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Notícias

27
mar
2016
(MADEIRA E PRODUTOS)
O eucalipto geneticamente modificado

O eucalipto GM com aumento de produtividade da FuturaGene começou a ser desenvolvido em laboratório em 2001

A FuturaGene também faz parte dos negócios adjacentes da Suzano. Desde a aquisição, em 2010, a subsidiária segue suas atividades globais em biotecnologia com recursos aprimorados, visando à liderança mundial em pesquisa e desenvolvimento genético de plantas para os mercados internacionais dos setores florestal, agrícola e de biocombustíveis. Na visão de Schalka, o primeiro clone Geneticamente Modificado (GM) a obter aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para fins comerciais, cujo potencial de incremento de produtividade gira em torno de 20%, é o começo da revolução da indústria de celulose e papel.

O eucalipto GM com aumento de produtividade da FuturaGene começou a ser desenvolvido em laboratório em 2001. “Em 2006, plantamos os primeiros experimentos em campo e, posteriormente, conduzimos inúmeros estudos de biossegurança para avaliar o impacto deste eucalipto no meio ambiente. Em janeiro de 2014, a FuturaGene submeteu à CTNBio pedido de liberação para uso comercial do produto. Em abril de 2015, após a avaliação de biossegurança, a Comissão aprovou o pedido da empresa”, conta Eduardo José de Mello, vice-presidente de Operações da FuturaGene Brasil.

Por se tratar de um produto pioneiro (primeiro eucalipto GM aprovado para uso comercial no mundo), a empresa enfrentou diversos desafios. “Precisamos ter espírito inovador e empreendedor em todas as etapas, desde o início das pesquisas até a fase de aprovação comercial.” Segundo Mello, a característica de maior crescimento desse eucalipto deve-se à expressão de uma proteína vegetal que atua no processo de elongação das células durante o desenvolvimento da planta. Entre os estudos de biossegurança conduzidos, destacam-se estudos de composição, degradação, interações ecológicas, fluxo gênico, estudos com abelhas, pólen e mel, toxicidade, entre outros. Os resultados de todos os estudos demonstraram que, do ponto de vista ambiental e de saúde humana e animal, o eucalipto GM com aumento de produtividade é equivalente ao convencional.

O eucalipto da FuturaGene que produz cerca de 20% mais madeira quando comparado ao clone convencional reúne uma série de benefícios, entre os quais aumento da competitividade do setor florestal brasileiro na esfera econômica. Do ponto de visita ambiental, “o principal ganho é a menor emissão de gás carbônico pela redução do transporte, considerando-se que a distância entre florestas e fábricas poderá ser reduzida”, aponta Mello.

Ainda de acordo com ele, outros benefícios significativos incluem a redução no uso de insumos e a disponibilidade de terras para outros usos. No aspecto social, a nova tecnologia será disponibilizada sem cobrança de royalties aos pequenos produtores rurais que já são parceiros da Suzano no programa de fomento florestal e que já se beneficiam das melhores variedades de eucalipto da empresa há muitos anos.

No momento, a FuturaGene está ampliando os testes de campo com cruzamentos dessa variedade de eucalipto GM com o objetivo de desenvolver clones mais bem adaptados às diferentes regiões onde a Suzano atua. “As equipes da Suzano e FuturaGene trabalham de forma bastante integrada, visando maximizar os resultados a partir da união do conhecimento em biotecnologia do time FuturaGene e expertise na área florestal da equipe Suzano”, descreve o vice-presidente de Operações da empresa no Brasil.

Dando mais detalhes sobre as frentes de trabalho encabeçadas pela FuturaGene, Mello revela que a empresa foca suas pesquisas em duas plataformas principais: aumento de produtividade e melhor capacidade de processamento após a colheita, além de proteção de cultivos para defendê-los de ameaças causadas por pragas, doenças, mudanças climáticas ou diminuição de recursos naturais, bem como possibilitar o uso de áreas marginais e a recuperação de áreas degradadas. “A empresa tem diversas tecnologias em diferentes estágios de desenvolvimento, sendo que as mais avançadas voltam-se ao aumento de produtividade da indústria florestal. As principais culturas com as quais a FuturaGene trabalha são o eucalipto e o álamo”, completa ele sobre a empresa que faz experimentos de campo no Brasil, Estados Unidos e China.

Ele ressalta que as tecnologias desenvolvidas pela FuturaGene têm potencial para contribuir significativamente com o atendimento à crescente necessidade global por madeira. De acordo com o relatório Florestas Vivas, do WWF, a demanda por produtos florestais irá triplicar até 2050, o que exigirá uma área adicional de 250 milhões de hectares de plantios florestais. “As mudanças climáticas e o aumento da mobilidade populacional têm provocado o surgimento e a proliferação de novas pragas e doenças que prejudicam o desenvolvimento dos plantios de eucalipto.

Para enfrentar essas condições adversas à produção, com variações dos agentes ambientais e biológicos, é preciso que sejam desenvolvidas novas soluções tecnológicas, pois as ferramentas convencionais podem não bastar para lidar com todas as ameaças. A biotecnologia florestal desempenha papel fundamental nesse cenário, sendo parte importante da solução tecnológica que busca manter e, quando possível, aumentar os níveis de produtividade no setor florestal, de forma sustentável”, conclui.

Fonte: Revista O Papel / Fevereiro de 2016

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