Diferentemente do que o senso comum propaga, de que se trata de uma atividade exclusiva de grandes produtores, o plantio deeucalipto também é negócio de pequeno produtor. Quem afirma é o pesquisador da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Dario Grattapaglia.

Segundo ele, o cultivo de eucalipto vem avançando como uma alternativa de renda, especialmente para pequenos produtores localizados em regiões próximas às indústrias de celulose e papel.

Grattapaglia explica que existem tanto produtores independentes – que têm um pedaço da fazenda com eucalipto -, quanto integrados – que recebem apoio financeiro e técnico das empresas – em modelo similar de contratos ao que ocorre com os segmentos de avicultura e suinocultura.

De acordo com o pesquisador, dos cerca de cinco milhões de hectares de florestas plantadas com eucaliptos no País, aproximadamente entre 30 a 40% estão na mão de pequenos produtores. “Ou seja, não é algo só para grande produtor”, diz ele, acrescentando que a evolução gradativa das áreas com integração-lavoura-pecuária-floresta vem contribuindo para expansão do eucalipto como uma atividade atraente do ponto de vista financeiro para uma camada cada vez maior de produtores, inclusive pequenos.

Água

Grattapaglia esclarece também que o eucalipto não é vilão no tocante ao consumo d’água. De fato, assinala o pesquisador, se trata de uma espécie que requer um volume significativo de recurso hídrico para crescer, mas o que eucalipto faz é justamente funcionar como uma bomba que puxa a água de locais muito profundos.

Grattapaglia salienta que ao invés desta discussão superficial, o que é preciso verdadeiramente avaliar é quanto de biomassa é produzida a partir do eucalipto por hectare e quantos litros d’água são usados. “Nós precisamos da madeira proveniente do eucalipto como matéria-prima básica para a fabricação de um conjunto de produtos do nosso dia a dia, e a espécie é a que apresenta a melhor eficiência entre uso de recursos naturais e entrega do resultado.” O pesquisador frisa, ainda, que todas as indústrias de celulose e papel do País são certificadas com o selo FSC [Forest Stewardship Council], um dos mais respeitados mundialmente quando se fala em sustentabilidade ambiental.

Chip

Grattapaglia é o pesquisador responsável pelo lançamento de uma nova tecnologia da Embrapa dedicada ao melhoramento genético doeucalipto. Trata-se de um chip que ao analisar as características das mudas de eucalipto é capaz de apontar antecipadamente qual delas apresentará melhores resultados relacionados à produtividade, crescimento, tolerância à seca e resistência a doenças, entre outras variáveis.

“Esta nova tecnologia permite ao produtor plantar apenas espécies selecionadas com as características que ele procura. Ou seja, ele não precisa esperar a árvore crescer para validar os atributos desejados no campo, o que demoraria, no mínimo, seis anos, e às vezes até 10, e que com a possibilidade deste prognóstico antecipado, este tempo cai em até 50%.

Fonte: Universo Agro