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O tema, abordado durante o 4º Encontro Painel Florestal de Executivos, foi tratado com cautela e paciência
Paciência e cautela foram as palavras mais utilizadas durante o 4º Encontro Painel Florestal de Executivos sobre o tema relacionado ao futuro da silvicultura brasileira. Para Fernando Cassimiro, gerente da R Solutions do Brasil, o futuro da silvicultura precisa ser replanejado, embora o que mais preocupe é a falta de planejamento. "Ora nos preocupamos com o excesso de madeira, ora com a falta do produto. Temos condições de sermos melhores", disse Cassimiro.
Para Cassimiro, é preciso respeitar o planejamento de longo prazo. "O problema é que hoje o que está valendo é o planejamento de curto prazo, principalmente voltado para a redução de custos. Não dá para continuar buscando madeira longe da fábrica. A madeira não está mais remunerando o negócio. O setor florestal está dando um tiro no pé quando deixa o produtor a esperar o cumprimento do contrato depois do prazo estabelecido. Em Minas Gerais, por exemplo, tem gente se aproveitando do preço do metro em pé a R$ 20, o que não remunera nada", avaliou.
De acordo com Cassimiro, é preciso criar massa crítica que gere o confronto na própria empresa para que haja crescimento do setor, que deixou de fazer análises e isso trouxe um custo alto. Para ele, o setor está sendo impactado por um fator intangível: o clima. "Hoje, há a possibilidade de o déficit hídrico se prolongar por mais de 10 anos. O custo da terra está subindo no Brasil e impactando os negócios. Pensar nos usos múltiplos de florestas para minimizar riscos tem sido uma ideia cada vez mais aceitável", destacou.
O diretor executivo do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef), José Otávio Brito, observou que a silvicultura tem sido tratada de forma semelhante à agricultura. Brito deixou claro que esse tratamento está longe até de se aproximar da forma ideal de lidar com o problema de falta de planejamento. "Não dá para ser imediatista. O olhar de longo prazo foi um pouco esquecido. A produção de biomassa no conceito ‘canalipto’, por exemplo, não é uma questão florestal. Árvore não é commodity. O setor não pode se simplificar e se acomodar", frisou Brito.
Na sua avaliação, são necessários mais estudos hídricos e térmicos, além de mudar a forma de manejo florestal e promover o melhoramento florestal. Brito destacou que os clones trouxeram redução do interesse em torno da manutenção de um banco de recursos genéticos e levantou, ainda, outro problema: o capital humano. "Há casos de cursos de engenharia florestal em que há mais vagas que candidatos. É preciso incrementar a pesquisa tecnológica no formato cooperativo, apoiado no modelo integração universidade e empresa", sugeriu.
Para o diretor florestal da Fibria, Caio Zanardo, o setor precisa se organizar, se qualificar, ou seja, tudo precisa ser repensado. Ele destacou que a Fibria está presente em sete estados e trouxe dados que mostram que os custos de processamento caíram 60%, os de transmissão 40% e os de sensor também estão caindo. "Hoje, a floresta está sendo vista de todas as formas: a visão por cima, com equipamentos modernos; a visão verticalizada, tendência do momento. Por isso, o mundo florestal também está cada vez mais complexo. Além disso, a temperatura extrema atinge 10% da terra, antes era 0,1%. Mudanças vão ocorrer e algumas podem ser irreversíveis. Está difícil estabelecer uma equação em que todos possam ganhar. Certo mesmo é que a silvicultura deve se preocupar com a inserção social de mais pessoas na cadeia produtiva", detalhou Zanardo.
Fonte: Painel Florestal - Elias Luz
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