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Notícias

04
set
2014
(CIÊNCIA)
A Biotecnologia em favor da produtividade do eucalipto
A Biotecnologia – ciência conhecida neste novo século por sua capacidade de potencializar resultados em diversas esferas – está elevando ao máximo o potencial do setor de base florestal. Um dos principais marcos para o desenvolvimento desta indústria e seus novos negócios foi registrado em janeiro deste ano pela FuturaGene, empresa de Biotecnologia da Suzano Papel e Celulose.

O novo horizonte para a competitividade do setor de celulose e papel foi aberto pelo protocolo, na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) – instância colegiada multidisciplinar ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) –, do primeiro pedido feito pela FuturaGene para liberação comercial do eucalipto geneticamente modificado.

Simultaneamente a esse importante passo em favor da produtividade do eucalipto, dois projetos inovadores vêm sendo desenvolvidos por instituições de pesquisa em colaboração com diversas empresas florestais brasileiras. O Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF) coordena o programa Tolerância de Eucalyptus Clonais aos Estresses Hídrico e Térmico (TECHS), enquanto a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia lidera um projeto em Genômica Aplicada ao melhoramento convencional, ambos buscando soluções viáveis para impulsionar os resultados do setor de celulose e papel.

Para se entender a importância desses avanços, é necessário avaliar alguns números. O eucalipto é hoje a árvore mais utilizada pelo setor de celulose e papel no Brasil. Conforme dados do Anuário Estatístico 2013 da então Associação Brasileira de Florestas Plantadas (ABRAF), hoje Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), dos 6,66 milhões de hectares de florestas plantadas no País, 5,10 milhões de hectares são de eucalipto. A perspectiva para aumento revela-se ainda mais acentuada. A Ibá acredita que, por conta da expansão vivenciada pelo setor, esses números dobrarão até o ano de 2020. Vale destacar ainda a vantagem natural de seu cultivo no Brasil: apenas sete anos para o completo desenvolvimento e produtividade florestal do eucalipto, com um grande salto verificado nas últimas décadas em razão do melhoramento genético clássico das espécies clonais, passando da média de 20 m3/hectare/ano na década de 1970 para 41 atualmente.

Nem tudo, porém, tem evoluído como o esperado nesse processo de avanços competitivos, pois o Brasil, de alguns anos para cá, tem perdido espaço no ranking de custo de produção de madeira. Nos anos 2000, o País era o líder, registrando os menores custos, mas em 2012 já havia perdido quatro posições para outros países. Hoje, para se ter uma ideia, é mais caro produzir madeira para a indústria de celulose no Brasil do que na Rússia, na Indonésia e nos Estados Unidos, conforme informações do Anuário Estatístico.

Jefferson Bueno Mendes, diretor da Pöyry Consultoria em Gestão e Negócios, ressalta que se trata de um momento crucial para delinear as ações necessárias para munir a indústria de base florestal de maior competitividade, envolvendo dois grandes fatores: entender o tamanho do desafio e o tempo necessário para superá-lo. “Temos ações de caráter estrutural – aquelas que dependem principalmente do governo, como prover infraestrutura e logística, reduzir a burocracia improdutiva e investir em educação profissional, entre outros. Aqui, fica claro que as empresas têm um curso de ação bastante limitado e, portanto, devem focar no segundo conjunto de ações, relativas ao ambiente operacional e de negócios, onde o setor privado tem maior poder de atuação para promover melhorias”, explica.

Nessa área, basicamente, a indústria busca aumentar sua competitividade pela produtividade, ou seja, produzindo mais com menor custo. “Tanto a Biotecnologia quanto a excelência operacional são ferramentas para alcançar esse resultado”, acrescenta o executivo da Pöyry Consultoria.

Além da lista de ações positivas, a boa notícia fica por conta de um assunto polêmico na década passada: o eucalipto geneticamente modificado (clones gerados a partir da alteração do DNA) tornou-se hoje uma solução possível no planejamento estratégico das empresas.

O mesmo vale para os resultados obtidos com o sequenciamento do genoma do eucalipto, que promete contribuir para a incorporação das ferramentas genômicas no melhoramento convencional. Do início dos primeiros grandes projetos de Genômica do eucalipto no Brasil em 2002, um longo caminho foi percorrido até 2014. Hoje já se pode comemorar a liderança brasileira em pesquisa na interface entre Genômica e melhoramento florestal, com significativas e promissoras oportunidades para a nova gestão florestal praticada em extensas áreas de todo o País.

Fonte: Conteúdo da revista O Papel / Parceria autorizada Celuloseonline

ITTO Sindimadeira_rs