Voltar
Notícias
09
dez
2013
(GERAL)
Brasil precisa de regras para artesanato com espécies nativas
O Brasil é um país extremamente rico em expressões artesanais e a diversidade etnocultural e as inúmeras comunidades tradicionais – de indígenas, caiçaras, ribeirinhas e quilombolas, entre outras – permite o desenvolvimento de um artesanato primoroso em todo o país.
No entanto, a falta de regras para o aproveitamento de recursos naturais na produção do artesanato muitas vezes tem contribuído para a exploração predatória de remanescentes de vegetação nativa em várias regiões pela extração desregrada e insustentável de madeiras, fibras, sementes e outros tipos de matéria-prima. O resultado é a degradação de áreas naturais, de parques nacionais e de outras unidades de conservação no Brasil.
Um dos casos mais graves é registrado entre Porto Seguro, Prado e Itamaraju, no extremo sul da Bahia, região famosa não apenas por ser o local do “descobrimento do Brasil”, mas também por abrigar um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste*.
Essa região abastece um tráfico de mais de 30 mil metros cúbicos anuais de madeiras raras da Mata Atlântica. O material é amplamente usado em pratos, tigelas, tábuas de carne, talheres, gamelas, pilões, enfeites ou potes de mel, todos vendidos abertamente em rodovias, feiras populares e lojas nos centros urbanos.
O tráfico se concentra nas porções preservadas das florestas e abre novas frentes de devastação pela busca de árvores de grande porte, muitas ameaçadas de extinção. Jacarandá, pau brasil, parajú, arruda, mussutaiba, arapati e outras espécies têm sido livremente abatidas e transformadas em utensílios domésticos e adornos. Visitantes e turistas geralmente adquirem esses produtos sem consciência do caráter ilegal e destrutivo.
Em vez de ajudar na geração de renda das comunidades, está contribuindo para a exploração predatória e fabricação mecanizada de artefatos, pois não se trata de artesanato, mas de uma indústria que envolve extração ilegal dentro e fora de áreas protegidas e centenas de fábricas clandestinas espalhadas, geralmente, pelos quintais de periferias pobres.
No extremo sul da Bahia, indígenas são responsáveis por menos de 12% da produção, apesar de seu nome ser amplamente usado para driblar a fiscalização. Além de impactos ambientais, o “industrianato” gera subemprego, sem proteção física ou legal. Um objeto vendido a R$ 40 em São Paulo geralmente é comprado por R$ 1 do produtor.
As árvores nativas, por exemplo, deveriam ser mantidas e poderiam produzir sementes para plantios comerciais, com fantástico potencial econômico, ou serem manejadas sob regras que garantam sua manutenção. Enquanto isso, é possível produzir itens de excelente beleza e qualidade com espécies exóticas, desde que seu cultivo não leve à degradação da vegetação nativa ou pressione o dia a dia de populações tradicionais.
Por isso, WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Grupo Ambientalista da Bahia e Associação Mineira de Defesa do Ambiente estarão presentes na 24ª Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte/MG) a partir deste sábado (7) defendendo que Governo Federal e Congresso Nacional unam esforços com a sociedade civil para a definição célere, clara e democrática de legislação e regras para garantir a sustentabilidade socioambiental e econômica do desenvolvimento do artesanato nacional com matérias-primas nativas.
* As chamadas Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento são oito áreas protegidas nos estados da Bahia e do Espírito Santo que mantêm o recorde mundial de mais de 450 espécies de árvores por hectare e foram reconhecidas em 1999 como Patrimônio Natural Mundial pelas Nações Unidas.
No entanto, a falta de regras para o aproveitamento de recursos naturais na produção do artesanato muitas vezes tem contribuído para a exploração predatória de remanescentes de vegetação nativa em várias regiões pela extração desregrada e insustentável de madeiras, fibras, sementes e outros tipos de matéria-prima. O resultado é a degradação de áreas naturais, de parques nacionais e de outras unidades de conservação no Brasil.
Um dos casos mais graves é registrado entre Porto Seguro, Prado e Itamaraju, no extremo sul da Bahia, região famosa não apenas por ser o local do “descobrimento do Brasil”, mas também por abrigar um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica do Nordeste*.
Essa região abastece um tráfico de mais de 30 mil metros cúbicos anuais de madeiras raras da Mata Atlântica. O material é amplamente usado em pratos, tigelas, tábuas de carne, talheres, gamelas, pilões, enfeites ou potes de mel, todos vendidos abertamente em rodovias, feiras populares e lojas nos centros urbanos.
O tráfico se concentra nas porções preservadas das florestas e abre novas frentes de devastação pela busca de árvores de grande porte, muitas ameaçadas de extinção. Jacarandá, pau brasil, parajú, arruda, mussutaiba, arapati e outras espécies têm sido livremente abatidas e transformadas em utensílios domésticos e adornos. Visitantes e turistas geralmente adquirem esses produtos sem consciência do caráter ilegal e destrutivo.
Em vez de ajudar na geração de renda das comunidades, está contribuindo para a exploração predatória e fabricação mecanizada de artefatos, pois não se trata de artesanato, mas de uma indústria que envolve extração ilegal dentro e fora de áreas protegidas e centenas de fábricas clandestinas espalhadas, geralmente, pelos quintais de periferias pobres.
No extremo sul da Bahia, indígenas são responsáveis por menos de 12% da produção, apesar de seu nome ser amplamente usado para driblar a fiscalização. Além de impactos ambientais, o “industrianato” gera subemprego, sem proteção física ou legal. Um objeto vendido a R$ 40 em São Paulo geralmente é comprado por R$ 1 do produtor.
As árvores nativas, por exemplo, deveriam ser mantidas e poderiam produzir sementes para plantios comerciais, com fantástico potencial econômico, ou serem manejadas sob regras que garantam sua manutenção. Enquanto isso, é possível produzir itens de excelente beleza e qualidade com espécies exóticas, desde que seu cultivo não leve à degradação da vegetação nativa ou pressione o dia a dia de populações tradicionais.
Por isso, WWF-Brasil, SOS Mata Atlântica, Grupo Ambientalista da Bahia e Associação Mineira de Defesa do Ambiente estarão presentes na 24ª Feira Nacional de Artesanato (Belo Horizonte/MG) a partir deste sábado (7) defendendo que Governo Federal e Congresso Nacional unam esforços com a sociedade civil para a definição célere, clara e democrática de legislação e regras para garantir a sustentabilidade socioambiental e econômica do desenvolvimento do artesanato nacional com matérias-primas nativas.
* As chamadas Reservas de Mata Atlântica da Costa do Descobrimento são oito áreas protegidas nos estados da Bahia e do Espírito Santo que mantêm o recorde mundial de mais de 450 espécies de árvores por hectare e foram reconhecidas em 1999 como Patrimônio Natural Mundial pelas Nações Unidas.
Fonte: WWF Brasil
Notícias em destaque

Exportações sufocadas: setor da madeira no Brasil entra em colapso sob pressão das tarifas dos Estados Unidos
Brasil perde competitividade no setor de madeira e enfrenta onda de suspensões: entenda o que está por trás da nova crise...
(MERCADO)

Quer se Proteger da Inflação? Compre uma Floresta
Investidores ricos e instituições comprometeram US$ 10 bilhões em áreas florestais administradas por Angela Davis....
(GERAL)

Minas avança no reflorestamento e ultrapassa 70 por cento da meta de restauração da Mata Atlântica
São mais de 5 milhões de mudas, consolidando o protagonismo do estado na agenda ambiental nacional
Minas Gerais segue firme no...
(GERAL)

Tarifaço eleva preço do MDF e indústria de móveis em Minas teme demissões e queda de vendas
Os reajustes, dependendo da peça, foram de 25%, de acordo com o Sindicato das Indústrias do Mobiliário e de Artefatos de...
(GERAL)

A árvore que existe no planeta há 230 milhões de anos
Olá, sou a Araucária.
Dedicado ao grande estudioso das Araucárias Dr. João Rodrigues de Mattos (in memoriam) e ao...
(MADEIRA E PRODUTOS)

As espécies nativas pedem espaço e apoio
O Brasil vive um novo capítulo em sua trajetória florestal.
Após décadas de consolidação da...
(SILVICULTURA)