do Painel Florestal e contou com o apoio de empresas como 2Tree Consultoria, Innovatech, KTM Engenharia, Sollum, Trevo, Lipetral, Infloc, Mosello Lima Advogados e Projex.
Fonte: Painel Florestal
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