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Notícias
27
mar
2013
(TECNOLOGIA)
Informações obtidas em pesquisa poderão viabilizar mercado de pau de balsa
Espécie nativa da Amazônia Ocidental, o pau de balsa (Ochroma pyramidale) despertou o interesse de produtores de Mato Grosso. Por meio de incentivos diversos, a área com a espécie madeireira conhecida pela baixa densidade e rápido crescimento aumentou no estado nos últimos anos e já chega a 7,5 mil hectares, segundo dados da Cooperativa dos Produtores de Pau de Balsa (Copromab). No entanto, o mercado potencial ainda é incerto e existem poucas informações sobre o cultivo.
Para contribuir com as informações técnicas sobre a produção de pau de balsa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciou em 2011 uma pesquisa que avalia diferentes níveis de adubação e diferentes espaçamentos de plantio. Mesmo em fase inicial, este trabalho, realizado no município de Guarantã do Norte (745 km de Cuiabá), já começa a gerar informações importantes para os produtores da região.
“Fizemos os primeiros plantios orientados por experiência de outras pessoas que já haviam feito, mas sem informações técnicas. Agora, mesmo sem os resultados finais, já começamos a aplicar o que vemos no experimento e que está dando certo. A pesquisa já está nos direcionando a proceder de modo a cometer o menor número de erros”, afirma o agrônomo da prefeitura de Guarantã do Norte e responsável pelo acompanhamento técnico do experimento, Júlio Santin.
Na pesquisa foram adotadas quatro dosagens de adubação. Uma com os valores de referência utilizados na região, outras com metade desta quantidade, com o dobro e com 1,5 vezes o valor de referência, além da parcela testemunha, que ficou sem adubação. Após dois anos de plantio a diferença entre os tratamentos é evidente.
“As plantas que receberam níveis de adubação responderam positivamente. Obtivemos incrementos em termos de altura e diâmetro do tronco da ordem de duas vezes em relação à testemunha. A média do diâmetro das árvores variou de 2,4 cm (testemunha) a 4,9 cm (maior nível de adubação) e o crescimento em altura variou de 154,4 cm (testemunha) a 349,5 cm (maior nível de adubação) aos 375 dias após o plantio; relata o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Maurel Behling.
Outro item avaliado pela pesquisa é a fertilidade do solo, devido ao depósito de matéria orgânica. Nota-se maior acúmulo de serapilheira nos tratamentos que receberam maior quantidade de adubo. Isto, além de trazer benefícios para as plantas, contribui para a menor incidência de plantas daninhas e de matocompetição, além de reduzir os custos com operações para controle do mato.
Paralelamente à implantação do experimento, ainda foi possível avaliar técnicas adotadas para o plantio. Comparando-se com cultivos vizinhos, onde foi feita a gradagem e sulcagem total da área, o plantio com cultivo mínimo se mostrou mais viável. Ao se fazer apenas a sulcagem nas linhas de plantio e a dessecação do capim, houve menor problema com matocompetição e consequentemente economia tanto no controle do mato, quanto nas operações de gradagem.
Segundo Maurel Behling, mesmo com a pesquisa ainda na fase inicial, já é possível ter algumas previsões quanto aos resultados. Entretanto, os dados conclusivos somente serão conhecidos após o corte das árvores, quando será verificado o volume de madeira produzido em cada tratamento. O corte final está previsto para ocorrer por volta dos cinco a seis anos de idade. Com estas informações, será feita a análise econômica dos cultivos, de modo a determinar qual deles é mais viável para o produtor.
Produtores
Para os produtores, as informações obtidas na pesquisa serão fundamentais para orientar o cultivo. A maioria deles iniciou as plantações sem terem parâmetros de produção e movidos pela promessa de que o pau de balsa teria grande valor na venda para fabricantes de hélices de turbinas eólicas. Este mercado, entretanto, não se concretizou, sobretudo devido à baixa qualidade da madeira produzida em Mato Grosso.
Sem materiais genéticos selecionados, as árvores cultivadas no estado são heterogêneas e, em sua maioria, apresentam densidade acima de 220 kg/m³, enquanto os fabricantes necessitam de madeira de 100 kg/m³ a 170 kg/m³. Desta forma, eles acabam importando a matéria prima de países produtores como Equador e Panamá.
Cabe aos produtores venderem sua produção de madeira com maior densidade para a indústria de laminados e compensados, de modo a serem utilizados na indústria moveleira. Entretanto, este mercado ainda é praticamente inexistente e os valores pagos estão abaixo do esperado.
Para aumentar o valor agregado ao pau de balsa, a Cooperativa dos Produtores de Pau de Balsa de Mato Grosso busca outras alternativas de uso para a madeira, como em peças de artesanato, confecção de divisórias, portas, entre outros. Além disso, a cooperativa espera colocar em funcionamento até o fim do ano uma planta para processar a madeira.
“O objetivo maior é a transformação desta madeira para agregar valor para o produtor. Como a madeira não é perecível, estamos orientando aos produtores a permanecerem com a madeira estocada até termos instalada a indústria para fazer a transformação pela cooperativa”, afirma a presidente da Copromab, Elizete Pinheiro.
Outro entrave para a comercialização do pau de balsa é a logística. Como se trata de uma madeira de baixo valor agregado, com o preço do m³ variando entre R$ 100 e R$ 200, para se tornar viável seu cultivo, a produção deve estar próxima à indústria processadora. Estima-se em 100 km a distância limite para que se mantenha a rentabilidade do produtor. Além disso, o aumento da produtividade e a redução dos custos de implantação e manutenção são essenciais para garantir o lucro.
“O grande segredo do pau de balsa é conseguir alta produtividade com baixo custo de produção, aí ela se torna economicamente interessante. E o que a gente tem observado é que os produtores tiveram um alto custo de produção e a produtividade está sendo baixa. Logo, a princípio eles não estão tendo uma margem de lucro interessante”, conta o pesquisador Maurel Behling.
Mercado
Se por um lado os produtores reclamam da falta de compradores do pau de balsa, as indústrias argumentam que não compram devido à falta de oferta de matéria prima. De acordo com Claudio Didomenico, proprietário da Compensados São Francisco, o potencial de mercado desta madeira é muito grande, pois ela reúne duas características importantes para a marcenaria: a leveza e a coloração clara e uniforme.
“Temos ideia dos possíveis usos do pau de balsa, mas não temos como saber ao certo, pois não temos oferta. Não tenho como vender para uma indústria moveleira hoje e amanhã ficar sem matéria prima para ofertar. Por isso dependemos da maior quantidade de florestas plantadas”, explica Claudio, que acredita no potencial do pau de balsa.
“A madeira ainda não foi apresentada ao mercado brasileiro. Acredito que ela vai ser utilizada nos mais diversos seguimentos, mas precisa ter a oferta”, ressalta.
Para solucionar este impasse entre a falta de oferta de produto e falta de compradores, todos os envolvidos na cadeia são unânimes em dizer que serão necessárias medidas de incentivo do governo para que a cadeia possa se organizar e se tornar viável.
A Compensados São Francisco, que é parceira da Embrapa na pesquisa realizada em Guarantã do Norte, inclusive já chegou a fazer alguns testes com o pau de balsa. Os compensados desta madeira se mostraram resistentes e mais leves do que os feitos atualmente com madeiras como amescla e pinho cuiabano (paricá), com 350 kg/m³ contra 550kg/m³.
Entretanto, para processar comercialmente o pau de balsa é preciso ter equipamentos específicos para laminar madeiras finas, sendo necessário a compra de novos tornos. Além disso, a heterogeneidade da matéria prima produzida em Mato Grosso é outro problema, uma vez que, segundo Claudio, ainda não é possível saber qual a densidade de madeira ideal para ser utilizada na indústria.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Maurel Behling, a seleção de plantas superiores e o melhoramento genético são novas demandas de pesquisa para a cultura. Além de se determinar materiais com maior ou menor densidade, é preciso obter plantas com maior fuste, uma vez que uma das características do pau de balsa é a trifurcação baixa do tronco.
“Há necessidade de trabalhar em cima de materiais com padrão mais elevado e que atenda às exigências de mercado, como árvores com uma trifurcação mais elevada, que possibilite maior fuste, ou até mesmo que não trifurque. Será necessário um trabalho de melhoramento genético, de seleção de matrizes ou clones que tenham estas características”, analisa Maurel Behling.
Interesse no plantio
Apesar da ausência de parâmetros para o plantio e das incertezas em relação ao mercado, o interesse pelo pau de balsa tem crescido e não somente em Mato Grosso. O Serviço de Atendimento ao Cidadão da Embrapa Agrossilvipastoril tem recebido inúmeras solicitações de informação vindas de todas as regiões do país.
“O que temos de informação é que o pau de balsa não tolera temperaturas baixas e geadas, nem períodos de déficit hídricos muito prolongados. Já tivemos pessoas do Nordeste perguntando sobre a possibilidade de plantio nessas regiões. Temos feito uma ressalva de que se esse período seco for muito prolongado, ele não vai ter um desenvolvimento satisfatório. Mas isto precisa ser testado. Como ele tem uma variabilidade genética muito grande, pode ser que haja algum material com certa tolerância a essas condições”, explica o pesquisador da Embrapa Maurel Behling, que recomenda cautela no plantio, cultivando inicialmente em pequenas áreas para testar o desempenho das árvores.
Em Guarantã do Norte, onde é realizada a pesquisa, são muitos os produtores que demonstram interesse em investir no plantio do pau de balsa. “Semanalmente recebemos pessoas querendo saber sobre as tecnologias de produção e mercado de pau de balsa. Mostramos para elas que o pau de balsa é uma boa opção para agregar renda na propriedade, mas estamos orientando para que iniciem devagar, porque ainda estamos desenvolvendo a pesquisa. Assim que tivermos mais garantias, vamos motivar a plantar mais”, afirma o agrônomo Júlio Santin.
Outro aspecto importante e que já está sendo articulado por produtores e indústria madeireira é a legislação estadual para plantios comerciais de espécies florestais.
“Ainda não há legislação estadual para a silvicultura. Há apenas a fiscalização das áreas de manejo. O objetivo é ter esta legislação antes da colheita destas florestas que estão sendo plantadas”, afirma Claudio Didomenico, que recentemente participou de reuniões em Cuiabá para discutir esta questão.
Rápido crescimento viabiliza uso de pau de balsa na iLPF
Classificada como espécie pioneira, o pau de balsa tem rápido crescimento. Em um ano chega a atingir quatro metros de altura e o tronco pode chegar aos 10 cm de diâmetro. Estas características favorecem seu uso em sistemas integrados de produção, sobretudo em sistemas silvipastoris.
“Talvez a grande diferença do pau de balsa em relação às outras espécies, como até mesmo o eucalipto, seja o crescimento rápido. Isto possibilita, com um ano, um ano e meio, usando é claro uma adubação adequada, entrar com animais no sistema”, afirma o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Maurel Behling.
Entretanto, o uso do pau de balsa na integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) deve tomar alguns cuidados. Um experimento feito em uma Unidade de Referência Tecnológica montada na fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT), mostrou que o espaçamento entre os renques deve ser maior do que o utilizado com outras espécies florestais.
Nesta área, os renques de pau de balsa, com três linhas cada um deles, ficaram distantes 20 m. Entretanto, após quatro anos, as copas das árvores bloquearam quase toda a entrada de luz entre os renques, prejudicando o crescimento da planta forrageira.
“Com o pau de balsa, temos que usar distâncias maiores entre os renques. Acredito que a distância deva ficar acima dos 30m. Talvez de 30 a 40m pela estrutura de copa do pau de balsa”, analisa Behling.
O manejo das árvores também é fator crucial para o aproveitamento desta espécie nos sistemas integrados de produção. Assim como em áreas comerciais de plantio de pau de balsa, a poda pode elevar a trifurcação, permitindo maior entrada de luz no sistema.
“Com a poda das árvores é possível formar um fuste maior, não deixando a trifurcação baixa. Com a elevação da copa através da poda, será possível permitir maior passagem de luz para o sub-bosque”, prevê o pesquisador.
Para contribuir com as informações técnicas sobre a produção de pau de balsa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) iniciou em 2011 uma pesquisa que avalia diferentes níveis de adubação e diferentes espaçamentos de plantio. Mesmo em fase inicial, este trabalho, realizado no município de Guarantã do Norte (745 km de Cuiabá), já começa a gerar informações importantes para os produtores da região.
“Fizemos os primeiros plantios orientados por experiência de outras pessoas que já haviam feito, mas sem informações técnicas. Agora, mesmo sem os resultados finais, já começamos a aplicar o que vemos no experimento e que está dando certo. A pesquisa já está nos direcionando a proceder de modo a cometer o menor número de erros”, afirma o agrônomo da prefeitura de Guarantã do Norte e responsável pelo acompanhamento técnico do experimento, Júlio Santin.
Na pesquisa foram adotadas quatro dosagens de adubação. Uma com os valores de referência utilizados na região, outras com metade desta quantidade, com o dobro e com 1,5 vezes o valor de referência, além da parcela testemunha, que ficou sem adubação. Após dois anos de plantio a diferença entre os tratamentos é evidente.
“As plantas que receberam níveis de adubação responderam positivamente. Obtivemos incrementos em termos de altura e diâmetro do tronco da ordem de duas vezes em relação à testemunha. A média do diâmetro das árvores variou de 2,4 cm (testemunha) a 4,9 cm (maior nível de adubação) e o crescimento em altura variou de 154,4 cm (testemunha) a 349,5 cm (maior nível de adubação) aos 375 dias após o plantio; relata o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Maurel Behling.
Outro item avaliado pela pesquisa é a fertilidade do solo, devido ao depósito de matéria orgânica. Nota-se maior acúmulo de serapilheira nos tratamentos que receberam maior quantidade de adubo. Isto, além de trazer benefícios para as plantas, contribui para a menor incidência de plantas daninhas e de matocompetição, além de reduzir os custos com operações para controle do mato.
Paralelamente à implantação do experimento, ainda foi possível avaliar técnicas adotadas para o plantio. Comparando-se com cultivos vizinhos, onde foi feita a gradagem e sulcagem total da área, o plantio com cultivo mínimo se mostrou mais viável. Ao se fazer apenas a sulcagem nas linhas de plantio e a dessecação do capim, houve menor problema com matocompetição e consequentemente economia tanto no controle do mato, quanto nas operações de gradagem.
Segundo Maurel Behling, mesmo com a pesquisa ainda na fase inicial, já é possível ter algumas previsões quanto aos resultados. Entretanto, os dados conclusivos somente serão conhecidos após o corte das árvores, quando será verificado o volume de madeira produzido em cada tratamento. O corte final está previsto para ocorrer por volta dos cinco a seis anos de idade. Com estas informações, será feita a análise econômica dos cultivos, de modo a determinar qual deles é mais viável para o produtor.
Produtores
Para os produtores, as informações obtidas na pesquisa serão fundamentais para orientar o cultivo. A maioria deles iniciou as plantações sem terem parâmetros de produção e movidos pela promessa de que o pau de balsa teria grande valor na venda para fabricantes de hélices de turbinas eólicas. Este mercado, entretanto, não se concretizou, sobretudo devido à baixa qualidade da madeira produzida em Mato Grosso.
Sem materiais genéticos selecionados, as árvores cultivadas no estado são heterogêneas e, em sua maioria, apresentam densidade acima de 220 kg/m³, enquanto os fabricantes necessitam de madeira de 100 kg/m³ a 170 kg/m³. Desta forma, eles acabam importando a matéria prima de países produtores como Equador e Panamá.
Cabe aos produtores venderem sua produção de madeira com maior densidade para a indústria de laminados e compensados, de modo a serem utilizados na indústria moveleira. Entretanto, este mercado ainda é praticamente inexistente e os valores pagos estão abaixo do esperado.
Para aumentar o valor agregado ao pau de balsa, a Cooperativa dos Produtores de Pau de Balsa de Mato Grosso busca outras alternativas de uso para a madeira, como em peças de artesanato, confecção de divisórias, portas, entre outros. Além disso, a cooperativa espera colocar em funcionamento até o fim do ano uma planta para processar a madeira.
“O objetivo maior é a transformação desta madeira para agregar valor para o produtor. Como a madeira não é perecível, estamos orientando aos produtores a permanecerem com a madeira estocada até termos instalada a indústria para fazer a transformação pela cooperativa”, afirma a presidente da Copromab, Elizete Pinheiro.
Outro entrave para a comercialização do pau de balsa é a logística. Como se trata de uma madeira de baixo valor agregado, com o preço do m³ variando entre R$ 100 e R$ 200, para se tornar viável seu cultivo, a produção deve estar próxima à indústria processadora. Estima-se em 100 km a distância limite para que se mantenha a rentabilidade do produtor. Além disso, o aumento da produtividade e a redução dos custos de implantação e manutenção são essenciais para garantir o lucro.
“O grande segredo do pau de balsa é conseguir alta produtividade com baixo custo de produção, aí ela se torna economicamente interessante. E o que a gente tem observado é que os produtores tiveram um alto custo de produção e a produtividade está sendo baixa. Logo, a princípio eles não estão tendo uma margem de lucro interessante”, conta o pesquisador Maurel Behling.
Mercado
Se por um lado os produtores reclamam da falta de compradores do pau de balsa, as indústrias argumentam que não compram devido à falta de oferta de matéria prima. De acordo com Claudio Didomenico, proprietário da Compensados São Francisco, o potencial de mercado desta madeira é muito grande, pois ela reúne duas características importantes para a marcenaria: a leveza e a coloração clara e uniforme.
“Temos ideia dos possíveis usos do pau de balsa, mas não temos como saber ao certo, pois não temos oferta. Não tenho como vender para uma indústria moveleira hoje e amanhã ficar sem matéria prima para ofertar. Por isso dependemos da maior quantidade de florestas plantadas”, explica Claudio, que acredita no potencial do pau de balsa.
“A madeira ainda não foi apresentada ao mercado brasileiro. Acredito que ela vai ser utilizada nos mais diversos seguimentos, mas precisa ter a oferta”, ressalta.
Para solucionar este impasse entre a falta de oferta de produto e falta de compradores, todos os envolvidos na cadeia são unânimes em dizer que serão necessárias medidas de incentivo do governo para que a cadeia possa se organizar e se tornar viável.
A Compensados São Francisco, que é parceira da Embrapa na pesquisa realizada em Guarantã do Norte, inclusive já chegou a fazer alguns testes com o pau de balsa. Os compensados desta madeira se mostraram resistentes e mais leves do que os feitos atualmente com madeiras como amescla e pinho cuiabano (paricá), com 350 kg/m³ contra 550kg/m³.
Entretanto, para processar comercialmente o pau de balsa é preciso ter equipamentos específicos para laminar madeiras finas, sendo necessário a compra de novos tornos. Além disso, a heterogeneidade da matéria prima produzida em Mato Grosso é outro problema, uma vez que, segundo Claudio, ainda não é possível saber qual a densidade de madeira ideal para ser utilizada na indústria.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Maurel Behling, a seleção de plantas superiores e o melhoramento genético são novas demandas de pesquisa para a cultura. Além de se determinar materiais com maior ou menor densidade, é preciso obter plantas com maior fuste, uma vez que uma das características do pau de balsa é a trifurcação baixa do tronco.
“Há necessidade de trabalhar em cima de materiais com padrão mais elevado e que atenda às exigências de mercado, como árvores com uma trifurcação mais elevada, que possibilite maior fuste, ou até mesmo que não trifurque. Será necessário um trabalho de melhoramento genético, de seleção de matrizes ou clones que tenham estas características”, analisa Maurel Behling.
Interesse no plantio
Apesar da ausência de parâmetros para o plantio e das incertezas em relação ao mercado, o interesse pelo pau de balsa tem crescido e não somente em Mato Grosso. O Serviço de Atendimento ao Cidadão da Embrapa Agrossilvipastoril tem recebido inúmeras solicitações de informação vindas de todas as regiões do país.
“O que temos de informação é que o pau de balsa não tolera temperaturas baixas e geadas, nem períodos de déficit hídricos muito prolongados. Já tivemos pessoas do Nordeste perguntando sobre a possibilidade de plantio nessas regiões. Temos feito uma ressalva de que se esse período seco for muito prolongado, ele não vai ter um desenvolvimento satisfatório. Mas isto precisa ser testado. Como ele tem uma variabilidade genética muito grande, pode ser que haja algum material com certa tolerância a essas condições”, explica o pesquisador da Embrapa Maurel Behling, que recomenda cautela no plantio, cultivando inicialmente em pequenas áreas para testar o desempenho das árvores.
Em Guarantã do Norte, onde é realizada a pesquisa, são muitos os produtores que demonstram interesse em investir no plantio do pau de balsa. “Semanalmente recebemos pessoas querendo saber sobre as tecnologias de produção e mercado de pau de balsa. Mostramos para elas que o pau de balsa é uma boa opção para agregar renda na propriedade, mas estamos orientando para que iniciem devagar, porque ainda estamos desenvolvendo a pesquisa. Assim que tivermos mais garantias, vamos motivar a plantar mais”, afirma o agrônomo Júlio Santin.
Outro aspecto importante e que já está sendo articulado por produtores e indústria madeireira é a legislação estadual para plantios comerciais de espécies florestais.
“Ainda não há legislação estadual para a silvicultura. Há apenas a fiscalização das áreas de manejo. O objetivo é ter esta legislação antes da colheita destas florestas que estão sendo plantadas”, afirma Claudio Didomenico, que recentemente participou de reuniões em Cuiabá para discutir esta questão.
Rápido crescimento viabiliza uso de pau de balsa na iLPF
Classificada como espécie pioneira, o pau de balsa tem rápido crescimento. Em um ano chega a atingir quatro metros de altura e o tronco pode chegar aos 10 cm de diâmetro. Estas características favorecem seu uso em sistemas integrados de produção, sobretudo em sistemas silvipastoris.
“Talvez a grande diferença do pau de balsa em relação às outras espécies, como até mesmo o eucalipto, seja o crescimento rápido. Isto possibilita, com um ano, um ano e meio, usando é claro uma adubação adequada, entrar com animais no sistema”, afirma o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Maurel Behling.
Entretanto, o uso do pau de balsa na integração lavoura-pecuária-floresta (iLPF) deve tomar alguns cuidados. Um experimento feito em uma Unidade de Referência Tecnológica montada na fazenda Gamada, em Nova Canaã do Norte (MT), mostrou que o espaçamento entre os renques deve ser maior do que o utilizado com outras espécies florestais.
Nesta área, os renques de pau de balsa, com três linhas cada um deles, ficaram distantes 20 m. Entretanto, após quatro anos, as copas das árvores bloquearam quase toda a entrada de luz entre os renques, prejudicando o crescimento da planta forrageira.
“Com o pau de balsa, temos que usar distâncias maiores entre os renques. Acredito que a distância deva ficar acima dos 30m. Talvez de 30 a 40m pela estrutura de copa do pau de balsa”, analisa Behling.
O manejo das árvores também é fator crucial para o aproveitamento desta espécie nos sistemas integrados de produção. Assim como em áreas comerciais de plantio de pau de balsa, a poda pode elevar a trifurcação, permitindo maior entrada de luz no sistema.
“Com a poda das árvores é possível formar um fuste maior, não deixando a trifurcação baixa. Com a elevação da copa através da poda, será possível permitir maior passagem de luz para o sub-bosque”, prevê o pesquisador.
Fonte: Embrapa Agrossilvipastoril
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