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O plantio de árvores da espécie Pinus elliottii foi uma aposta de moradores de parte dos municípios da região dos Campos de Cima da Serra há pelo menos 30 anos, diante da dificuldade de desenvolver a agricultura nas terras então virgens.
Estima-se que a área plantada em Bom Jesus, Cambará do Sul e São José dos Ausentes ultrapasse os 160 mil hectares. No entanto, a alta do dólar, o preço inflacionado dos fretes e a desistência de compradores da matéria-prima fizeram com que o negócio deixasse de ser rentável. A chegada de uma empresa de grande porte em São José dos Ausentes deve mudar este cenário. A Forespel deve entrar em funcionamento em 30 dias. Instalada nas margens da BR-285, a usina de biocombustivel comprará a matéria-prima dos plantadores para produzir pellets ( pequenos cilindros de madeira comprimida), utilizados para geração de calor residencial ou industrial. É uma tecnologia americana, fabricada na China, que desembarca em uma das cidades mais geladas do Estado, com investimento estimado em R$ 60 milhões. A empresa vai empregar cerca de 100 empregos diretos, mas mais de 1 mil serão beneficiados indiretamente.
— O projeto começou em 2003, visando o destino para toda madeira que temos na região. A intenção era uma empresa pequena, mas tivemos que produzir uma termelétrica para dispor de toda a energia que vamos consumir. Então, o negócio tomou proporções maiores — explica o gerente executivo da Forespel, Otoniel da Silva Duarte.
A ideia de investir no plantio de pinus na década de 1970 partiu de produtores como Getúlio Quissini, morador de Caxias e proprietário de 200 hectares plantados em Ausentes. Ele lembra que fracassou tentando plantar milho, batata, maçã e outras variedades. Por anos, o pinus foi um bom negócio.
— No entanto, tendo que vender para outros estados ou cidades da região de Porto Alegre, o lucro se tornou praticamente zero — lembra.
Quissini assinou contrato com a empresa pelos três primeiros meses. A expectativa é grande. A prefeitura de Ausentes deu incentivos à empresa. Cedeu 10 hectares de terra para as instalações, bancou a terraplanagem e o uso do maquinário.
— Em quatro anos a arrecadação de impostos pode aumentar em 400% — estima o prefeito Paulo Roberto Paim Guimarães ( PMDB).
Compromisso com o meio-ambiente
A idealização da Forespel é do empresário ausentino Analdo Slovinski Moraes, 51 anos, também sócio-proprietário do grupo calçadista Bebecê, de Três Coroas. A família dele é dona de pelo menos 2,5 mil hectares plantados de pinus.
— Quando chegava a hora do desbaste, não tínhamos para onde mandar a madeira, e era totalmente descartada. Eu comecei a pesquisar uma solução e como sou empreendedor, busquei ideias para desenvolver a região e solucionar esta brecha — explica Moraes.
Os pellets de madeira são usados como biocombustível e feitos com resíduos, como serragem ou maravalha, o que, segundo a empresa, não faz necessário o corte de árvores. A usina usa a bandeira de sustentabilidade e garante que se consolida como uma excelente alternativa para substituir o gás, o óleo e a lenha.
— O monocultivo tem o lado bom e ruim. A legislação ambiental é rigorosa para conferir se há áreas de preservação permanente e se corresponde com as normas — diz a coordenadora de Agronomia da UCS, Katiuscia Strassburger.
— A empresa afirma que só trabalha com plantio legalizado e que vai orientar os plantadores — afirma o agente de fiscalização da prefeitura, Argemiro da Silva Cardoso.
Fonte: Pioneiro
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