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Notícias

20
mar
2016
(MANEJO)
Programa sobre Proteção Florestal segue com pesquisas sobre eucalipto

A praga popularmente conhecida como vespa-de-galha do eucalipto (Leptocybe invasa), originária da Austrália, é um inseto pequeno medindo até 1,4 mm de comprimento e possui corpo com coloração marrom escuro com brilho metálico azul-esverdeado. O primeiro relato deste inseto foi no Oriente Médio e na região do Mediterrâneo, em 2000. Desde então, esta espécie tem demonstrado uma  grande capacidade de dispersão e expansão, sendo registrada em todos os continentes do mundo em poucos anos. No Brasil, a vespa-de-galha foi registrada pela primeira vez em clones híbridos de Eucalyptus camaldulensis x E. grandis no nordeste da Bahia em 2008. Posteriormente, a vespa- -da-galha foi relatada nos Estados de Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Rio Grande do Sul, São Paulo, Tocantins, Pernambuco, Espí- rito Santo, Sergipe e Santa Catarina.

Pesquisas realizadas em Israel indicam que o ciclo biológico do inseto, ou seja, seu desenvolvimento de ovo até adulto é de 130 dias. Contudo, em estudos na Tailândia apontaram duração do ciclo de vida deste inseto em 46 dias. Com base nas pesquisas em desenvolvimento pelo Programa Cooperativo sobre Proteção Florestal (PROTEF), estima-se que no Brasil o ciclo da vespa-de-galha seja de 90 dias em média. De maneira geral, o principal problema causado por este inseto é a formação das galhas na planta, impedindo o fluxo vascular, acarretando alterações fisiológicas e nutricionais na planta.

Em casos de altas infestações, pode ocorrer o atraso do crescimento e redução da produtividade das plantações. Diferentes táticas têm sido exploradas para controle desta praga, a utilização de genótipos resistentes de eucalipto tem sido estudada no Brasil e exterior. Com relação ao controle químico, o Ministério da Agricultura autoriza a utilização de alguns ingredientes ativos para controle desta praga apenas em viveiros, contudo, ao empregar inseticidas químicos o produtor deve avaliar diversos critérios técnicos relacionados ao manejo da praga e seus efeitos sobre o homem e ambiente.

De acordo com diversos especialistas do Brasil e exterior, o controle biológico é a estratégia mais promissora no manejo da vespa-de-galha, principalmente pela utilização de parasitoides. Os parasitoides são pequenas vespas que utilizam outros insetos, neste caso a vespa-de-galha, para se desenvolver acarretando na morte de seu hospedeiro. A utiliza ção de parasitoides em programas de controle biológico é comum e possui inúmeros casos de sucesso no combate de pragas importantes na agricultura como psilídeo-asiático- -do-citros (vetor do Greening), broca da cana-de-açúcar, entre outras.

A grande vantagem da utilização de parasitoides em programas de controle biológico é sua alta especificidade e dependência da praga-alvo, o que impede que o mesmo se torne um problema atacando outros insetos benéficos na natureza. No caso da vespa-de-galha, o PROTEF realizou duas importações de parasitoides da espécie Selitricho des neseri em 2015. Este parasitoide já vem sendo utilizado na África do Sul obtendo bons resultados e teve sua importação facilitada por meio da aliança internacional para pesquisas com controle biológico de pragas do eucalipto (BiCEP) mantida entre o IPEF, Universidade de Pretória (África do Sul) e Universidade de Sunshine Coast (Austrália). As fêmeas do parasitoide colocam seus ovos no interior das galhas, assim as larvas do parasitoide se alimentam da praga causando sua morte. Ao final do ciclo de vida, das galhas ocorre apenas a emergência dos parasitoides.

O PROTEF desde julho do ano passado tem trabalhado no desenvolvimento da criação massal de S. neseri para o atendimento das empresas filiadas ao programa. Liberações deste parasitoide foram efetuadas nas empresas BSC/Copener, Aperam, Klabin, Lwarcel, Suzano, CMPC e Fibria visando o controle biológico da vespa-de-galha. Pesquisas com o parasitoide envolvendo sua dispersão, eficiência de parasitismo e estabelecimento a campo ainda estão em andamento.

Contudo, devido às características deste parasitoide como ciclo de vida curto, eficiência de parasitismo em laboratório e alta especificidade hospedeira as expectativas de sucesso são grandes. As informações e pesquisas relacionadas com este tema contam a colaboração de instituições de pesquisa parceiras ao PROTEF, como: Faculdade de Ciências Agronômicas – UNESP – campus Botucatu, Embrapa Florestas e Embrapa Meio Ambiente.

Fonte: IPEF

Sindimadeira_rs ITTO