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O agronegócio mineiro resulta de um considerável esforço integrado a exigir políticas públicas, crédito rural suficiente e oportuno, gestão eficiente dos estabelecimentos rurais, sustentabilidade como conceito e prática, rentabilidade das culturas, criações e estímulos governamentais num elenco de demandas. São indispensáveis as comparações de séries históricas, mesmo que se tomem dados mais pontuais, pois elas sinalizam mercados, oportunidades, desempenhos, perspectivas, pesquisa agropecuária, inovações, assistência técnica e outras condicionantes estratégicas aos processos produtivos que integram os sistemas agroalimentares e as pautas de exportações.
O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio mineiro, a preços de fevereiro de 2017, atingiu 203,9 bilhões ou US$ 65,5 bilhões e se fundamenta num universo de 551.617 estabelecimentos rurais (Censo 2006) destacando que, incluído o setor de base florestal, as exportações deram um superávit de US$ 6,8 bilhões em 2016.
Entre 2004 e 2016, o PIB do agronegócio estadual foi na média de 28,0% das exportações totais do Estado. Outrossim, o PIB mineiro, a preços correntes, que foi de R$ 33,78 bilhões em 2002 passou para R$ 203,60 bilhões em 2016, ou mais 502,72%, segundo a Seapa/Cepea.
O PIB do agronegócio da pecuária, comparando-se 2005 com 2016, passou de R$ 47,6 bilhões para R$ 91,2 bilhões ou 91,6%, e o PIB dos produtos lácteos, no mesmo período, foi de R$ 8,7 bilhões para R$18,9 bilhões ou 117,2%. E mais, o PIB do leite in natura avançou de R$ 5,7 bilhões para R$ 14,5 bilhões ao evoluir 154,3% também a preços correntes, e Minas lidera a produção nacional de leite e derivados. Outrossim, o PIB do setor sucroalcooleiro elevou-se de R$ 8,1 bilhões em 2005 para R$ 33,7 bilhões em 2016 a preços de novembro de 2015 ou 316,0% à época. Deverá ser corrigido oportunamente para fechar em dezembro de 2016.
O PIB com animais vivos (bovinos, frangos e suínos) ao comparar 2005 com 2016 evoluiu de R$ 18,2 bilhões para R$ 34,4 bilhões ou 89,0%. O Brasil é atualmente o maior exportador mundial de carne bovina e de frango, sendo que Minas abriga o segundo maior rebanho bovino brasileiro, com 23,6 milhões de cabeças.
O estado é líder na cafeicultura nacional, com a média histórica de 50,0% das colheitas de café, e desenvolve projetos estruturantes como o Certifica Minas Café e no ampliar, a certificação e o rastreamento da produção mineira através da Emater-MG e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). O PIB do agronegócio de café foi R$ 8,7 bilhões em 2005 para R$ 14 bilhões em 2016, a preços de novembro de 2015, ou mais 61,0%, e setorialmente esse PIB foi de 68,5% no valor do grão e 31,5% na agroindústria do café.
O agronegócio atua também no eixo do Queijo Minas Artesanal, que alia tecnologias e novos espaços nos mercados internos. Além disso, a fruticultura e a horticultura somam 610 mil empregos diretos no campo; cresce a produção e a oferta de azeite de oliva no Sul de Minas, pesquisa exemplar da Epamig, abrindo caminho para muitas possibilidades no turismo rural e ecológico.
Comparada a safra agrícola de 2000 com a de 2016 a produção de grãos cresceu 80,0% e a área cultivada apenas 28,0%, com menor pressão sobre os recursos naturais, finitos. Evidentemente que os ganhos de produtividade nas culturas e criações decorrem de muitos fatores convergentes e não podem ser analisados isoladamente.
Entretanto, apenas para efeito didático, em 10 milhões de hectares cultivados com o milho, se houver um ganho adicional de 180 quilos por hectare serão mais 30 milhões de sacas ou 1,80 milhão de toneladas, o que daria para encher 51.428 carretas graneleiras de 35 toneladas cada uma. O valor bruto adicional seria de R$ 960 milhões ou US$ 307,7 milhões, a preços correntes e daria para comprar 19,2 mil automóveis no valor unitário de R$ 50 mil. Mas, o que importa é a produtividade média por hectare, num determinado cenário, com a melhor rentabilidade econômica.
Comparando-se a produção mineira de milho de 2004 com a de 2016 a área de plantio cresceu apenas 14,2% e a oferta 34,0%. Em 2017, estimam-se 13,6 milhões de toneladas num cultivo de 3,3 milhões de hectares (Conab/Seapa). Milho e soja respondem por mais de 80,0% da safra mineira de grãos.
Além disso, o agronegócio de base florestal assegura 378.640 empregos diretos e indiretos, e ao comparar o superávit nas exportações do agronegócio de janeiro/fevereiro de 2017, com o do mesmo período de 2016, ele foi de US$ 2,97 bilhões ou mais 84,71%, um bom começo para 2017. Esses e outros dados são da Secretaria da Agricultura de Minas e Associação Mineira de Silvicultura (AMS-2015) que ainda revela, dentre outras informações substantivas, o seguinte: 1.545,7 milhão de hectares de área total (liderança nacional), sendo 530 mil hectares de área preservada, correspondentes a 1.606 vezes a área do município de Belo Horizonte; 52.700 hectares com Pinus e 1.493,0 hectares de Eucaliptos.
Cada hectare de floresta plantada carrega o benefício de preservar 10 hectares de florestas nativas, sem detalhar outras funções sustentáveis desses maciços florestais na captura do CO2, produção de matéria orgânica, preservação do solo, coleta das chuvas, apicultura e na geração de riquezas no comércio por vias internas e nas exportações. Segundo a Secretaria de Agricultura de Minas, fevereiro de 2017, o PIB do agronegócio de produtos florestais (considerando-se apenas celulose, papel, produtos de papel e carvão), a preços de novembro de 2016, foi de R$ 6,2 bilhões ou 47,6% maior do que em 2015. Esse valor deve ser corrigido com dados de dezembro de 2016.
Por outro lado, pesquisa CEPEA/ESALQ/USP-2015/Seapa sobre o dimensionamento do mercado de trabalho do agronegócio mineiro, por suas cadeias produtivas, revela que ele emprega 2,5 milhões de pessoas, assim distribuídas: insumos, 23.693; primário, 1.166.625(46,6%); indústria, 437.626; e serviços, 878.250 pessoas, e mostra que o agronegócio mineiro transcende a porteira da fazenda e mobiliza setores estratégicos da economia mineira. Esses e outros dados dependem das metodologias aplicadas à pesquisa.
O prometido Censo Agropecuário de 2017 fará outras abordagens nas paisagens rurais do estado e são indispensáveis à formulação das políticas agrícolas, no abastecer e definir rumos às exportações do agronegócio mineiro.
Entretanto, para lograr leitura num mundo de tempo curto, não seria conveniente avançar nas informações e dados adicionais sobre a caprinocultura, piscicultura, apicultura, floricultura, sementes, produção de mudas, melhoramento genético, enquanto programa, ABC, manejo correto dos recursos naturais, levantamentos de ecossistemas e outros pactuados entre os agentes públicos e privados, embora todos eles estejam ligados e fundamentem o agronegócio, o setor de base florestal e os sistemas agroalimentares.
Fonte: Benjamin Salles Duarte - Engenheiro Agrônomo
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