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Notícias

17
out
2012
(BIOENERGIA)
Fabricantes de celulose elevam receitas com venda de eletricidade; Fibria lidera
Enquanto fabricantes de celulose no Brasil investiam na autossuficiência de produção de energia para seus processos industriais, outra oportunidade de negócio ganhou força no setor: a de venda de eletricidade no mercado livre de energia. A Fibria, uma das pioneiras neste movimento, atualmente comercializa cerca de 30 MW de energia excedente advinda de suas caldeiras instaladas nas fábricas de Aracruz (ES) e Três Lagoas (MS).

"Projetos que contam com a produção de eletricidade possuem dois resultados positivos – o primeiro é que deixamos de estar expostos aos ricos da falta de fornecimento, e o segundo é que há um ganho econômico por meio da adição de energia sustentável à rede nacional de energia", explicou o gerente geral de meio ambiente industrial da Fibria, Umberto Cinque.

No Brasil, existem dois mercados de comercialização de energia, um regulado com redes de distribuidores e geradores regidos por licitações públicas e outro mercado livre, no qual consumidores, distribuidores e geradores podem negociar contratos livremente, incluindo empresas de celulose e papel.

Apenas com a fábrica de Três Lagoas, que produz 1,3 milhão de t/ano de celulose branqueada de eucalipto (BEK), a Fibria recebe mensalmente R$ 2,5 milhões pela venda de eletricidade. "Temos estudos apontando que podemos aumentar o potencial de geração de energia nesta fábrica para 50 MW. Quando iniciarmos a produção da segunda linha, poderemos vender mais 62-117 MW", o executivo disse. Esta variação irá depender dos padrões futuros do projeto e as regulamentações do mercado de energia brasileiro.

Outro grande produtor de celulose no país, a Suzano, pretende vender cerca de 100 MW de eletricidade depois do início de produção de sua fábrica de 1,5 milhão t/ano de celulose na cidade de Imperatriz (MA). Atualmente, a planta de Mucuri (BA) é apenas autossuficiente, mas a empresa já estuda atingir um excedente de 5-10 MW até 2014, após instalar uma nova caldeira. "Esta é uma maneira interessante de aumentar as receitas e faz parte do que chamamos de investimentos incrementais. No estado do Maranhão, nossas árvores têm um alto porcentual de lignina, então tiramos vantagem disso", disse o diretor de operações da companhia, Ernesto Pousada.

A nova fábrica da Eldorado, que deverá iniciar produção em Três Lagoas no mês de dezembro, também deverá ofertar 29-30 MW de eletricidade extra. A planta terá uma capacidade de produção instalada de 220 MW, mas inicialmente irá produzir 180 MW de energia, da qual 57% será utilizada na produção de celulose, 27% na fabricação de insumos e o resto vendida no mercado.

Como explica o diretor da Trade Energy, Luis Gameiro, o mercado de energia já representa 28% de todo consumo de eletricidade no Brasil e esta participação deve aumentar. "Existem muitas regulamentações no mercado brasileiro que estavam segurando o crescimento deste setor, mas agora isto começou a mudar e muitas empresas estão investindo em caldeiras de biomassa", ele disse.

As empresas de celulose e papel também são compradoras no mercado livre de energia brasileiro. Gameiro conta que muitos dos seus clientes são deste setor, por conta dos custos mais baixos. "Consumidores podem reduzir suas contas de energia entre 10% e 25%, conforme o contrato, então nos últimos anos vimos uma migração forte de fabricantes de papel para o mercado de energia livre." As fábricas da Suzano em São Paulo, por exemplo, compram entre 60-70 MW deste mercado.

A Trade Energy estima que o setor consuma, atualmente, cerca de 700 MW de energia no mercado livre.

Fonte: Por Marina Faleiros, Editora de Notícias, PPI América Latina para a Painel Florestal

ITTO Sindimadeira_rs