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Notícias
11
abr
2014
(MÓVEIS)
Polo moveleiro catarinense reverte estratégia de vendas para evitar colapso
A valorização do real atingiu setor em cheio e a aposta, agora, é o mercado interno.
De acordo com Lutz, não existe um dado que indique o tamanho da participação do MDF e da madeira na produção dos móveis no País. O que se sabe é que as chapas, hoje, são maioria, mas nada que, pelo menos por enquanto, torne a madeira um artigo de luxo. Mais resistente e com maior durabilidade, ela ainda é bem vista com bons olhos por grande parte do mercado.
— O móvel de madeira é mais charmoso. Sempre haverá espaço para ele — analisa Kassio Alexandre Costa, gerente industrial e comercial da Seiva Móveis.
Novas estratégias para não fechar as portas
Direcionar a produção para o mercado interno como forma de rebater os prejuízos do câmbio foi a solução encontrada pelo setor moveleiro para garantir a própria sobrevivência. Houve, no entanto, uma série de obstáculos no meio do caminho dessa transição. Para se manterem competitivas, muitas empresas precisaram enxugar custos e rever processos.
Seiva Móveis
A Seiva Móveis, de São Bento do Sul, chegou a ter três fábricas. Cerca de 70% da produção, concentrada principalmente em móveis de alto padrão para salas de jantar, era voltada para o exterior. O dólar desvalorizado, porém, mudou a realidade da empresa, que parou de exportar.
Duas unidades foram fechadas e houve um corte de 23% no quadro de funcionários nos últimos dois anos. Para se adaptar à nova realidade, a companhia precisou ampliar o portfólio, que passou de 20 para 140 produtos, e buscar clientes dentro do País.
— Diversificamos os públicos-alvo e aumentamos nosso mix. Ficamos menores, com uma estrutura mais enxuta, mas reduzimos custos e saímos do vermelho — conta Kassio Alexandre Costa, gerente industrial e comercial da empresa, que registrou um crescimento de 18% em 2013.
Móveis 3 Irmãos
A Móveis 3 Irmãos, também de São Bento do Sul, foi outra que se viu forçada a se adequar aos novos tempos. A produção, que era 100% direcionada aos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, hoje divide espaço com a fabricação de móveis corporativos para empresas nacionais como Tim, Oi e Lupo, que já respondem por metade da receita da empresa.
Para os clientes brasileiros, a 3 Irmãos substituiu as cômodas de madeira do tipo pinus para exportação pelos móveis planejados de MDF. Cinco máquinas, entre elas uma de corte de acrílico, foram compradas para dar conta da necessidade e produzir desde o escritório até o balcão de atendimento.
Meu Móveis de Madeira
A Meu Móveis de Madeira acabou fechando, em 2010, a fábrica que tinha em Rio Negrinho e começando do zero uma nova companhia. De 300 funcionários, a empresa passou a contar com apenas oito colaboradores. A produção foi terceirizada, o foco ajustado para o mercado interno, e a plataforma de vendas saiu da loja física para o e-commerce. Hoje, a companhia vende online para todos os Estados do Brasil. O incremento anual no faturamento fica em torno de 40%.
Katzer Móveis
Para a Katzer Móveis, de São Bento do Sul, a especialização na fabricação de uma linha específica, no caso de dormitórios e beliches, ajudou na adaptação e não afetou tanto as exportações, explica o diretor Anor Evaldo Katzer.
Arte Real
Mas nem todas as indústrias tiveram o mesmo sucesso. O empresário Carlos Mattos decidiu fechar o negócio. A sua empresa, a Arte Real, tinha 13 anos de mercado e chegou a ter mais de 200 funcionários, mas sucumbiu diante da desvalorização do dólar.
— Minha empresa era 100% voltada ao mercado internacional. Ficou inviável – conta.
Fim de benefício encarece
A retomada da alíquota de 5% do Imposto sobre Produtos Industrializa dos (IPI) para as empresas de móveis, a partir de 30 de junho, configura um novo ônus para o setor, avaliam empresários.
Assim como outros segmentos da economia, a indústria moveleira perde competitividade em função da alta carga tributária, da infraestrutura logística deficitária para o escoamento da produção e da dificuldade de recrutar mão de obra – setores como o têxtil e o metalmecânico têm pago melhor na região Norte catarinense, atraindo os trabalhadores. É fácil imaginar para quem vai sobrar a conta.
— Certamente o aumento do IPI será traduzido em aumento de preços no ponto de venda para o consumidor final — alerta Michel Otte, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad).
O tributo havia sido zerado em 2010, em um pacote de estímulo do governo federal a vários setores industriais, mas foi sendo recomposto gradativamente. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Daniel Lutz, estima um encarecimento de pelo menos 10% no preço dos móveis.
Ele afirma que a entidade está se articulando junto às autoridades para encontrar uma saída tributária que alivie o setor. A volta do IPI na íntegra deve ser um novo ingrediente na pressão pela redução dos custos internos, que permitiram a retomada das exportações.
Enquanto o dólar estiver abaixo de R$ 2,50, diz Lutz, a indústria moveleira catarinense dificilmente terá condições de competir em pé de igualdade com os produtos chineses. O dirigente lembra que, nos quesitos qualidade, prazo de entrega e garantia, o Brasil é superior aos asiáticos. Mas é impossível batê-los na questão de preço.
— Do portão para dentro, somos tão competitivos quanto os países desenvolvidos. Mas se sairmos, o governo nos derruba — critica Lutz.
De acordo com Lutz, não existe um dado que indique o tamanho da participação do MDF e da madeira na produção dos móveis no País. O que se sabe é que as chapas, hoje, são maioria, mas nada que, pelo menos por enquanto, torne a madeira um artigo de luxo. Mais resistente e com maior durabilidade, ela ainda é bem vista com bons olhos por grande parte do mercado.
— O móvel de madeira é mais charmoso. Sempre haverá espaço para ele — analisa Kassio Alexandre Costa, gerente industrial e comercial da Seiva Móveis.
Novas estratégias para não fechar as portas
Direcionar a produção para o mercado interno como forma de rebater os prejuízos do câmbio foi a solução encontrada pelo setor moveleiro para garantir a própria sobrevivência. Houve, no entanto, uma série de obstáculos no meio do caminho dessa transição. Para se manterem competitivas, muitas empresas precisaram enxugar custos e rever processos.
Seiva Móveis
A Seiva Móveis, de São Bento do Sul, chegou a ter três fábricas. Cerca de 70% da produção, concentrada principalmente em móveis de alto padrão para salas de jantar, era voltada para o exterior. O dólar desvalorizado, porém, mudou a realidade da empresa, que parou de exportar.
Duas unidades foram fechadas e houve um corte de 23% no quadro de funcionários nos últimos dois anos. Para se adaptar à nova realidade, a companhia precisou ampliar o portfólio, que passou de 20 para 140 produtos, e buscar clientes dentro do País.
— Diversificamos os públicos-alvo e aumentamos nosso mix. Ficamos menores, com uma estrutura mais enxuta, mas reduzimos custos e saímos do vermelho — conta Kassio Alexandre Costa, gerente industrial e comercial da empresa, que registrou um crescimento de 18% em 2013.
Móveis 3 Irmãos
A Móveis 3 Irmãos, também de São Bento do Sul, foi outra que se viu forçada a se adequar aos novos tempos. A produção, que era 100% direcionada aos Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, hoje divide espaço com a fabricação de móveis corporativos para empresas nacionais como Tim, Oi e Lupo, que já respondem por metade da receita da empresa.
Para os clientes brasileiros, a 3 Irmãos substituiu as cômodas de madeira do tipo pinus para exportação pelos móveis planejados de MDF. Cinco máquinas, entre elas uma de corte de acrílico, foram compradas para dar conta da necessidade e produzir desde o escritório até o balcão de atendimento.
Meu Móveis de Madeira
A Meu Móveis de Madeira acabou fechando, em 2010, a fábrica que tinha em Rio Negrinho e começando do zero uma nova companhia. De 300 funcionários, a empresa passou a contar com apenas oito colaboradores. A produção foi terceirizada, o foco ajustado para o mercado interno, e a plataforma de vendas saiu da loja física para o e-commerce. Hoje, a companhia vende online para todos os Estados do Brasil. O incremento anual no faturamento fica em torno de 40%.
Katzer Móveis
Para a Katzer Móveis, de São Bento do Sul, a especialização na fabricação de uma linha específica, no caso de dormitórios e beliches, ajudou na adaptação e não afetou tanto as exportações, explica o diretor Anor Evaldo Katzer.
Arte Real
Mas nem todas as indústrias tiveram o mesmo sucesso. O empresário Carlos Mattos decidiu fechar o negócio. A sua empresa, a Arte Real, tinha 13 anos de mercado e chegou a ter mais de 200 funcionários, mas sucumbiu diante da desvalorização do dólar.
— Minha empresa era 100% voltada ao mercado internacional. Ficou inviável – conta.
Fim de benefício encarece
A retomada da alíquota de 5% do Imposto sobre Produtos Industrializa dos (IPI) para as empresas de móveis, a partir de 30 de junho, configura um novo ônus para o setor, avaliam empresários.
Assim como outros segmentos da economia, a indústria moveleira perde competitividade em função da alta carga tributária, da infraestrutura logística deficitária para o escoamento da produção e da dificuldade de recrutar mão de obra – setores como o têxtil e o metalmecânico têm pago melhor na região Norte catarinense, atraindo os trabalhadores. É fácil imaginar para quem vai sobrar a conta.
— Certamente o aumento do IPI será traduzido em aumento de preços no ponto de venda para o consumidor final — alerta Michel Otte, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Móveis de Alta Decoração (Abimad).
O tributo havia sido zerado em 2010, em um pacote de estímulo do governo federal a vários setores industriais, mas foi sendo recomposto gradativamente. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), Daniel Lutz, estima um encarecimento de pelo menos 10% no preço dos móveis.
Ele afirma que a entidade está se articulando junto às autoridades para encontrar uma saída tributária que alivie o setor. A volta do IPI na íntegra deve ser um novo ingrediente na pressão pela redução dos custos internos, que permitiram a retomada das exportações.
Enquanto o dólar estiver abaixo de R$ 2,50, diz Lutz, a indústria moveleira catarinense dificilmente terá condições de competir em pé de igualdade com os produtos chineses. O dirigente lembra que, nos quesitos qualidade, prazo de entrega e garantia, o Brasil é superior aos asiáticos. Mas é impossível batê-los na questão de preço.
— Do portão para dentro, somos tão competitivos quanto os países desenvolvidos. Mas se sairmos, o governo nos derruba — critica Lutz.
Fonte: ANotícia
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