MENU
Adesivos
Biodiesel
Design
Economia
Editorial
Espécie-Acácia
Eucalipto
Fimma-Brasil
Marketing
Mercado-Portugal
Painéis
Pinus
Pisos
Preservação
Reflorestamento
Secagem
E mais...
Anunciantes
 
 
 

REVISTA DA MADEIRA - EDIÇÃO N°89 - ABRIL DE 2005

Preservação

Influência de preservantes hidrossolúveis na resistência mecânica da madeira

Os efeitos de alguns tratamentos com preservantes hidrossolúveis, quando levados em conta nas condições perturbadoras de projeto, tem sido estudado exaustivamente nos Estados Unidos. Estes estudos têm produzido uma série de limitações em processos comuns de imunização no intuito de controlar o impacto dos processos de tratamento em madeiras. Contudo, diversos problemas permanecem quanto à formulação de recomendações de projeto, devido ao limitado conhecimento fundamental sobre preservantes químicos industriais, tipos alternativos e importantes fatores de projeto, bem como a durabilidade da madeira em carregamentos e em condições de utilização.

Pesquisadores relatam que tratamentos com preservantes hidrossolúveis, geralmente, reduzem a resistência mecânica de madeiras do hemisfério norte. Os efeitos dos tratamentos com preservantes hidrossolúveis nas propriedades mecânicas aparecem diretamente relacionados a diversos fatores chaves do material madeira, bem como o seu pré-tratamento, tratamento e pós-tratamento e seus respectivos fatores de processo.

Dentre estes fatores seguintes incluem-se: (1) espécies; (2) propriedade mecânica; (3)

imunizante industrial ou do tipo químico; (4) retenção; (5) pós-tratamento de secagem; (6) tamanho do material; (7) classe do material; (8) tipo de produto; (9) secagem inicial em estufa; (10) incisão (se requerida).

Pode-se considerar que existe uma boa quantidade de publicações sobre o assunto, principalmente abordando florestas temperadas, sendo aqui tratadas de maneira resumida com seus relatos de maior importância e aceitação.

As diversas grandezas dos efeitos de vários preservantes hidrossolúveis nas propriedades mecânicas não aparentam variar para espécies diferentes. Pesquisadores avaliaram em pequena quantidade de espécies de madeira clara da floresta litorânea da Europa, pinus e abeto, usando dez formulações de preservantes hidrossolúveis com níveis de retenção em torno de 8 a 24 Kg/m3. Não se achou diferenças consistentes entre as espécies e seus módulos de ruptura (MR), resistência paralela às fibras, ou resistência ao impacto. Eles compararam novamente espécies do litoral europeu com pinus tratados com CCA e CCB, e não encontraram relações diferentes entre as espécies. Comparando-se resultados do tratamento da espécie “Douglas-fir”, com CCA, com os da espécie “Southern Pine”, também com CCA, concluiu-se que não existiam efeitos diferentes nas espécies e nos efeitos de secagem pós- tratamento. Quando espécies de relações diferenciadas apresentam quedas de resistência, elas são provavelmente relacionadas as suas diferentes características, pois a espécie “Douglas-fir” é reconhecida como sendo mais sensível a degradações térmicas do que as espécies “Southern Pine” .



Cada propriedade mecânica é afetada diferentemente pelos tratamentos com imunizantes hidrossolúveis. Alguns preservantes hidrossolúveis, como o cloreto de zinco, não tem efeitos significativos no módulo de elasticidade (ME), mas reduzem significativamente o MR e propriedades como a resistência ao impacto.

Estudando-se dez preservantes hidrossolúveis encontrou-se um pequeno efeito, proveniente do tratamento, na flexão estática e resistência a compressão, mas em geral notou-se uma redução de 5 % a 20 % na resistência ao impacto após a ressecagem ao ar. Imunizantes hidrossolúveis podem ter diversos efeitos na resistência máxima de ruptura como mostrado por resultados de caráter decrescente, sem mudanças, ou pequeno acréscimo com o aumento de retenção quando secado ao ar.

Entretanto, a resistência máxima de ruptura pode ser significativamente reduzida quando ressecada à temperaturas superiores a 700C.

Um estudo comparativo da literatura sobre a resistência à flexão com tratamento a base de preservantes hidrossolúveis concluiu que o MR é reduzido de 0% a 20%, dependendo de muitos fatores. A diversidade de efeitos no MR foi abordado para imunizantes químicos hidrossolúveis e ressecagem. Porém, a influência dos tratamentos com hidrossolúveis na resistência a flexão não pode ser entendida por completo independentemente.

Uma variedade de outras propriedades mecânicas também tem sido estudada.

Dados de resistência à tração paralela às fibras indicam que esta é afetada pelo tratamento com CCA e ressecagem, de maneira similar para o MR. Na resistência à tração perpendicular às fibras foi relatada a existência de efeitos diferenciados nas direções radial e tangencial, mas um segundo estudo não encontrou diferenças. Lee avaliou a resistência paralela às fibras e concluiu a não influência do tratamento com CCA.

A grandeza dos efeitos diferenciais entre sistemas químicos de preservantes hidrossolúveis na resistência mostra-se pequena em relação aos efeitos dos fatores de processamento. Estas diferenças aparentam ser relacionadas aos imunizantes hidrossolúveis químicos e o tipo de reação de fixação/precipitação do preservativo.

Burmeister comparou uma grande quantidade de preservantes que continham cromo e não encontrou efeitos diferentes na resistência entre os imunizantes. Um estudo mais objetivo foi elaborado para detectar uma súbita diferença entre os efeitos químicos de três preservantes hidrossolúveis e observaram que o CCA do tipo A resultou uma grande perda na resistência à flexão num ensaio de curta duração do que quando tratado com o CCA do tipo B, e este resultou em grandes perdas quando tratado com ACA, supostamente esta perda de resistência à flexão em ensaio de curta duração se deu pela presença do cromo.

Estudos encontraram uma significativa redução na dureza proveniente do tratamento convencional de célula cheia seguido de uma ressecagem em estufa. Esta redução chegou a índices entre 16% a 23% para espécies tratadas com 9,6 Kg/m de CCA do tipo C e de 36% a 47% com espécies tratadas com 40 Kg/m quando secas depois do tratamento a 880 C. Porém, não há efeitos práticos na dureza entre o tratamento e início da ressecagem. Após muitas pesquisas com outros imunizantes e vários processos de tratamento e ressecagem, a “American Wood-Preservers’ Association” AWPA aprovou um sistema de imunizantes hidrossolúveis que pode ser em geral classificado pelos seus efeitos à resistência como os de menores efeitos aos de maiores efeitos: ACA = ACZA = ACC :t ? ACQB = Amônia de Cu = CCA – C < CCA – A. Todavia, em termos práticos, outros fatores como retenção e penetração, classe da madeira serrada, e fatores de espécies possuem um efeito maior na resistência do que os preservantes químicos. Estes provocam pequenas diferenças nos efeitos de resistência e com pouca importância prática quando se escolhe um sistema de preservação química.

Em geral, os níveis de retenção de preservantes hidrossolúveis de 16 Kg/m aparentam ter um pequeno efeito negativo na resistência. Níveis de retenção do CCA a ACA de 40 Kg/m, reduziram frequentemente o M.R. e propriedades relacionadas a energia significativamente.

Secagem ao ar após o tratamento causa aparentemente uma pequena redução na resistência em madeiras tratadas com hidrossolúveis com relação a retenção de valores ? 16 Kg/m.

Efeitos de preservantes hidrossolúveis e de pós-tratamento de secagem em estufa, especialmente à elevada temperatura de secagem, nas propriedades mecânicas tem repetidamente mostrado serem críticos na avaliação dos efeitos do tratamento.

Estudos revelaram reduções significativas no MR para os “Southern pine” tratados com CCA tipo C a uma retenção de 40 Kg/m quando exposto em uma fixador cilíndrico a 100 C. Este mesmo efeito no MR não foi notado para pequenos níveis de retenção de 16 Kg/m.

A perda de dureza alcança níveis de 10% a 16 Kg/me 32% a 40 Kg/m. Observou-se a perda de resistência à flexão utilizando ensaios de carregamento rápido de flexão com pinus tratados com ACA, CCA tipo A e CCA tipo B. Para material seco em estufa após o tratamento a 60Cº, o MR geralmente decresce com o aumento da retenção para todos os preservantes. Esta perda na resistência a flexão do ensaio rápido associado a ressecagem com 60Cº foi significativo para os tratados com CCA tipo B a retenção de 40 Kg/m3 e para CCA tipo A a retenção de níveis de 9,6 e 40 Kg/m3. Tratamento com ACA resultou em significantes reduções somente na situação de carregamento máximo, e com retenção de 40 Kg/m3. A perda no MR variou de 11% a 16%. As perdas no carregamento máximo foram as mais severas, com reduções significativas variando de 16% a 50 % dependendo do tipo de tratamento. Suas conclusões foram que secagens em estufa causam uma grande perda na resistência do que o tratamento de secagem ao ar.

Altas temperaturas de ressecagem poderiam dobrar os efeitos do CCA no ME e MR em pinus do tipo “Caribbean” quando comparado com a secagem ao ar após tratamento. Altas temperaturas de ressecagem podiam significativamente reduzir o ME e o MR do pinus utilizado na construção de casas (“lodge pole”) quando comparado ao tratamento de secagem em estufa convencional após imunização.

A média do MR do pinus “Southern” foi significativamente reduzida para 8% quando ressecada a 88 Cº e de 12% a 116 0C quando comparada a controles não tratados.

A relação entre o nível de retenção (de 4 a 16 Kg/m) do preservante CCA tipo C e temperatura de ressecagem do bulbo seco ? 60 0C, foi empiricamente modelado e mostrou não ter efeitos na resistência máxima de ruptura, MR , ME, e carregamento máximo (CM) quando comparado a controles similares de secagem.

Além do que, quando temperaturas de ressecagem para espécies de baixa densidade tratadas com CCA foram aumentados a níveis ? 82 0C, MR e CM foram reduzidos a 11% e 37 %, respectivamente, e resistência máxima de ruptura e ME permaneceram inalteradas.A 82 0C a resistência máxima de ruptura foi aumentada 9 % e MR e CM foram reduzidos para 12 % e 46 %, respectivamente. A 104 0C a resistência máxima de ruptura foi reduzida 9%, M.R foi reduzido a 30 % e C.M foi reduzido a 68 %. Eles concluíram que para uma retenção ? 16 Kg/me ressecagem ? 60 0C, a redução dos níveis de resistência e a rigorosidade do tratamento com imunizantes hidrossolúveis foram provavelmente não significativos.

Entretanto, em instâncias onde a ressecagem do bulbo seco excede 82 0C as perdas na resistência a flexão foram importantes. Usando seu modelo quadrático, a ressecagem a 71 0C pode ser usada com sucesso sem efeitos consideráveis no cálculo dos esforços.

Em resumo, retenção dos imunizantes hidrossolúveis, tipos de preservantes ou espécies tratadas não se mostraram tão importante quanto à máxima temperatura de ressecagem do bulbo seco. A literatura mostra claramente que temperaturas de ressecagem de materiais tratados com preservantes hidrossolúveis são críticas e devem ser limitadas pela associação de preservantes, ou produzir fatores de ajustes de cálculo os quais seriam utilizados na norma de engenharia de cálculo para madeiras serradas tratadas com hidrossolúveis.

A AWPA adota desde 1991 o limite de 74 0C para as temperaturas de secagem em estufa após tratamento.

Geralmente, peças de grande largura, especificamente de larga espessura, tendem ter menor redução de resistência do que o de menor tamanho. Relembrando que tratamento com preservantes normalmente somente penetra cerca de 1 a 51 mm de profundidade, dependendo da espécie e outros fatores, o efeito diferencial do tamanho é provavelmente em função da relação superficial para o volume de cada produto.



Embora o ME não fora afetado, a resistência de cálculo estimada a flexão (RF) para primeira categoria dos melhores pinus “Southern” serrados (38 x 152 mm) foram reduzidos de 1,5 a 2 vezes os valores da média quando tratados com 4,8 Kg/m com CCA tipo A, em seguida ressecada usando o modo convencional (88 0C) ou grandes temperaturas (116 0C). Mostrou-se que a RF foi reduzida para 14 % quando ressecada a 88ºC e a 19 % a 116 ºC. Também encontrou-se uma correlação direta entre os resultados de suas pequenas escalas de testes e testes com duas a seis peças de madeira serrada

A resistência máxima de ruptura para pequenas seções de pinho “South African” tratado com CCA fora reduzido a baixas distribuições, mais do que mostravam os valores de ambas medidas de classes tanto visuais como laboratoriais.

Complementando, na verdade a redução da resistência máxima de ruptura e esforço de

cálculo à compressão paralela às fibras (ECP) tendeu ser importante para madeiras serradas de altas categorias. Os estudos de classes das peças da espécie “South African” foram correspondentes a primeira e segunda classe da norma norte americana de madeiras serradas e de seleção para peças estruturais.

Os efeitos de tratamentos com imunizantes hidrossolúveis em compensados assemelham-se aos da madeira serrada. Comparando os efeitos do tratamento com CCA e ressecagem em compensados com os resultados publicados para madeiras serradas em níveis compatíveis de retenção e ressecagem, estudiosos concluíram que limites de ressecagem para compensados não poderiam exceder 71 0C

Nos produtos compostos a base de fibras, observa-se uma redução sutil quando comparados aos das madeiras serradas. Estes efeitos em compostos a base de fibras talvez estejam em maior função devido a danos internos provocados pela cola e a reação química de hidrólise do tratamento com hidrossolúveis. Entretanto, futuros estudos serão necessários para delinear esta hipótese.

A suscetibilidade de um produto para a redução de resistência induzida pelo CCA depende do rigor dos fatores de processo do pré-tratamento. Este efeito talvez esteja relacionado com a resistência natural da espécie da madeira e a combinação do tratamento. Embora, a secagem inicial em estufa da madeira serrada do pinho tipo “Southern” seja de 100 0C a 116 0C por curta duração, aparentemente tem pouco efeito sobre suas propriedades estruturais; ele resultou em maior degradação da parede celular do que em baixas temperaturas.

Subsequentemente tratamento com preservantes e ressecagem de material inicialmente seco a altas temperaturas causa uma degradação adicional.

Temperaturas iniciais de secagem de 113 0C resultaram em um pequeno aumento na redução por toda distribuição da resistência à tensão e flexão do que em temperaturas iniciais de 91 0C quando substancialmente tratados com CCA.

Incisão, ou pequenas perfurações sobre a superfície da madeira, reduz a sua Resistência. Entretanto é geralmente aceito que esta pequena perda de resistência seja benéfica, pois o tratamento provoca aumentos substanciais da performance da proteção biológica.



NOVO CÁLCULO (AWPA).

A proposta de modificação relatada a seguir foi elaborada por Jerrold E. Winandy

em 1995, baseado em estudos realizados no laboratório de produtos florestais de

Madison, na Universidade de Wisconsin nos E.U. A.



INCISÕES

.

Em 1989, a Associação de Normas Canadenses (CSA) adotou 10 % de redução do ME e 30 % de redução para todas as propriedades de resistência em condições de uso com secagem e 5 % de redução no ME e 15 % de redução para as propriedades de resistência em condições de umidade natural.

O limite técnico da literatura recomenda uma redução de 10 %no ME e uma redução de 20 % a 25 % em condições seca no cálculo de esforços em incisões de 5 mm em madeiras serradas finas e uma redução de 0 % a 10 %em peças mais finas.





TEMPERATURA DE SERVIÇO

.

Os efeitos do CCA do tipo C sobre o MR de espécies expostas a altas temperaturas durante 60 e 160 dias a 660C e 75 % de umidade relativa foi recentemente estudadas. Os resultados indicaram que o tratamento acelerado com CCA provoca uma degradação térmica de resistência à flexão quando comparado a madeiras serradas não tratadas. Este resultado indica que para madeiras serradas tratadas com imunizantes hidrossolúveis, o fator de ajuste de cálculo para exposição em temperaturas de serviço (baseado nos fatores de madeira não tratada), deve ser reduzido para madeiras tratadas com preservantes hidrossolúveis expostos entre 52 0C a 66 0C





UMIDADE DE SERVIÇO

.

Valores para cálculos publicados pela “American Forest and Paper Association” (AFPA), em 1991, aplica-se a peças secas < 19 %de umidade como máximo (e 15 % em média). Se o engenheiro calculista antecipa que a madeira não tratada será exposta a umidades ? 19 %, valores de cálculo são ajustados aplicando-se o fator de serviço de utilização (Cm) de 0,85 para o MR e 0,9 para o ME Um estudo recente avaliou a influência da umidade interna sobre os efeitos dos tratamentos de CCA na resistência à flexão. Este estudo concluiu que a diferença no efeito de mudança da umidade interna no ME raramente excedeu 5 % quando comparado a materiais não tratados. Dessa forma, a tradicional aplicação do fator Cm baseada para materiais tratados e não tratados com CCA pareceu aceitável. Entretanto, um distinto efeito negativo no MR foi notado quando testado a 10 % de umidade interna. Assim, isto apareceu que se aplicando o fator tradicional Cm para materiais não tratados de alta categoria de materiais tratados com CCA a valores menores que 15 % de umidade interna seria injustificável.





DURAÇÃO DO CARREGAMENTO

.

Reduções não são atualmente requeridas em concepções de cálculo de esforços (carregamento para 10 anos) para madeiras tratadas com preservantes hidrossolúveis.

Entretanto, reduções em propriedades relacionadas a energia são usualmente entre 1,5 a 2,0 vezes, ambos descritos para propriedades de resistência estática. Estas são as únicas exceções nas normas de cálculo (AFPA, 1991) para materiais tratados com imunizantes, existem e não podem ser modificadas (aumentadas) pelo engenheiro calculista em dimensionamento de esforços quando se levam em consideração carregamento com impacto para materiais tratados com imunizantes hidrossolúveis em níveis de retenção para ambientes marinhos.

Quando a possibilidade de um fator de ajuste de cálculo para o fenômeno do porte do carregamento de longa duração (Cd) foi estudado para tratamentos com CCA do tipo C, segunda classe, “Southern pine” 2 x 4, Soltis e Winandy, em 1989, acharam que mudanças na distribuição dos esforços acima de 40 %, durante o carregamento próximo ao limite de ruptura. Entretanto, eles concluíram que a existência do fator Cd para madeiras não tratadas poderia ser aplicada para materiais tratados em condições de carregamento de longa duração.

A performance de madeiras tratadas, em ambientes de carregamento com impacto, foi uma história diferente. Um estudo realizado por Winandy determinou diferenças significantes na resistência à flexão relacionada a rampas de carregamento de curta duração entre primeira categoria e superiores não tratadas e “Southern pine” de 2 x 4 tratados a base de CCA

.

EXPERIMENTO

A comprovação, através da literatura, da perda de resistência mecânica em peças de madeiras tratadas é notória e significativa. Entretanto, tais estudos referem-se a madeiras originárias de florestas homogêneas de clima temperado. Portanto, tornou-se essencial a produção de um experimento, que pudesse demostrar o real comportamento da resistência em peças de madeiras de florestas heterogêneas de clima tropical, após um processo de tratamento preservativo.

O preservante escolhido foi o hidrossolúvel do tipo CCA, a fim de que se possa comparar o experimento, hora realizado, com as fontes bibliográficas deste trabalho.

A determinação do processo de pesquisa foi baseada na disponibilidade de materiais, equipamentos e normas da região.

Para a delimitação do tipo de material fonte, foram determinadas duas espécies de árvores tropicais com características diferentes entre si, são elas: (1) Tauarí, madeira de cor clara com excelente poder de absorção e boa resistência mecânica; e (2) Jatobá, madeira de cor escura, pesada, com baixo potencial de absorção de preservantes, porém alta resistência mecânica.



O trabalho realizado, utilizando a literatura fonte de pesquisa e o ensaio experimental, buscou respostas para a influência dos preservantes hidrossolúveis na resistência mecânica da madeira. Esta questão central do trabalho revelou muitas novidades deste fenômeno e suas relações com a engenharia civil.



A pesquisa realizada por Winandy utilizando vários teores de umidade interna, conforme descrito anteriormente, demonstra que madeiras tratadas com CCA a 10 % de umidade em larga porcentagem obtiveram um aumento de resistência.

Entretanto, com o passar do tempo se tornaram quebradiças, principalmente nas áreas adjacentes ao ponto de aplicação de carregamentos.

Estudos realizados em Pretória, na África do Sul, mostraram que postes de madeira das espécies “Pinus radiata” e “Eucalyptus grandis” apresentavam suas estruturas celulares afetadas pelo tratamento com CCA, em virtude do seu poder ácido. Tal processo provocou uma dissolução química das substâncias hidrólicas na área intracelular localizada entre os raios e traqueídeos. O processo de dissolução do ácido provocou a degeneração do tecido composto de parênquima que possui baixa resistência a esforços de tenção proveniente das fibras .

A mais severa degeneração ocorreu, na realidade, pela dissolução de componentes da região mediana da lamela como: a lignina, hemicelulose, celulose e outros. Promoveu-se assim, fraturas distribuídas randomicamente pelas células através dos tecidos.

A localização deste fenômeno nos traqueídeos radiais e axiais não foi acidental.

Elas foram as primeiras zonas a serem afetadas pelo tratamento através das células radiais e dos tecidos. Fotografias microscópicas comprovaram fissuras e excessivo conteúdo de preservante em seus interiores. Estas mesmas imagens revelaram que as fissuras não coincidiam com a ultraestrutura das paredes celulares. Fenômeno este não encontrado nas madeiras não tratadas.

A metodologia utilizada neste estudo analisou o tratamento de duas espécies com CCA a um nível médio de 16 Kg/m3 de retenção pelo processo da célula cheia. Após tratamento, os corpos-de-provas foram secados ao ar para posterior ensaio de resistência à tensão paralela às fibras. As análises visuais foram feitas por meio de microscópios eletrônicos, Scanning Electron Microscope (SEM).

Na metodologia de Bendtsen e obtendo os resultados anteriormente exposto, conclui-se que a perda de resistência estava associada não só pelos métodos de preservação, níveis de retenção e falhas naturais da madeira, mas também pela característica quebradiça. Este fenômeno se deu pela degradação imposta pela secagem em estufa após o tratamento, que antecipou o aparecimento deste, principalmente em madeiras de baixa densidade.

Reações químicas promoviam a perda de resistência e o aparecimento do fenômeno, e que o aumento da umidade interna facilitava a degradação química. O metal pesado cromo, foi capaz de degradar outras propriedades da madeira.

Mas não relatou como as reações químicas ocorriam e degeneravam a madeira . Em estudos, altos níveis de retenção de CCA produziram perda de resistência à flexão. Determinou-se que este fato se deu através da penetração do preservante nas paredes celulares, reduzindo a resistência por meio de hidrólise dos constituintes carbohidratos da parede celular.

Os resultados experimentais demonstraram uma baixa significativa na resistência mecânica da espécie Tauarí. Estes valores são compatíveis com os ensaios descritos anteriormente, e provavelmente deve-se ao fato de que esta espécie de floresta tropical possui tanto características químicas, como mecânicas, similares às espécies estudadas de florestas temperadas.

Torna-se mister ressaltar que a umidade destes CP’s no dia do ensaio era aproximadamente de 21 porcento contra 12 porcento dos CP’s secos e rompidos 58 dias antes. Portanto, é possível que uma parcela desta perda seja em função da água presente no interior das amostras, tornando estas em material plasticizado.

Plasticizante é um solvente pesado que incorporado aos polímeros (celulose, hemicelulose e lignina) destrói parcialmente as ligações entre as cadeias responsáveis a coesão mecânica, transformando assim um material inicialmente rígido em um material flexível. Todas as ligações não são destruídas e aquelas que restam conferem uma estrutura de rede tridimensional, a qual limita o escoamento das cadeias uma sobre as outras.

Para a espécie Jatobá, os resultados demonstraram uma pequena diminuição nas propriedades mecânicas estudadas, podendo até ser desconsiderada para efeitos de cálculo. Isto se deve ao baixo poder de absorção do material proveniente de suas características anatômicas e elevada densidade. Porém, as velocidades de ressecagem para ambas as espécies foram próximas, mostrando que esta propriedade independe da densidade do material e porosidade, ao contrário da capacidade de absorção.

Confrontando os resultados obtidos na literatura com os do experimento, pode-se afirmar que estes estão similares e há perda de propriedades mecânicas na madeira.

Acredita-se no efeito deletério de preservantes através de reações químicas, entretanto não existe um consenso bem definido sobre o agente principal da perda desta resistência, para isto é de vital importância a continuidade de novas pesquisas sobre o assunto.

A grande diferença de resultados entre as duas espécies estudadas, Tauarí e

Jatobá, confirma a elevada variabilidade de características entre as madeiras tropicais. É bem provável que se possa encontrar uma variação ainda maior, por exemplo, só na

Amazônia é estimado cerca de 4000 espécies, sendo assim não se pode considerar os coeficientes determinados por Winandy como válidos para a região brasileira, pois há também uma diferença significativa entre as estruturas anatômicas das espécies de clima tropical com as espécies de clima temperado.

Para que se tenha uma visualização real do fenômeno em questão e também pela virtude de sua importância para o campo da engenharia estrutural, torna-se necessário maiores estudos, realizando as seguintes recomendações: (1) ensaiar um maior número de espécies para cada classe de resistência definida pela NBR-7190, a fim de obter-se um universo de amostras mais amplo e confiável; (2) proporcionar uma estabilidade ambiental comum a todas os CP’s, visto, que a exemplo da espécie Tauarí, certas árvores possuem características higroscópicas, as quais promovem uma grande sensibilidade às variações climáticas; (3) variar tipos de tratamento e preservantes, pois pode-se atingir diferentes níveis de impregnação e reações químicas dentro de cada classe e espécie;

(4) utilizar microscopia eletrônica para identificar possíveis fissuras ou outras anormalidades; e (5) desenvolver ou adaptar técnicas que separem com segurança os percentuais de perdas de resistência proporcionado pela umidade e pelo soluto, no caso, o preservante.

Com estas medidas espera-se poder contribuir para a determinação de um novo coeficiente de modificação para o cálculo das propriedades da madeira em função de suas classes de preservação, de resistência (Kmod 4 da NBR-7190), e característica anatômica (conífera ou dicotiledônea).

A continuidade desta e de outras pesquisas promoverá sensivelmente novas informações sobre a qualidade da madeira, como também permitira o uso mais adequado dos recursos florestais. Torna-se necessário um esforço conjunto dos vários segmentos da comunidade cientifica, para que os problemas de hoje possam ser convertidos em oportunidades para este novo século.







Autores: Rodrigo Figueiredo Terezo; José Perilo da Rosa Neto; Osmar José Romeiro de Aguiar

INFLUENCE OF WATERBORNE PRESERVATIVE ON WOOD MECHANICAL

STRENGTH