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Notícias

07
nov
2016
(DESMATAMENTO)
Cacau gera renda e protege do desmatamento

O chocolate é uma fonte de prazer e dependência em grande parte do mundo, e um poderoso antidepressivo

 

O chocolate é uma fonte de prazer e dependência em grande parte do mundo, e um poderoso antidepressivo, segundo muitos, mas no Brasil a base deste doce do cacau é também um gerador de renda para os agricultores, uma dinâmica que irá preservar as ferozes motosserras do desmatamento na Amazônia.

Um exemplo perfeito disso ocorre na remota cidade de São Félix de Xingu, no estado do Pará, centro-oeste do país e um dos mais afetados pelo desmatamento na última década.

Há alguns anos a cidade tinha milhares de hectares com madeira nobre devoradas desmatamento ilegal, que precede a conversão ilegal de terras de floresta em pastagens para pecuária.

No entanto, desde 2011 algumas organizações civis, como o Instituto de Gestão e Certificação Florestal e Agrícola (IMAFLORA) tem levado a cabo um programa para promover entre os pequenos agricultores o cultivo e comercialização de cacau, dos quais o Brasil é o quinto maior produtor do mundo.

"Oferecemos aos agricultores apoio de técnicos, permitindo-lhes melhorar a qualidade do seu cacau, e também para fazer uma adequação ambiental de suas propriedades", disse ao Notimex, Eduardo Trevisan Gonçalves, gerente de mercados doIMAFLORA.

Trabalhando com 75 produtores locais, que já se beneficiam da venda de uma safra de 300 toneladas de cacau que está prestes a ser certificado como "orgânico", tem permitido para preservar 300 hectares de floresta que foram ameaçadas de pelas queimadas para tornar-se pastagem de gado.

Durante quatro décadas atrás, quando a ditadura militar brasileira (1964-1985) promoveu a "ocupação" da Amazônia por meio de construção de grande engenharia e migração para os estados do nordeste da Amazônia, a maior reserva natural do planeta está ameaçada pela extração ilegal de madeira, mineração e negócios, especialmente agrícola e pecuária, que ocupa 60 por cento das áreas desmatadas em toda a Amazônia.

Existem milhares de hectares de florestas que são derrubadas a cada ano e, em seguida, queimadas para extrair madeira e, especialmente, para abrir novas terras na Amazônia para monoculturas, como a produção de soja e pecuária.

A dinâmica constante que ameaça seriamente a Amazonia, que já perdeu 19 por cento de todo o bioma, o equivalente a 750 mil quilômetros quadrados (mais de um terço do território do México) nas últimas décadas.

Conforme Rodrigo Mauro Freire, coordenador do Programa Amazônia no de Conservação da Natureza (TNC), que também promove a substituição de áreas de pastagens degradadas por espécies florestais amazônicas através do seu projeto "Cacau mais sustentável", explica o que é um problema complexo.

"Entre 2013 e 2016 temos conseguido que 82 famílias de agricultores têm integrado o programa de plantação de cacau. Existem agora 312 hectares em San Félix de Xingu ", disse Freire, cuja organização promove a criação de cadeias produtivas sustentáveis na cidade, uma das mais controversas do Brasil para a luta pela terra.

"O cacau é mais produtivo do que o gado, quatro ou cinco vezes mais lucrativo para os produtores. Mas fazer um cacau de melhor qualidade e buscar parceiros comerciais que valorizem que o cacau de lucro de cerca de 10 vezes mais do que a pecuária deve ser alcançado ", concordou entretanto Trevisan Gonçalves, da Imaflora.

Para crescer na sombra, precisa da preservação da altura das árvores, o negócio do cacau incentiva a preservação da floresta e um negócio é criada cujo mercado milionário deverá crescer a uma taxa anual de 1,4 por cento até 2030, como resultado da demanda asiática por chocolate, de acordo com a Food and Agriculture Organization Unidas (FAO).

"Não é sobre deixar o gado, mas fazer pecuária de uma forma adequada, não extensiva. Nesta região existem 20 fazendas e 30 mil hectares ", disse Trevisan Gonçalves, referindo-se a um problema não resolvido no Brasil: a concentração de grandes extensões de terra em poucas mãos.

TNC, por sua vez, está planejando expandir para outros municípios da região projeto "Cacau mais sustentável" até mil famílias e um total de cinco mil hectares plantados em 2020, durante a negociação com as empresas de chocolate na região.

Em 2015 o Brasil foi o quinto maior produtor de cacau, com 255 mil toneladas de cacau produzidas, e o país lidera na América Latina em um mercado dominado pela Costa do Marfim e a Indonésia.

Este ano, no entanto, a seca severa sofrida por seu estado da Bahia, nordeste do país e líder na produção, ameaça uma queda de mais de 40 por cento na safra, que vai transformar o estado do Pará na primeiro produtor nacional.

Fonte: Infosylva/Remade

ITTO Sindimadeira_rs