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Notícias

30
nov
2015
(MÓVEIS)
Crise afeta indústria de móveis que espera reação nas vendas de Natal

A indústria de móveis do oeste catarinense vive um período de dificuldades. A venda reduziu entre 10% e 40% nas diferentes classes de consumidores. A produção baixou 18% e o desemprego setorial subiu para 11%.

O presidente do Sindicato e da Associação dos Moveleiros do Oeste de Santa Catarina (Simovale/Amoesc) Osni Carlos Verona, entretanto, mantém um relativo otimismo em relação às vendas de fim de ano. Nessa entrevista, Verona faz uma avaliação do setor:

O ano de 2015 está sendo difícil para quase todos os setores industriais. Como está o ano de 2015 para o setor moveleiro? Este é um ano para não ser lembrado pelos industriais. Sem resultado e sem crescimento. É um ano para se aprender como sobreviver na crise, com uma produção enxuta e sob rigoroso controle de gastos e de custos. Tentamos buscar o aumento da produtividade reduzindo o custo unitário interno para poder driblar o custo Brasil. Assim, podemos diminuir os prejuízos até o fim do exercício.

Quanto baixou a produção industrial?

A queda na produção foi em torno de 18%, em média, no grande oeste catarinense.

Já está ocorrendo desemprego no setor?

Infelizmente, sim. O desemprego já atinge 11%. Nas empresas onde o funcionário está pedindo demissão em busca de alternativas de trabalho, as empresas não estão repondo essas vagas. A opção é automatizar, para melhorar a produtividade e não contratar mão de obra. Tudo isso porque o índice de confiança ainda está muito baixo.

E em relação às vendas de fim de ano, o empresariado está otimista ou pessimista? Por quê?

Estamos relativamente otimistas. Torcemos para que a situação melhore, mas, sabemos que vamos fechar o ano sem lucro. Esperamos que o Governo adote as medidas que a situação econômica exige para iniciar o processo de reversão dessa crise. Ajustes, inovação e criatividade não faltam na indústria moveleira. Entretanto, milagres não podemos fazer.

Já temos elementos para avaliar quanto baixou o nível de consumo de móveis?

O consumo baixou de várias maneiras nos diferentes segmentos e oscila entre 10% e 40%. As empresas mais atingidas são aquelas que produzem em grande escala para as clases C e D e têm como clientes os grandes magazines.

Se por um lado há dificuldades no mercado interno, por outro, a depreciação do real facilitou as exportações. Isso se confirmou?

A desvalorização do real foi boa para quem já tinha comprado matéria-prima antes dessa depreciação. Porém, nas negociações para exportação, o importador abusou de seu poder de compra em face da valorização do dólar. Confirmou-se a procura de negócios, mas a rentabilidade diminuiu consideravelmente porque muitos componentes e insumos são importados e cotados em dólar. Assim, ficou mais caro produzir os mesmos lotes no chão de fábrica.

O SIMOVALE e a AMOESC planejam alguma ação para proteger o setor?

Nossa luta continua, mas, o Brasil está anestesiado, a sociedade civil está apática e as entidades empresariais estão inoperantes. É um incompreensível descaso com a crise nacional. O aumento das tarifas, combustíveis e impostos repercute violentamente na contabilidade das empresas. Nossas reivindicações envolvem muita conversa e pouco resultado. Fazemos reuniões, audiências públicas, desenvolvemos workshop, audiências públicas e outros programas e movimentos que se articulam e acontecem numa lentidão como se fosse cuidar de três tartarugas e ainda deixam escapar, então não sabemos o que fazer: as entidades estão impotentes diante da imposição e rigidez e falta de planejamento do comando do Brasil. Para proteger o setor, mudamos a data da Feira Mercomóveis que seria em agosto de 2016 para 2017, se o cenário for viável e compatível economicamente.

O Sr. acredita que, nesse fim de ano, o governo dê novos incentivos ao consumo de móveis, isentando o IPI e outros tributos? Não! Ninguém mais acredita neste Governo que não administra nem suas contas públicas.

O moveleiro catarinense é muito criativo. O que ele está fazendo para enfrentar essa crise? Criou móveis mais baratos? Com novos materiais? Desenvolvendo produtos mais elaborados, contemplando a forma e a utilidade, adequando a realidade dos espaços para tornar ambientes mais sofisticado com design mais econômico para realidade de seus clientes valorizando o conforto e decoração sem investir muito. Usando a criatividade com olho clinico, valorizando a estética projetual inteligente.

A importação de móveis da China está prejudicando o desempenho do setor?

A China é a maior fábrica do mundo hoje e está prejudicando de duas formas nossos mercados interno e externo. No mercado interno, coloca produtos no Brasil a preço menor que os custos das fabrica brasileiras. No mercado externo, ninguém consegue desenvolver o volume de produção em grande escala com um custo menor que os preços de fabrica. Em resumo: a China acaba com nossa competitividade. Tudo isso ocorre há muito tempo e não se faz nada para ajustar estes indicadores de custo da fabricação interna no Brasil.

Como a inflação está impactando na indústria de móveis do oeste de SC?

Está cada vez mais difícil produzir nesse cenário caótico e doentio que deixa a economia estagnada, engessada. A produtividade está em queda. Com a inflação, somos obrigados a repassar os custos de produção e, aí, as vendas diminuem. Somos forçados a reduzir o quadro de pessoal. O medo surge, a insegurança aumenta e os investimentos são adiados.

Fonte: MB Comunicação

ITTO Sindimadeira_rs