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09
mai
2016
(SILVICULTURA)
Silvicultura: que mudanças virão? - Nelson Barboza Leite

A silvicultura precisa ser repaginada para os próximos anos e esse é o exercício desafiador a todos: aos pesquisadores, profissionais, investidores, empresários...

Há pouco, em publicação tratando das mudanças da silvicultura, fizemos algumas considerações, que nos parecem importante reiterá-las. Falamos do avanço da produtividade das florestas, que passou de 10/15 metros cúbicos /ha/ano, nos anos 50/60, aos atuais 40 metros cúbicos /ha/ano; da mudança institucional, que implicou em mudanças importantes: em 60/70 fomos criados no Ministério da Agricultura.

De lá saímos corridos, em final de 80. Fizemos uma pausa no Ministério do Meio Ambiente e retornamos à casa antiga; do lado das empresas, tivemos inúmeras alterações- no final dos anos 60, criaram-se milhares de empresas. De todo tipo. E nessa onda surgiram alguns "diretores de verdade", que perceberam a necessidade da pesquisa e da informação científica.

Daí surgiram as parcerias com as universidades e fundaram-se as instituições de pesquisas - IPEF,SIF,FUPEF, Embrapa Florestas, dentre outras. E a silvicultura brasileira tornou-se campeoníssima de produtividade. O setor se desenvolveu, as indústrias se expandiram.

Esse sucesso trouxe a sensação de que tudo se resolvera. Em mais de 30 anos, houve uma grande renovação nos quadros de profissionais do setor e poucos que respondem, atualmente, pelos trabalhos operacionais e de pesquisa em suas respectivas empresas, sabem dessa novela. Mas o processo de desenvolvimento não teve solução de continuidade, cabendo destaque ao esforço e dedicação incansável de brilhantes profissionais e pesquisadores.

Vivemos, no entanto, nos dias atuais, momento especial e paradoxal! De um lado, temos oportunidades para melhorar a competitividade das florestas plantadas e de se agregar valores ambientais, sociais e econômicos às florestas. Enfim, há espaço para melhorias e valorização da silvicultura. Mas de outro lado, há dúvidas com respeito à produtividade, clones, o temor das pragas e doenças. Sente-se, de certa forma, a indefinição institucional, além da preocupante vulnerabilidade da sustentabilidade abatida pelo preço aviltado da madeira e a insatisfação generalizada dos produtores florestais.

Esse misto de oportunidades e dúvidas indica que a silvicultura precisa ser repaginada para os próximos anos. E esse é o exercício desafiador a todos: aos pesquisadores, profissionais, investidores, empresários. Não se discute a importância estratégica da madeira como matéria prima para diversas utilizações industriais, mas já há sinais de que a sociedade começa a perceber o efeito de suas contribuições ambientais e sociais. Será esse o "mantra" a ser adotado?

*Nelson Barboza Leite é silvicultor, consultor e tem trabalhos em todas as regiões brasileiras.

Fonte: Nelson Barboza Leite

ITTO Sindimadeira_rs

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