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Novo aliado do Acre, o sistema Lidar emite pulsos a laser, acoplado a um GPS e permite a construção de modelos digitais do terreno em alta resolução.
O manejo e o monitoramento de florestas nativas no estado do Acre ganharam um novo aliado: o sistema Lidar, tecnologia aerotransportada, que emite pulsos a laser, acoplada a um GPS e permite a construção de modelos digitais do terreno de áreas florestais, em três dimensões de alta resolução. Os sobrevoos com o equipamento aconteceram entre os dias 21 e 25 de setembro,na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, Reserva Extrativista Chico Mendes, no seringal Filipinas, florestas estaduais do Rio Liberdade, Mogno, Gregório (FERG) e Antimary e na floresta experimental da Embrapa.
De acordo com o pesquisador da Embrapa, Marcus Vinício d´Oliveira, o Lidar tem múltiplas funções, mas o principal foco dessa operação é o estudo de biomassa de carbono estocado nas florestas. Avarredura das florestas é realizada a uma altura entre 500 e 1.500 metros, com a emissão de feixes de luz em alta frequência, que variam de cem mil a um milhão de pulsos por segundo, de acordo com o aparelho utilizado. Esses feixes atravessam a vegetação até atingir a superfície da área.
"Com as informações geradas é possível saber com maior precisão quais são as reservas de carbono das florestas monitoradas. Além disso, é possível identificar os impactos produzidos pela atividade florestal, obter informações sobre detalhamento de copas de árvores, importantes para planejamento e execução de planos de manejo florestal, além de ajudar na identificação de práticas ilegais de exploração madeireira", explica d’Oliveira.
A varredura com a tecnologia a laser nas florestas públicas estaduais faz parte das ações do Governo do Estado do Acre, coordenadas pelo Instituto de Mudanças Climáticas e Serviços Ambientais (IMC), com apoio financeiro do Banco Alemão KFW através do Programa REDD EarlyMoverS. A atividade nas demais áreas contou com recursos da Capes, Embrapa e Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), por meio de convênio firmado com Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), envolvendo essas instituições.
Por ser um equipamento aerotransportado, a primeira varredura em floresta acreana, realizada em 2010, na floresta Estadual do Antimary, teve um custo elevado. No entanto, o interesse por informações florestais mais precisas, integrou diversas instituições e tornou possível a vinda da aeronave ao Acre para a realização de sobrevoos que pudessem atender a distintas demandas, com redução de custos com uso da tecnologia.
O Acre tem uma história de protagonismo em iniciativas de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável. Em 2010, o Estado criou o Sistema de Incentivos por Serviços Ambientais do Acre (SISA), que estabeleceu um programa estadual para o regime de REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal), além de iniciativas com conservação de recursos hídricos, regulação do clima e conservação da biodiversidade entre outras práticas sustentáveis, constituindo-se uma das primeiras políticas para pagamento de serviços ambientais do Brasil. Para Magaly Medeiros, diretora presidente do IMC, com o uso do LiDARos estudos sobre estoques de carbono florestal vão revelar dados mais consistentes sobre este recurso e contribuir de forma decisiva para a contabilidade do estoque de carbono no âmbito do Programa REDD EarlyMoverS, em processo de implementação no Acre”, comentou.
O trabalho integrado com o governo do Estado, conforme explica o pesquisador Eufran Amaral, chefe-geral da Embrapa Acre, permitirá, de um lado, conhecer dinâmicas específicas em relação ao estoque de carbono das florestas, de outro, identificar novos indicadores para mensurar os impactos e a efetividade da atividade de manejo florestal nessas áreas. A partir dos resultados obtidos serão desenvolvidos diversos estudos.
“Na floresta da Terra Indígena, além da dinâmica de crescimento florestal, serão estudadas, entre outras temáticas, o manejo de solos e os níveis de biomassa presente. Nas áreas de florestas públicas teremos estudos afins, o que possibilitará a realização de pesquisas integradas. Na área florestal da Embrapa esse monitoramento vai permitir avançar tanto em pesquisas com manejo florestal madeireiro como não madeireiro”, destaca.
Fonte: O Rio Branco
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