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Notícias

17
mar
2016
(REFLORESTAMENTO)
Reflorestamento pode atender demanda do setor moveleiro cearense

Oitavo maior polo moveleiro do Brasil, Ceará importa de outros Estados maior parte da madeira utilizada

Quase toda madeira consumida no Ceará vem de outros Estados

O polo moveleiro cearense é o oitavo maior do Brasil, com cerca de 750 indústrias, entre médias e pequenas, que fabricam móveis para diversos estados e até para fora do Brasil. Contudo, a madeira que abastece a produção vem de longe. Grande parte é proveniente de espécies do Pará; em alguns casos, a origem pode estar a milhares de quilômetros, como o pinus adquirido no Sul e o eucalipto, no Sudeste. Parte significativa dessa matéria-prima é transportada por barcos, em um trajeto que leva cerca de 15 dias.

Mas por que o estado não produz sua própria madeira? Além do solo arenoso, impróprio para o cultivo de espécies utilizadas na indústria, a região, por ser litorânea, com muitos ventos, favorece a danos e tombamentos de árvores. Problemas que o polo moveleiro do Ceará espera solucionar em breve. Para tanto, vem investindo em pesquisas e reflorestamento, com espécies nativas e não tradicionais para a atividade, além de exóticas e da região Amazônica e também clones de eucaliptos. Com a iniciativa, a cadeia produtiva cearense espera reduzir em até 30% os custos de produção, tornando-se autossuficiente em matéria-prima.

Segundo a assessora técnica da Comissão de Silvicultura e Agrosilvicultura da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a engenheira florestal Camila Braga, o Ceará ainda não figura nas estatísticas de reflorestamento como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia, mas a cadeia produtiva já se organiza junto à indústria da madeira de olho na demanda do estado. "Lá, existe uma perspectiva muito boa de crescimento da atividade, devido, também, à logística que facilitará a exportação dos produtos via Porto do Pecém", declarou. Camila Braga acha importante fomentar a produção diversificada com múltiplos usos, para produtos madeireiros e não madeireiros.

A engenheira destacou o trabalho de pesquisa realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em conjunto com a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário no Estado do Ceará (Sindmóveis). O estudo testa espécies naturais e exóticas em uma área de oito hectares no município de Marco, um dos principais polos moveleiros do estado. A partir dos resultados da pesquisa será possível afirmar quais espécies são mais adaptadas. "O objetivo é buscar alternativas de produção de culturas, para o abastecimento do mercado, reduzindo a distância entre as fábricas e os principais produtores de matéria-prima, o que auxiliará na competitividade da indústria da região".

O Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), Flavio Saboya, também acredita que o reflorestamento pode ser uma excelente alternativa de renda para o produtor rural, agregando valor às suas atividades, com sustentabilidade ambiental. "Destaco o sucesso dessa atividade em todo o país, especialmente aqui no estado, na região do Baixo Acaraú, mas precisamente na Cidade de Marco, onde existe um polo moveleiro e uma experiência exitosa na exploração de madeira, com garantia de mercado".

Demanda moveleira – Os técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Ceará (Senar/CE), Sérgio de Sousa e Ivonisa Holanda, observam que a região demanda aproximadamente mil metros cúbicos de madeira só para a indústria moveleira. "Até três anos atrás, nós tínhamos apenas dois viveiristas, hoje são mais de 18, inclusive com a oferta de mudas de mogno", observou Sousa.

O assunto foi debatido durante o 1° Seminário sobre Oportunidades para Reflorestamento Empresarial no Ceará, realizado pela Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (SEAPA/CE), no começo do mês. O evento foi dirigido a empresários da área rural, técnicos, estudantes de escolas técnicas e profissionalizantes e produtores.

Fonte: CNA

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