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Notícias

27
jul
2017
(MADEIRA E PRODUTOS)
Produtividade da indústria de serrados volta a subir após queda

Essa indústria é a mais fragmentada e com o maior diferencial entre os participantes

Marcio Funchal é diretor de Consultoria da Consufor

A Indústria de Madeira Serrada no Brasil é a que representa o maior universo de empresas dentro do setor de base florestal. É também a mais fragmentada e com maior diferencial entre os participantes, uma vez que reúne desde as grandes serrarias (com capacidade instalada próxima dos 250 mil m³ de madeira serrada por ano) até as micro indústrias, que fabricam anualmente menos de 5.000 m³ de madeira serrada.

Por sua importância no contexto setorial, vamos nesta breve artigo analisar a competitividade desta cadeia produtiva, sob a ótica de 2 drivers: a produtividade da mão de obra e o preço de venda.

• ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA

A produtividade setorial de mão de obra mede a proporção entre o volume produzido anualmente pela indústria, e a quantidade de mão de obra necessária para realizá-la. A Figura 1 mostra que a produtividade média atual da indústria nacional de madeira serrada é menor que há 10 anos. Em 2006, a produtividade setorial média era de 235 m³ de serrado por trabalhador. Atualmente, a CONSUFOR estima que seja de 164 m³ (aproximadamente 70% do patamar de 10 anos atrás).

A justifica para tal movimento é que de 2006 em diante, a velocidade de retração da produção nacional de madeira serrada foi bem superior à taxa de redução do número de empregos no setor (conforme mostrada a referida Figura). A elevada redução da produção se deu principalmente na madeira amazônica, fruto da forte contração do mercado de manejo florestal sustentável, por diversas razões. Cabe lembrar também, que o período de 2004 e 2005 representou o ápice das exportações nacionais de madeira serrada, em razão das boas condições do mercado internacional e do câmbio muito favorável ao exportador brasileiro.

Interessante notar também que a produtividade setorial da indústria de serrados (produção VS qtde. de trabalhadores) tem aumentado gradualmente desde 2015. Este é um fator positivo para o setor de madeira sólida, o que demonstra que, na média nacional, as empresas que estão atualmente em operação têm demonstrado esforço competitivo para otimizar sua capacidade produtiva. Embora o estoque de empregos continue a cair gradualmente em razão da crise política e econômica do país, o nível de produção industrial têm se mantido estável, no referido período.

• ANÁLISE DO PREÇO VENDA

Na Figura 2 a CONSUFOR demonstra a evolução recente dos preços médios nacionais de madeira serrada, em comparação com a evolução da produção nacional do mesmo produto. A CONSUFOR estima que ao término de 2017, a produção nacional de madeira serrada seja aproximadamente 3% maior do que a registrada em 2015. Cabe lembrar que este incremento na produção, apesar de modesto, representa uma nova perspectiva setorial para o país, uma vez que até 2015 os níveis nacionais de produção de madeira serrada eram de queda constante.

Por outro lado, a mesma Figura mostra que os preços médios nacionais de madeira serrada devem encerrar o ano de 2017 com tendência de crescimento, uma vez que atualmente são cerca de 10% maiores do que os registrados em Janeiro de 2015 (em termos nominais). Interessante notar que em 2015 houve um rally de preços no início do 2º semestre. Contudo, ao longo de 2016 e início de 2017 os preços voltaram a patamares mais equacionados.

Com base na análise do preço de venda, a CONSUFOR vê o encerramento de 2017 com boas perspectivas para a indústria brasileira de madeira serrada, que gradualmente deverá a observar bons movimentos de demanda no mercado doméstico e no internacional.

Como mão de obra é um importante vetor de custo no processo fabril de ambas as indústrias analisadas, a relação de produtividade Tonelada fabricada X Quantidade de Trabalhadores se torna um importante variável de decisão estratégica. É evidente que este não é o único indicador a ser considerado para a definição de estratégias da companhia, mas é fundamental para compreender como a competitividade empresarial pode influenciar nos resultados gerais do negócio.

Em razão disso, a necessidade de mão de obra (que é um fator de produção assim como insumos e capital) deve ser objeto de constante análise, com o objetivo de estabelecer uma constante evolução positiva entre produção/trabalhador. Só o aumento da competitividade e produtividade permitem às empresas permanecer ativas no mercado cada vez mais acirrado.

Fonte: Marcio Funchal

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