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Com a divulgação do Plano Agrícola e Pecuário 2015/2016, mais conhecido como Plano Safra, os pequenos e médios produtores receberam uma boa notícia: a possibilidade de financiamento de custeio para tratos culturais, desbastes e condução de florestas plantadas. A novidade também foi comemorada pela Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre), já que desde o início do ano passado a entidade vem trabalhando junto à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab-PR) para conseguir um financiamento de custeio para desbaste de floresta plantada.
O financiamento poderá ser feito por meio do Programa ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) e o recurso disponível será de R$ 1,2 milhão, com limite de 35% do valor do investimento por CPF/CNPJ. A taxa de juros ainda não foi definida, porque o recurso depende de resolução de regulamentação. Para Carlos Mendes, diretor executivo da associação, esse é um grande passo para o avanço do setor. Ele lembra que a Apre apresentou à Seab no ano passado a situação dos produtores e a importância de um programa de financiamento específico para ajudar os pequenos e médios produtores. O secretário de Agricultura do Paraná, Norberto Ortigara, levou esse pleito ao Ministério da Agricultura e, agora, o recurso estará disponível.
“Isso vai fazer com que os pequenos e médios produtores possam executar as operações de desbaste, viabilizando a produção de toras para uso em serrarias nos próximos 10 anos. Hoje o produtor não faz o desbaste, porque não tem recurso. A novidade visa estimular a continuidade desses produtores no negócio florestal, o que é muito importante para o agronegócio do Estado. Certamente essa medida vai proporcionar um grande estímulo, alavancando o futuro da indústria da madeira processada mecanicamente”, avalia Mendes.
De acordo com Norberto Ortigara, a linha de financiamento era esperada há muito tempo pelos produtores florestais, pois o desbaste é uma operação que demanda um montante de recursos considerável justamente num momento em que eles ainda não tiveram o retorno da atividade. Portanto, os recursos “vão melhorar a disponibilidade de capital de giro para os produtores fazerem a manutenção e manejo das áreas plantadas, até que a produção possa ser comercializada”.
Benno Doetzer, diretor-presidente do Instituto de Florestas do Paraná (IFP), ressalta que o objetivo do Plano Safra é aumentar a produtividade, bem como a área e a participação dos pequenos e médios produtores na atividade florestal, o que vem ao encontro da expectativa do setor produtivo.
“A linha específica de financiamento para desbaste é um grande e importante avanço para atividade, pois o momento é de preocupação de um possível déficit de madeira grossa para as atividades de serraria e laminação nos próximos anos. A orientação das grandes empresas florestais do Paraná é para produção de madeiras finas. Assim, essa lacuna precisa ser preenchida pelos pequenos e médios produtores florestais, que com a atual conjuntura de demanda e preços, acreditam que o desbaste não é economicamente viável. Dessa forma, não há manejo para produzir madeira de melhor qualidade e preço, etapa fundamental para o bom desenvolvimento da floresta plantada”, declara Doetzer.
Ortigara garante que com a entrada de recursos para custeio e capital de giro com prazos e custos adequados à atividade, será possível ter um aumento da produtividade e da produção, com mais qualidade e com produto adequado às exigências do mercado. Dessa forma, todo o Paraná ganhará. O secretário da Agricultura afirma, ainda, que o Estado tem acompanhado e apoiado o setor produtivo, pois a exploração tem grande importância no contexto econômico estadual. O Valor Bruto da Produção total do Paraná em 2014, por exemplo, foi de R$ 70,59 bilhões e, desse montante, os produtos florestais tiveram participação de 6%. Nas exportações paranaenses, esses produtos atingiram U$$ 1,45 bilhão no ano passado, ficando atrás somente do complexo “soja e carnes”.
“Quando o produtor é bem sucedido, novos investimentos em tecnologia e expansão da produção são consequências que ajudam a consolidá-lo na atividade. Assim, a perspectiva de ganho se refletirá por toda a cadeia. Havendo crescimento da cadeia, também haverá aumento na oferta de empregos e renda, em especial nos municípios onde está concentrada a produção”, afirma.
O Estado do Paraná é uma potência florestal do Brasil para o mundo
Próximos passos
Para que o recurso esteja disponível, o setor florestal aguarda a resolução do Banco Central, que vai trazer a regulamentação da linha de financiamento. De acordo com Benno Doetzer, o passo seguinte será de divulgação dessa linha de crédito junto ao público prioritário e o setor produtivo em geral, além do ajuste da estrutura técnica necessária para a elaboração dos projetos de financiamento e assistência técnica.
Ele cita, ainda, que o Instituto de Florestas do Paraná está trabalhando junto aos agentes financeiros que farão o financiamento direto da atividade para o fortalecimento da linha. Ao mesmo tempo, o IFP está montando, em conjunto com a área técnica e o setor produtivo, o suporte técnico e econômico para elaboração dos projetos de financiamento.
“O Instituto, em parceria com a Emater, vai montar toda a estrutura técnica que orientará os projetos que serão entregues para apreciação pelo agente financeiro, possibilitando ao produtor acesso ao financiamento da atividade. Também faremos a gestão junto ao setor produtivo organizado - Apre, Faep, Fetaep e Ocepar - para a divulgação desta linha de crédito junto aos seus associados, criando a demanda desejada”, explica Doetzer.
Quando a linha estiver regulamentada, a Apre já informou que também deverá realizar um programa de divulgação desse benefício junto às associadas e seus fomentados, bem como aos proprietários rurais que têm floresta plantada.
Sobre o Plano Safra, ainda vale ressaltar que entre as linhas de financiamento divulgadas para o plantio florestal, o Programa ABC terá R$ 3 bilhões, com limites de R$ 5 milhões para o grande produtor e de R$ 3 milhões para o médio agricultor. Para esses casos, as taxas de juros variam entre 7% e 8% ao ano.
“Essa ampliação do valor de financiamento para R$ 5 milhões por produtor também mostra a importância que o setor tem para o Ministério da Agricultura, porque vai possibilitar o aumento da área de florestas plantadas”, completa o diretor executivo da Apre, Carlos Mendes.
Fonte: Assessoria
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